Enio Lins

LAVAJATISMO DE OCASIÃO, COMO DANTES?

Enio Lins 12 de outubro de 2022

Imagine se esse rigor aplicado ontem na investigação sobre o governador de Alagoas, Paulo Dantas, fosse despejado sobre o presidente da República, o mito Messias. Pense na quantidade de denúncias, e evidências ululantes, de delitos como “rachadinhas” cometidos nos gabinetes bozonazi. Seja Jair, seja a filharada pródiga, seja pelo menos uma de suas ex-companheiras, todos da familícia, enfim, são personagens garantidos nas denúncias de mutretas com as verbas parlamentares, que jorram em cascatas de provas do quilate das compras dos 107 imóveis.

Paulo Dantas, governador de Alagoas
, e franco favorito à reeleição, foi ontem afastado da governança numa típica ação pirotécnica como as da famigerada lavajato. E qual a acusação? Pelo divulgado, o chefe do executivo alagoano foi apeado do posto por conta de um inquérito sobre suspeitas de algo como “rachadinhas” que teriam acontecido em 2019 (2017 também foi ventilado), ou seja: foi excluído de uma posição que nada tem a ver com seu posicionamento no tempo ou lugar onde se dá a investigação. Pode isso, Arnaldo?

Se for isso possível
, Jair Messias estaria fora da cadeira de presidente há quatro anos (nem posse teria tomado), assim como os filhotes 01, 02, 03 detonados de seus mandatos. Nesse rumo, Val do Açaí, Queiroz, a ex-esposa 02 e outras personalidades bolsonazistas desprovidas de foro privilegiado estariam em cana, há pelo menos coisa de oito ou doze anos. E estamos só falando da justificativa dada para o afastamento do governador de Alagoas, sem entrar no mérito da questão, pois – repetindo – não se sabe que indícios existem contra Dantas, mas o mundo está cansado de saber, ver e ouvir as evidências escandalosas de coisas como a indústria de “rachadinhas” montada em torno do atual inquilino do Planalto.

Por coincidência
, essa investigação de anos atrás reaparece 19 dias antes da eleição, na qual o penalizado – pois o afastamento já é uma pena – é o franco favorito. Coincidentemente, isso acontece no dia seguinte em que o candidato rival, que deveria apoiar a reeleição do coiso, declara que estará “neutro” na votação para presidente.

“Eu acho que vi um golpinho”
, diria, sobre essa situação, o pássaro Piu-Piu, ao vislumbrar arapuca montada pelo gatuno Frajola. Só que ao invés da comédia em desenho animado dos estúdios Warner Bros, estamos vendo um filme de horror eleitoral, e do tipo B.


NOTAS


# E a denúncia de fraude nas licitações da Codevasf, em contratos da ordem de R$ 1 bilhão? Comentarei noutro dia, hoje o espaço se foi.

# Mas imaginem o rigor lavajatista aplicado sobre essas denúncias na Codevasf... Só curiosidade, sem qualquer defesa do “modus operandi” curitibano.

# Rodrigo Cunha, ao se declarar neutro no 2º turno da eleição presidencial, presta solidariedade à memória de sua mãe e seus familiares assassinados.

# Como se sabe, o “mito”, então deputado federal, depois do assassinato de Ceci Cunha, usou da tribuna para levantar suspeitas sobre a honestidade dela.



HOJE NA HISTÓRIA

12 de outubro de 1925 – Passa a valer a data como o “Dia da Festa da Criança”, conforme estabelecido em lei aprovada em setembro, e sancionada em novembro do ano anterior, pelo presidente Arthur Bernardes. O dia tomou como referência a abertura do Congresso Sul-Americano da Criança, no Rio de Janeiro, em 12 de outubro de 1923. Os assuntos discutidos foram “questões educacionais, alimentares e de desenvolvimento”, informa o site bbc.brasil.com.br, acrescentando que o autor do projeto de lei foi o deputado Galdino do Valle Filho (1879/1961). Por sua vez, no endereço eletrônico mundoeducacao.uol.com.br pode ser encontrada a informação de que “foram necessários cerca de 30 anos para que o Dia das Crianças entrasse no ‘gosto’ do povo brasileiro. Isso aconteceu a partir de 1955, quando a marca de fabricação de brinquedos Estrela iniciou uma campanha nacional para venda de seus produtos”, e uma década depois, em 1965, foi a vez de outra empresa, igualmente com objetivos comerciais, investisse na data, com a campanha “Bebê Johnson 65”, criada pela Johnson & Johnson. Diz ainda o uol que “em 1959, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estabeleceu o dia 20 de novembro como Dia Internacional das Crianças, em referência à Declaração dos Direitos da Criança” – mas por aqui o mercado ganhou a parada e o dia 12 se consolidou.