Enio Lins

O DESGOVERNO FEDERAL AINDA NÃO ACABOU

Enio Lins 10 de novembro de 2022

Excitante, o debate sobre as eleições recentes termina empurrando para plano inferior temas extremamente importantes em nossa vida. É o caso das questões do governo federal ainda exercido segundo modelito implantado em 2019.

Não podemos nos esquecer que o Brasil, independente das arruaças promovidas pela direita desvairada no pós-eleição, segue desgovernado até 31 de dezembro deste ano. E o Covid19, por exemplo, está dando novamente o ar de sua desgraça.

Detectada em São Paulo, a Subvariante BQ1 matou uma mulher há dois dias. E a Rt (taxa de retransmissão) voltou a crescer, depois de estabilizada durante muito tempo, e atingiu o nível 1, quando um doente contamina mais de uma pessoa.

As aglomerações voltaram a ser normais, assim como as máscaras foram aposentadas, a procura pelas vacinas diminuiu drasticamente. E o ministério da Saúde segue fazendo cara de paisagem, talvez seguindo a grotesca tese da “imunidade de rebanho”.

Não se esqueçam que o desgoverno federal abjurou as vacinas até que o governador de São Paulo, João Dória, saiu na frente e garantiu a Coronavac, vacinando por conta própria a primeira pessoa no Brasil em 17 de janeiro de 2021.

Apenas depois que João Dória aplicou a dose pioneira na enfermeira Mônica Calazans, foi que – a contragosto – o desgoverno federal engatinhou com a vacinação no resto do País. Em janeiro de 2021 o Brasil contabilizava 220 mil mortes pelo Covid19.

Em 12 de março de 2020 foi registrada a primeira morte por Covid19 no Brasil, em São Paulo, uma mulher. Essa história não pode se repetir. O ministério da Saúde precisa ser cobrado, com firmeza, para a adoção de medidas em âmbito nacional.

Será que o Brasil terá de ser socorrido pelo STF também nesse caso? Sem pressão forte, a defesa da vida não anda, afinal a morte alheia é o objeto de desejo de quem foi “treinado para matar” e essa concepção segue no poder até o réveillon.

Contaminado por fake news em fúria sobre o resultado da eleição presidencial, com o noticiário atraído para os circos montados às portas dos quartéis e nas rodovias, questões reais de vida ou morte estão sendo negligenciadas.

Não acabou ainda o desgoverno iniciado em 2019! Ninguém pode esquecer disso, pois os prejuízos do Brasil tendem a explodir nesses últimos dias do poder miliciano, e a saúde, a vida, voltam a correr grandes riscos. Toda atenção é pouca.

NOTAS

# Alertado por Mirna Porto sobre o uso do termo “cadela”, me penitencio. No mínimo deveria ter contextualizado mais e melhor a citação de Brecht.
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Cíntia e Cármen também muito me chamam a atenção sobre a necessidade de abandonar termos que possam lembrar discriminações de quaisquer tipos.
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As cadelas não merecem ser comparadas aos fascistas, nenhum animal merece, e a condição feminina nunca poderia ser utilizada num exemplo desses.
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Agora, que o neofascismo, a extrema-direita, no Brasil, está em transtorno sexual, histérico, tipo disfunção orgástica grave – ah, isso é verdade. Freud explica.

HOJE NA HISTÓRIA


10 DE NOVEMBRO DE 1891
– Morre Arthur Rimbaud, poeta francês que mexeu com o mundo literário ocidental e jovem que abalou a Europa com seu comportamento libertino ao lado de seu parceiro, também poeta, Paul Verlaine (1844/1896). Antes de um câncer o vencer aos 37 anos, ele viveu de forma fora do comum, quer seja como poeta precoce e genial, seja como doidivanas com direito a receber tiros (felizmente não mortais) em brigas de amor, e – chocando sempre – finalizando sua existência como mercador/contrabandista itinerante por três continentes, inclusive negociando armas em seu portfólio de produtos. Mais sobre Jean Nicolas Arthur Rimbaud, na rede: Biografia de Arthur Rimbaud - eBiografia, Arthur Rimbaud: quem foi, obras principais e estilo literário (suapesquisa.com) e no verbete dele na Wikipédia.