Enio Lins

UMA DECISÃO JUDICIAL HISTÓRICA

Enio Lins 25 de novembro de 2022

“A total má-fé da requerente em seu esdrúxulo e ilícito pedido, ostensivamente atentatório ao Estado Democrático de Direito e realizado de maneira inconsequente com a finalidade de incentivar movimentos criminosos e antidemocráticos que, inclusive, com graves ameaças e violência vem obstruindo diversas rodovias e vias públicas em todo o Brasil, ficou comprovada, tanto pela negativa em aditar-se a petição inicial, quanto pela total ausência de quaisquer indícios de irregularidades e a existência de uma narrativa totalmente fraudulenta dos fatos” – esse é um trecho da decisão do Presidente do TSE sobre a tentativa de golpe jurídico movida pelo partido do futuro ex-presidente da República.

Essa decisão passa a ser um bem precioso do patrimônio histórico do Estado do Direito Democrático brasileiro. Medida adequada, exemplar, direta, contra a onda de golpismo e cinismo, verdadeiro tsunami de vagabundagens e iniciativas antidemocráticas que varre o Brasil especialmente desde que o atual presidente perdeu as eleições de 2022.

Relatório patético o apresentado pelo presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, com o objetivo de anular urnas, no segundo turno, nas quais seu mito perdeu as eleições. A patacoada procurou isolar do pedido de anulação as urnas “favoráveis”, e – a pérola da picaretagem – deixou de fora as mesmas urnas usadas no primeiro turno, etapa na qual o PL e siglas aliadas de Jair B elegeram seus nomes para o Congresso. Gesto tosco e ridículo, mas articulado com a movimentação golpista que cerca os quartéis e bloqueiam estradas.

Essas articulações golpistas, todas, se apoiam num sepulcral silêncio público do futuro ex-presidente, que costura silente e febrilmente a subversão desde que foi inapelavelmente derrotado nas urnas. Para o general Santos Cruz, ex-ministro da secretaria de governo de Jair B, a postura do ex-capitão é “negócio de covarde”, do tipo “esperar que o circo pegue fogo para ver como pode ser beneficiar”. Na verdade, o mofino do Planalto não esperou que a lona pegasse fogo, mas nos bastidores, se fazendo de morto, acendeu vários focos de incêndio através de seus cúmplices, todos criminosos, via as redes sociais.

A covardia é a principal característica de Jair B. Nesse caso, o tremebundo se escondeu sob o paletó de Valdemar da Costa Neto – colecionador de condenações judiciais – para a mais atabalhoada das tentativas de golpe. Teve a devida resposta. Mas não se emendará e, solerte, tentará novamente desrespeitar a Lei e o resultado das eleições.

NOTAS

# 25 de novembro é a data reconhecida pela ONU como o Dia Internacional para a eliminação da violência contra as mulheres.
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Confirmada para hoje, no Pilar, palestra da Professora Valeska Zanello, que lança seu novo livro “A prateleira do amor” em debate sobre a questão feminina.
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Valeska Zanello prestigia a abertura do I Encontro de Mulheres de Alagoas, em ato realizado na cidade do Pilar, promovido pelo Levante Feminista de Alagoas.
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Fátima Resende e Renato Resende, mãe e filho, ela deputada estadual e ele prefeito do Pilar, estão na linha de frente do apoio ao I EMA.

HOJE NA HISTÓRIA

25 DE NOVEMBRO DE 1952 – Estreia em Londres a peça “A Ratoeira” (The Mousetrap), de Agatha Christie, considerada a peça em cartaz por mais tempo no mundo ocidental. Desde os anos 70 é encenada num mesmo local, o St.Martin’s Theatre, de domingo a domingo, com folgas às quartas-feiras (pelo que entendi no site deles), e o ingresso custa £ 19,52. A peça começou mesmo como radioteatro, transmitida pela BBC a partir de 1947. Depois, a autora a adaptou para o teatro, e antes da estreia londrina, passou em turnê por várias cidades inglesas começando por Nottingham. Agatha Christie fez várias exigências: o texto não pode ser publicado enquanto a peça estiver em cartaz no West End (bairro londrino onde está sendo encenada desde então); fora de West End, só pode ser encenada uma vez por ano; nenhum filme pode ser rodado até seis meses depois da peça encerrar suas apresentações. Uma dessas recomendações não tem sido seguida fora do Reino Unido e o espetáculo já foi montado em pelo menos 44 países, inclusive no Brasil. Mas a marca britânica segue impávida nas terras da autora, com suas exigências preservadas em 70 anos de apresentações completados hoje. Mais informações em www.estadao.com.br/alias/a-peca-de-mais-tempo-em-cartaz-no-mundo, ou na Wikipédia, no verbete The Mousetrap.