Enio Lins

HOJE NA HISTÓRIA

Enio Lins 14 de novembro de 2022

Nesta segunda feira, 14 de novembro de 2022, pescamos duas datas 14/11 – dentre tantas outras – que merecem destaque. Vamos a elas:

A JORNALISTA QUE RODOU O MUNDO EM 72 DIAS



14 DE NOVEMBRO DE 1889
– Nellie Bly, pseudônimo de Elizabeth Crocrane (1864/1922), jornalista americana, inicia uma jornada a qual se desafiou – realizar a volta ao mundo em 80 dias – tempo que Júlio Verne estipulou, na ficção (livro publicado em 1872), para façanha semelhante. Ao contrário dos personagens do romance famoso, a moça se propôs a viajar sozinha e sem usar balões, e sim por veículos em terra e mar, opção bem mais difícil, cobrindo o próprio trajeto para o jornal New York World. E assim essa criatura fez! Girou o globo em tempo ainda menor: 72 dias(!), mandando reportagens dos pontos mundo afora onde encontrava um telégrafo. Foi recebida com justa festa em seu retorno, no dia 25 de janeiro de 1890. Nellie Bly foi uma dessas mulheres extraordinárias, destemidas, e uma outra reportagem sua que sacudiu a imprensa americana foi “Dez dias num hospício”, onde descreveu o tratamento desumano dado a pacientes com supostos problemas mentais, em 1887, quando, fingindo loucura, forçou a própria internação no hospital psiquiátrico para mulheres na Ilha Blackwell (Nova Iorque). Mas voltando à sua Volta ao Mundo, Nellie se encontrou, na França, com o próprio Júlio Verne. Segundo a Wikipédia, “ela embarcou no navio a vapor Augusta Victoria e iniciou sua jornada de 40 mil quilômetros, levando uma pequena bagagem de mão com roupas íntimas, um casaco de inverno, o vestido que usava e artigos de higiene, além de uma bolsa com 200 libras, ouro e alguns dólares”.

Sobre a reportagem no hospital psiquiátrico, a folha disponibiliza um bom material em:

Escrito em 1887, 'Dez Dias num Hospício' traz relato urgente e terrivelmente atual - 24/09/2021 - Equilíbrio e Saúde - Folha (uol.com.br)



Nellie Bly, aos 25 anos, em foto um pouco antes de embarcar para sua solitária volta ao mundo


O ÁLCOOL COMO COMBUSTÍVEL NACIONAL



1975: Primeiro carro adaptado para o álcool no Proálcool, um “Doginho”

14 de novembro de 1975
– Criado o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), através do decreto nº 76.593, assinado pelo presidente-general Ernesto Geisel. A iniciativa, visando reduzir a dependência nacional ao petróleo, que sofria altas constantes por parte dos produtores árabes, foi a primeira iniciativa estatal, mas a primeira experiência comercial no Brasil foi levada adiante pela Usina Serra Grande, em Alagoas, colocando o álcool como combustível no mercado em 1927, mas não conseguiu competir com a gasolina e a experimentação foi encerrada no começo da década de 30. Mais tarde, em 1942, um alagoano – Moacyr Soares Pereira – daria uma contribuição pioneira no estudo da questão do etanol como combustível, com o livro “O Problema do álcool-motor”, onde discorre sobre questões técnicas e as dificuldades de mercado. O Proálcool, tentando enfrentar a mão visível do mercado ( pela via dos incentivos), chegou a empolgar parte dos consumidores e, em 1979, a Fiat lançou o primeiro veículo projetado para consumir o derivado da cana, uma variação do Fiat 147. Até então os motores tinham de ser adaptados de modelos fabricados originalmente para gasolina. Quando os preços do petróleo baixaram, anos depois, coincidindo com o aumento do valor do açúcar no mercado internacional, o programa foi perdendo terreno. O combustível natural voltaria a ter um programa de incentivo no governo Lula, mas fatores como o descobrimento do Pre-Sal forçaram a mais um recuo. Mas, a partir daí, com os veículos flex, nunca mais as bombas deixaram de ter o velho etanol.



1979: Fiat 147 a álcool, primeiro carro com motor concebido para o combustível natural