Enio Lins

TERRORISMOS BOLSOMINIONS

Enio Lins 26 de outubro de 2022

O atentado do bolsonarista Bob Jefferson, de cunho terrorista, contra a Polícia Federal ocupou todo espaço de mídia nas recentes 48 horas, encobrindo outro atentado bolsonarista muito grave e que fere muito mais gente. Falo do projeto da dupla aerodinâmica Jair & Guedes, com bombas que seguem voando sobre as cabeças de, no mínimo, 30 milhões de pessoas que recebem salário-mínimo e sobre outros 36 milhões de seres que vivem de suas aposentadorias e pensões.

Divulgado pela Folha de São Paulo
, o plano de Paulo Guedes procura, como disse Henrique Meirelles, passar para o povo a conta da gastança federal no esforço para a reeleição do Jair. E essa despesa seria, na largada de 2023, paga pela redução dos valores dos salários dos menos favorecidos e dos recursos de aposentados e pensionistas. É certa a análise do ex-ministro, mas é algo maior ainda, e se destina a consolidar uma política antissocial cruel e profunda.

A redução do valor real pago como salário-mínimo, aposentadorias e pensões é um sonho antigo de grupos que desejam a implantação de um tipo de livre-mercado onde conservem – e ampliem – seus privilégios de acesso ao tesouro nacional. A eliminação dos dispêndios para com quem “não merece” seria o melhor caminho para essa turma privilegiada engordar mais ainda seus próprios cofrinhos.

Sob o medo de serem escorraçados pelas urnas no dia 30, a dupla Guedes & Jair caprichou nas maldades. Racionalmente. Tentam dizer aos muito milhões de pessoas que (por conta do fracasso da política econômica do próprio governo Jair & Guedes) têm dificuldade de pagar qualquer coisa, que vão pagar menos a quem contrate pelo salário-mínimo. E sinalizam aos grupos econômicos e sociais viciados nas mamatas com dinheiro público que vai sobrar mais grana nas burras governamentais para ser distribuída entre os mesmos de sempre.

Essa dupla perversidade social está condenada a causar um terrível impacto à economia brasileira, que já anda ruim há anos e piorou com a chegada do mito à presidência da República. A redução drástica dos recursos circulantes através do pagamento do salário-mínimo e das aposentadorias & pensões é naturalmente desastrosa para o cenário econômico real, e o famoso mercado seria fortemente impactado com essa perda adicional e brutal no poder de compra de algo como 60 milhões de pessoas. Mas é o que o bolsonarismo vai fazer – se passar no teste das urnas no domingo.


NOTAS


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Corrigindo um termo usado ontem: Terrorista é o vocábulo adequado para Bob Jefferson, considerando o dito pelo pensamento conservador para quem joga bombas em representantes do Estado. Alerta do camarada Dom Pedro.

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Por falar em pensamento conservador, o bolsonarismo, atingido pelos tiros de Bob Jefferson, se dividiu em duas alas que são a mesma coisa: o mito “renegou” o amigo-irmão; o gado mugiu em defesa do terrorista bolsonarista.

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Em verdade, uma redundância cacofônica: terrorista e bolsonarista são sinônimos, pois ambos privilegiam a violência e os atentados contra adversários. Bob e Mito são duas faces de uma mesma moeda falsa, a estupidez como princípio.

HOJE NA HISTÓRIA

Venceslau Brás, presidente do Brasil, entre Nilo Peçanha e Delfim Moreira, assina a declaração de guerra contra o Império Alemão


26 de outubro de 1917
– O Brasil entra na guerra. Oficialmente neutro na I Guerra Mundial desde o início do conflito, em 1914, até porque tinha bons negócios com ambos os lados da matança, a declaração guerreira se deu depois que navios mercantes brasileiros foram afundados por submarinos alemães. Em seguida, o governo de Venceslau Brás confiscou os navios da Alemanha que estivessem em portos brasileiros, o que – segundo a Wikipédia – aumentou em 25% a frota nacional. No frigir dos ovos, nossas tropas não participaram dos combates, a não ser pela participação de um grupo de sargentos e oficiais numa missão preparatória, em 1918 (ano final da guerra), junto ao exército francês para “se inteirar das modernas técnicas de organização e combate empregadas no front ocidental”, diz a Wikipédia.