Enio Lins

O RUGIR DO RATO

Enio Lins 07 de dezembro de 2022

Mais uma vez, o futuro ex-ministro Paulo Guedes estaria ameaçando deixar o País, pelo que informou a coluna de Bela Megale, n’O Globo. Não é a primeira vez que o “Tchutchuca dos banqueiros” aventa essa possiblidade como "ameaça”.

O Tigrão quer intimidar
a quem com esse miado? Não pode ser a imensa maioria do povo brasileiro que se lascou como nunca, com a fome voltando a grassar e atualmente atingindo a 30 milhões de pessoas. Não pode ser a indústria nacional, que que caiu 22,5% em relação ao pico de 2013. Não pode ser aos aposentados e às aposentadas, que foram garfadas pela reforma inventada pelo próprio Guedes.

E por falar em reforma da Previdência
, naquela ocasião o Tigrão ameaçou também em sair do País caso o seu pacote de maldades não fosse aprovado. Ameaçou, mas a aprovação foi garantida mesmo pela liberação de verbas a mancheias para as bancadas governistas, conforme amplamente denunciado, em julho de 2019. Nem ali, no começo do desgoverno do Jair, a ameaça de deserção do Guedes surtiu efeito e, sim, funcionou a mala preta.

Essa empáfia toda,
o vezo de ameaçar, é boçalidade própria do bolsonazismo. Reproduz a vaidade infundada e exacerbada, a presunção de um ex-capitão que se tranca por mais de 30 dias para chorar porque perdeu uma eleição. Valentia de araque, incapaz de enfrentar a vida e suas dificuldades, e que se autoalimenta da arrogância patriotária.

Paulo Guedes quer ir embora?
Então vá a mais de mil. Faça como a ex-ministra Zélia Cardoso de Mello, que decidiu ir e foi mesmo, sem mimimis. E olhe que a ex-ministra do Plano Collor, mesmo com todos os problemas econômicos e financeiros daquele período, tem mais relevância para a história da economia brasileira que o “Posto Ypiranga do Jair”.

O déficit público a ser deixado pelo Tigrão
se anuncia sem precedentes, assim como o desmonte do patrimônio nacional. E nem se avaliou ainda a extensão das perdas sofridas pelo Brasil nas piratizações cometidas desde 2019. Especialmente merecem atenção a venda da Refinaria de Manaus e seus ativos logísticos para a empresa Ream Participações, negócio anunciado no dia 30 de novembro, e a tentativa de venda da Refinaria Gabriel Passos, em Minas Gerais, negócio cancelado em 24 de novembro. Tem muito mais coisa, escândalos a dar com pau, mas o espaço aqui não comporta.

Tigrão ruge para ser tratado como Tchutchuca
e para que alguma portinhola de acesso ao erário possa lhe ser reaberta. Aí ele faz ronrom e fica.

NOTAS


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Enviado na última sexta-feira, o projeto do governador Paulo Dantas que propõe isenção do IPVA para veículos de aplicativos, é digno de nota.

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A iniciativa beneficia motos e carros cadastrados legalmente nos aplicativos de transporte e representa ajuda importante ao setor.

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O cuidado agora é evitar que gente esperta queira registrar suas motocas e carrões como ligados a aplicativos apenas para embarcarem no benefício.

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Fiscalizar é preciso, arrecadar é mais preciso ainda; as fontes de alimentação do erário necessitam de toda atenção neste momento.

HOJE NA HISTÓRIA

7 DE DEZEMBRO DE 43 a.C. – Cícero, depois de 20 anos e dois dias de suas famosas Catilinárias, é executado, aos 63 anos de idade. Marcus Tullius Cicero foi um dos maiores oradores de Roma, é considerado o escritor que transformou o Latim numa língua sofisticada e seu estilo teria marcado todo estilo ocidental de escrever. Nascido em 106 a.C., viveu intensa e perigosamente, nem sempre acertando politicamente, mas sempre fazendo história. Embora tivesse uma visão elitista da res publica, se posicionou contra quem pretendeu ser ditador. Júlio Cesar, em 60 a.C., convidou-o para dividir o poder com ele próprio, Pompeu e Crasso, mas Cícero recusou-se, pois achava que essa composição destruiria a forma republicana de governar. Depois do assassinato de César, em 44 a.C., a ascensão de Marco Antônio fez o tribuno o acusar de golpista (digamos assim) e lhe criticar em uma série de discursos chamada “Filípicas”. Condenado à morte por Marco Antônio, tentou fugir, mas foi localizado. Suas derradeiras palavras para o executor teriam sido: "Não há nada adequado sobre o que está fazendo, soldado, mas tente me matar adequadamente". 13 anos depois, Antônio, por sua vez, se matará, juntamente com Cleópatra, ao perder a guerra pelo poder.