Enio Lins

MOMENTO DE FRENTE MUITO AMPLA

Enio Lins 05 de novembro de 2022

Lula acertou de novo ao indicar Alckmin como o condutor do processo de transição. Além da mensagem de que o partido do presidente não cuidará sozinho dessa missão estratégica, o eleito designa como comandante dessa força-tarefa a pessoa mais experiente no Brasil, hoje, nos meandros mais intrincados do poder executivo.

Geraldo Alckmin, por ter sido governador de estado por quatro vezes é a pessoa mais qualificada no quesito entendimento da máquina governamental. E o ex-tucano é “tetragovernador” de São Paulo, estado que equivale a um país e dos grandes, uma máquina só menor que o próprio Brasil. Gol de placa. Gol duplo: político e administrativo.

Transição fácil só nas reeleições, e mesmo a transposição entre aliados é complicada, pois cada administração é cheia de detalhes, e nem sempre o próprio governante sabe andar nesses labirintos. Isso falando em termos de gestões normais – imagine o emaranhado dessa administração! Pense nas minas, cascas de bananas, espalhadas por todo lado.

Henrique Meireles, financista, ex-ministro da Economia, liberal e conservador, estimou – GloboNews, 24 de outubro – em R$ 400 bilhões o buraco fiscal a ser deixado pela congestão atual. O tamanho do rombo ainda não foi confirmado, mas é certo ser uma cratera e das vulcânicas. Além evidências escandalosas pré-eleitorais, a enxurrada de dinheiro liberada pelo tal Orçamento Secreto & Associados para a compra de votos em prol da reeleição do mito é um despautério sem precedentes na longa história de corrupção eleitoral no Brasil. A conta desse descalabro está por ser contabilizada.

Além do abismo fiscal, outras questões do presente em curso vão impactar o futuro próximo. É o caso da bagunça anárquica em que foi transformada a política de combustíveis, cuja pontinha do iceberg está no preço no bico da bomba. Antes de dizer adeus, menos de 72 horas depois da derrota nas urnas, os representantes do Jair na Petrobras meteram a mão no cofre da empresa e liberam “dividendos antecipados” na ordem de R$ 43,7 bilhões, relativos à “antecipação da distribuição dos resultados do terceiro trimestre” – uau!

Essa fossa fiscal na qual o Brasil foi atolado desde 2019 é muito profunda. Para o País ser resgatado desse abismo será necessário algo mais que o imaginado e não é tarefa para algum super-herói, não é coisa para um partido só. É missão para uma frente ampla, amplíssima. Lula + Alckmin e muito além.

NOTAS


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Novembro Azul chegou: mês dedicado mundialmente à prevenção do Câncer de Próstata, risco de morte que pode ser evitado com a ponta do dedo.

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Uma das peças mais criativas para o Novembro Azul é uma divulgada pelo @estilogaragem, tem um fusca azul e me foi enviada pelo Plínio Lins.

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A Secretaria Estadual da Cultura informa que o IV Encontro dos Contadores de História será realizado nos dias 10 e 11 de novembro.

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Quem tiver interesse em participar do IV Encontro é só ligar para (82)3315-7877 ou entrar em contato pelo Zap (82)98882-2410.


SUGESTÃO

Livro recomendado por um imenso intelectual, a quem muito admiro (preservo o nome por conta do clima M vigente), e repasso para vocês de bate-pronto. Se trata de um romance. “M, o filho do século” – diz o release da livraria virtual Amazon – “conta em trama eletrizante a história de Mussolini e sua ascensão de agitador político a líder do fascismo sob a perspectiva do ditador e de seus íntimos, durante o período de 1919 até 1925. Valendo-se de vasta base documental, Antonio Scurati traz uma narrativa totalmente calcada na realidade, porém elaborada com os recursos que fazem com que o leitor entre na mente dos grandes personagens da ascensão do fascismo, compreenda todo o clima da época e assista a tudo como se lá estivesse”. O grande mestre me apontou esse livro como uma visão do Brasil de 2019 a 2022 repetindo como farsa a tragédia da Itália entre 1919 e 1925. Vamos ver quem lê primeiro? A continuação, volume 2, acaba de ser lançada.