Enio Lins

MILÍCIAS, MILITARES E SEGURANÇA DAS URNAS

Enio Lins 11 de novembro de 2022

Todo mundo já sabia, inclusive as Forças Armadas, desde 1996: as urnas eletrônicas são seguras e são exemplo para o mundo democrático. O questionamento fardado, despropositado, ao sistema foi produto da pressão miliciana sobre os militares.

As milícias querem comandar os militares e tentaram garantir isso, de forma desabrida, desde a ascensão do “mito” à posição de candidato presidencial viável, em 2018. Além dos avanços ululantes nas polícias, o miliciano-supremo investiu contra as FFAA.

O relatório comprova que o milicianismo perdeu mais essa parada, cuja derrota mais sentida até então foi a renúncia dos comandantes das três armas, em solidariedade ao ministro da Defesa, general Azevedo e Silva, demitido pelo “mito” em 29 de março de 2021.

Num ato de resistência, os comandantes Edson Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Bermudez (Aeronáutica), renunciaram em 30 de março de 2021, em apoio a Azevedo e Silva, exonerado por se recusar a pressionar o Judiciário.

O relatório sobre as urnas eletrônicas é o outro gesto histórico de resistência profissional e ética dos militares, posto os repetidos posicionamentos tendenciosos do atual ministro da Defesa contra o sistema eleitoral. É uma derrota militar do miliciano-supremo.

A infiltração miliciana não está vencida. Até agora têm ocorrido gestos de resistência entre os militares, mas não existem respostas ofensivas à altura do perigo; inexistem denúncias formais ou inquéritos sobre a subversão fardada.

O milicianismo, em sua infiltração nas FFAA, é um traço de profunda decadência em relação ao próprio pensamento da direita militar. O quadro é como se estrategistas tipo General Golbery fossem substituídos por marginais da espécie Capitão Adriano da Nóbrega.

Esse perigo que ronda às Forças Armadas pode ser comprovado pela reação ao cerco aos quartéis por grupos fanáticos clamando, em frenesi, por um golpe. Ao não se posicionarem ostensivamente contra esse assédio, uma janela é deixada aberta.

Forças Armadas profissionais, apartidárias, é traço da civilidade e, justiça seja feita, desde a eleição de Tancredo Neves, em 1985, as FFAA brasileiras têm cumprido seu compromisso com a Democracia, com o profissionalismo. Mas o passado deixa vícios.

O relatório
representa um importante avanço no enfrentamento a esses vícios, desmoralizando o pensamento miliciano infiltrado nos ambientes fardados. Oxalá (diriam os islâmicos), daqui pra diante, o vezo autoritário seja enterrado de vez.

NOTAS


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Alckmin segue sendo a pessoa-chave na mais complexa transição de governo desde 1985.

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Além da competência pessoal, Alckmin comprova a indispensabilidade da frente ampla.

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O conceito de frente ampla nunca foi bem compreendido por setores canhotos. Lamentável.

# Em Alagoas, a frente ampla estadual, vitoriosa, precisa ser ajustada aos novos tempos.

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O conceito de frente precisa ser mantido, alinhado nacionalmente, para 2024.

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A esquerda alagoana tem perdido terreno no Legislativo e isso precisa ser visto já.


HOJE NA HISTÓRIA


11 DE NOVEMBRO DE 1918
– Assinado o “Armistício de Compiègne”, encerrando a I Grande Guerra Mundial, entre os representantes da Tríplice Entente (Reino Unido, França e Rússia), e os representantes dos Impérios Centrais (Alemanha e Aústria-Hungria). O documento foi firmado num vagão de trem estacionado na floresta de Compiègne, no Norte da França. Dois anos depois, o Tratado de Versailles formalizaria o fim “total” da grande guerra. O chamado primeiro grande conflito mundial teve como saldo cerca de 10 milhões de mortos e 20 milhões de feridos, envolvendo 70 países de forma direta ou indireta nos combates. A paz de 1918, porém, deixou aceso o rastilho para uma nova guerra, especialmente pelas duras penalidades impostas à Alemanha, o que favoreceu o retorno do ultranacionalismo germânico, base para o surgimento do nazismo. Por falar nisso, esse mesmo vagão foi usado 22 anos depois por Hitler para impor à França uma capitulação humilhante, mas aí é coisa para outro comentário.