Enio Lins

MIL TONS DO MILTON

Enio Lins 15 de novembro de 2022

“Viva a Democracia!” – Bradou Milton Nascimento, o Bituca, em um momento do seu emocionante espetáculo de despedida dos palcos. Mineiramente, seus milhares de tons conquistaram inapelavelmente o Brasil em 60 anos de carreira.

Aos 80 anos, Milton Nascimento
findou, na noite de domingo, 13 de novembro, seu périplo de despedida dos palcos, em 37 apresentações, desde junho, e que passou por 18 cidades brasileiras, 10 na Europa e nove nos Estados Unidos.

O espetáculo final da turnê
foi no Mineirão, para um público calculado em 55 mil pessoas, num show que se estendeu por duas horas e meia, contando com a participação de uma constelação de artistas convidados.

Orgulho do Brasil neste momento
, muito orgulho. É a reafirmação do melhor, do mais belo de nosso povo, representado na carreira, na personalidade, na generosidade e no imenso talento de um artista genial e cidadão irrepreensível.

Milton nasceu pobre
, numa favela carioca, filho de uma empregada doméstica desempregada, Maria do Carmo Nascimento, que morreu de tuberculose quando ele tinha menos de dois anos de idade. Adotado pelo casal Lília e Josino Campos, mudaram-se para Minas Gerais, onde por influência da mãe adotiva, Bituca aproximou-se da música e nunca mais se distanciou dela.

Como ele disse no espetáculo
de despedida, é “o mais mineiro dos cariocas”, e seu jeitão pacato, conciliador, e ao mesmo tempo firme e decidido, comprova ser gente das Gerais, gente do Brasil mais profundo e sábio. Gente das favelas e das grotas, gente da praia. Gente que luta pela liberdade e pela justiça social.

Aposentado dos palcos
, se torce para que ele não se aposente de compor, nem de tocar e cantar para o clube de sua esquina, assim como quem não quer nada, sem chamar a atenção, sem holofotes. Mas espetáculos, infelizmente, já eram.

Unanimidade inteligente
, Milton Nascimento certamente tem quem dele desgoste, afinal ainda vivemos no Brasil uma pandemia direitista de negacionismo e estupidez. Certamente haverá quem queira pregar uma estrela vermelha na porta da casa dele. Mas fora essa gente doente, Bituca é o máximo, é e será eterno coração de estudante.

Viva a Democracia!
Viva Milton Nascimento! Viva a arte, viva a cultura, viva o cio da terra, viva Maria, Maria. Viva tudo que você podia ser, viva cálix bento, viva fé cega, faca amolada. Viva volver a los 17, viva o trem azul (ô trem bão!), viva caçador de mim, viva a canção da América e, nessa travessia, seguimos alegres nos bailes da vida.

NOTAS


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Na comemoração do 133º aniversário da Proclamação da República, a antiga Santa Maria Madalena da Alagoa do Sul fará uma grande comemoração.

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Cacau, prefeito de Marechal Deodoro, preparou uma programação reforçada, ampliando republicanamente as comemorações da data.

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Conforme reza a Constituição estadual, todo dia 15 de novembro, a capital do Estado volta a ser a Vila de Alagoas, hoje cidade de Marechal Deodoro.

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O governador Paulo Dantas estará logo cedo em Marechal Deodoro, desconsiderando o feriado e despachando no antigo Palácio Provincial.


HOJE NA HISTÓRIA

15 DE NOVEMBRO DE 1853 – Dona Maria II, rainha de Portugal, morre aos 34 anos, em trabalho de parto. Maria II é a única pessoa a ocupar um trono europeu sem ter nascido na Europa. Brasileira, nasceu no Rio de Janeiro em 4 de abril de 1819, filha de Dom Pedro com Dona Leopoldina. Em 1826, quando da morte de Dom João VI, Pedro I, imperador do Brasil, renunciou ao direito de sucessão da coroa portuguesa em benefício dela, mas uma série de conflitos políticos e tentativas de golpe por parte de Dom Miguel (irmão de Pedro I) fez com que Pedro I renunciasse à coroa imperial brasileira, deixando como herdeiro seu filho Pedro II (com apenas 8 anos), para assumir o trono português como Pedro IV e garantir a coroa para a filha, indo à guerra quando fracassaram as negociações com seu mano, a quem foi inclusive oferecida a infanta Maria como esposa. Derrotado Dom Miguel, Maria recebeu, enfim, a coroa em 1834. Casou-se duas vezes. O primeiro marido, Augusto de Beauharnais, morreu dois meses depois das bodas, e com o segundo, Fernando de Saxe-Coburgo-Koháry, gerou 12 gravidezes e 11 partos, em 17 anos de vida matrimonial. Seu filho mais velho a sucedeu no trono lusitano como Pedro V. Resumos biográficos de boa qualidade sobre essas figuras reais podem ser encontrados na Wikipédia.