Enio Lins

CADA VOTO ANTIFASCISTA TEM O MESMO VALOR

Enio Lins 11 de outubro de 2022

Muito orgulha o Nordeste ser a região identificada como a responsável pela derrota parcial do fascismo em 2 de outubro, mas isso – como mérito exclusivo – não é correto nem justo. A contribuição nordestina para Lula & Alckmin foi de 21.753.139 votos, enquanto o Sudeste compareceu com 21.037.094 votos para a mesma chapa. As duas regiões estão juntas na defesa da democracia, do humanismo e da ética na política.

E, óbvio ululante
, sem os votos das demais regiões no 13, o Brasil estaria destroçado desde o dia 2. Na conta da histórica votação obtida pela chapa Lula & Alckmin somam, com idêntico valor absoluto, os 3.326.328 dados pelo Centro-Oeste, 4.554.630 conferidos pelo Norte e os 6.449.380 despejados pelo Sul. Viva a resistência democrática!!

Pode-se querer colocar
em pauta a proporcionalidade, puxando o mérito para o Nordeste pela alta percentagem em defesa de Lula & Alckmin. Pode-se também arguir em prol do Norte e do Nordeste o fato de que a democracia superou a chapa do atraso nessas duas regiões. Poder, pode, são critérios para análise também. Mas as eleições brasileiras não são decididas por proporcionalidades ou pela quantidade de regiões onde tal chapa vence. O que vale é o voto na caçapa, ganha quem tiver mais. Não é questão central o fato de que 75% dos 57.259.504 votos que consagraram a chapa 13 no primeiro lugar foram depositados no Nordeste e Sudeste. Isso pode ser entendido como orgulho, mas é tão-somente compromisso.

Compromisso com a Democracia
que se amplia na luta pela vitória no segundo turno. E aí fica claro que as teses da “superioridade regional” não valem o que o gato enterra. Melhor a vaidade não invadir os corações. É-se fundamental ampliar o número de votos dados a Lula & Alckmin. Não é fácil avançar mais além do que foi avançado no primeiro domingo de outubro, pois toda a força da corrupção brasileira está sendo investida (há anos) no projeto bozofascista. O Orçamento Secreto, embora gigantesco, é apenas mais um entre os poderosos instrumentos corruptores usados para a reeleição do falso messias.

Cada voto de oposição ao falso messias
é fundamental para frear o crime organizado no poder desde 2019 e sua intenção confessa de (re)instalar um regime autoritário no Brasil. Não importa se esse voto é no Nordeste, Sudeste, Norte, Sul, Centro-Oeste, ou vindo das urnas no Exterior. Cada voto conta. Cada voto contra Jair é um voto a favor de um Brasil melhor.


NOTAS



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A passagem de um figurante de telenovelas por Maceió, há poucos dias, causou mais furor no mundo “hetero” bolsominion que a motociata que saudou o prefeito da Capital.

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A auditoria do TCU que revelou fraudes estimadas em R$ 1 bilhão no governo Bolsonaro, divulgada ontem, é outra coisa que desnuda a hipocrisia da turma do jair.

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Alagoas se despediu ontem do padre Manoel Henrique, um dos párocos mais atuantes no campo da conscientização social no Estado.

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Padre Manoel Henrique foi um acadêmico notável e um dos principais sacerdotes católicos envolvidos na reabilitação do Padre Cícero do Juazeiro.



HOJE NA HISTÓRIA




Renato Russo em caricatura de Cícero/Jornal de Brasília


11 de outubro de 1996
– Morre Renato Russo, compositor, cantor e referência cultural, aos 36 anos. Segundo Nelson Motta, em sua crônica televisiva no Jornal da Globo, em 2021, nos 25 anos da morte do artista, “um dos maiores letristas da história de nossa música”, e “personagem trágico e cultuado como líder messiânico”. A Wikipedia relata que a banda Legião Urbana era conhecida como “Religião Urbana” devido ao alto grau de devoção de seu público. Uma das canções de Russo, “Que país é esse?” (escrita em 1978 e lançada em 1987) segue sendo um hino crítico contra as mazelas políticas/ideológicas brasileiras e fez parte da novela “Insensato Coração”. Falando em novelas, outras oito músicas dele integraram mais oito folhetins globais. Por sua vez, a letra de “Faroeste Caboclo” virou filme em 2013 e foi assistido no ano de lançamento por 1,4 milhão de pessoas nos cinemas de todo País. “Eduardo e Mônica” também está sendo convertida em longa-metragem. Carioca, tendo residido nos Estados Unidos, Renato Manfredini Filho (nome de batismo) marcou por ter Brasília como ponto de partida para projetar seu rock de protesto. Vítima de complicações decorrentes da Aids, o genial Renato Russo partiu cedo demais, mas deixou uma obra imortal.