Enio Lins

O êxtase da derrota

Enio Lins 09 de setembro de 2022

O bozonazismo, em turbilhão, invadiu o Sete de Setembro numa demonstração de força e numa provocação à Justiça Eleitoral. Além de estimular sua base, Jair buscou uma punição qualquer para tentar jogar seus fanáticos contra a ordem estabelecida. As movimentações em todas as capitais exibiram o uso de rios de dinheiro (vivo?) no custeio milionário de camisetas, faixas, bandeiras, alimentação, transporte... Verbas declaradas?

A turba bolsonarista se misturou propositalmente as manifestações oficiais do Dia da Pátria, especialmente em Brasília. Em Alagoas, tratores e máquinas agrícolas novinhas em folha, várias com propaganda eleitoral do presidente da Câmara dos Deputados, e de outras candidaturas, circularam em fila como a esbravejar, em desafio aberto: “aqui está o Orçamento Secreto”, “aqui estão as verbas investigadas da Codevasf”, “foram compradas com dinheiro público, mas é para uso eleitoral”.

Em busca de uma nova e salvadora facada, Jair Messias estica a corda. Cava algo que possa catapultar sua candidatura, estacionada num fatal segundo lugar desde as primeiras pesquisas eleitorais. Levar toda a sua turma para as ruas em frenesi de centenas de milhares de pessoas em todo País, foi uma tentativa desesperada para alterar o rumo da história. Restam menos de 30 dias para o primeiro turno e o tempo “ruge”, como se diz. E ruge alto no pé de ouvido do genocida: “vai perder, vai perder”.

A tática bolsonazista é simples: Tumultuar o processo, mobilizar e eletrizar suas tropas, intimidar a Justiça, testar a receptividade para o sempre sonhado golpe. Mas para alterar a tendência do eleitorado seria necessário um novo Adélio e sua faca, coisa inviável de repetir, daí a provocação à Legislação Eleitoral e a agitação frenética de seus fanáticos, pois na bagunça e na desordem, quem sabe, surge alguma oportunidade.

Precisando “morder os beiços” para não pisar na bola demais, Jair usou do expediente de caprichar no patético. Pedir que seus fanáticos repitam “imbrochável, imbrochável” demonstra – além da óbvia masculinidade frágil – um ser que não teme o ridículo e que procura desviar a atenção de seu extremo pavor à derrota que se avizinha.

Confundindo o pânico com êxtase, o bozonazismo encheu o tanque e, sem dúvida, acelera e prepara um cavalo de pau. A facada mágica, há quatro anos, mostrou do que são capazes quando encurralados, e essa capacidade de trapacear não pode ser menosprezada.

NOTAS

# Mônica Carvalho, candidata a deputada federal, faz uma correção ao aqui escrito anteontem e lembra que, embora Jair tenha o Toque de Merdas, quando põe a mão no próprio bolso, seu autotoque é o mesmo de Midas e o nada vira ouro, como no caso dos imóveis.
#
Como Mônica bem lembra, Jair & familícia compraram o equivalente a um Aldebaran em dinheiro vivo, o que só pode ser explicado por uma magia capaz de transformar o ar em ouro.
#
Arte em Movimento – Velas e Telas, versão 2022, apresenta nesta sexta-feira, às 20:30, na praia de Ponta Verde, em projeção mapeada, obras de Marta Arruda, Persivaldo Figueiroa, Rosivaldo Reis e Salles Tenório. Curadoria de Mirna Porto Maia.
#
No sábado será a vez de Didi Magalhães, Pedro Lucena, Pedro Caetano e Yara Pão. A área de ancoramento das jangadas é a faixa de praia defronte ao edifício Lopana. As obras são projetadas sobre as velas das embarcações, a partir das 21 horas.
#
Domingo serão projetadas as obras de Yasmin Falcão, Jhonyson Nobre, Geoneide Brandão e Paulo Accioly. Para encerrar a jornada de quatro noites, apresentações dos maracatus Baque Alagoano e Nação Caeté. Começando às 21:30.
#
Mirna Porto chama a atenção para os horários. A cada noite, a projeção se inicia meia hora depois da noite anterior, por conta da maré.

HOJE NA HISTÓRIA

9 de setembro de 1923 – Morre o Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca, presidente do Brasil entre 1910 e 1914. Gaúcho, filho do alagoano Marechal Hermes Ernesto da Fonseca e sobrinho do Marechal Deodoro, que o tinha como filho adotivo. Hermes venceu o baiano Rui Barbosa, cujo vice era o governador de São Paulo, Manuel Albuquerque Lins, alagoano de São Miguel dos Campos. Enfrentou várias revoltas em seu governo. Detalhe: foi quem instituiu o uso da faixa presidencial. Ao sair da presidência, foi eleito senador, mas recusou-se a tomar posse por conta do assassinato de seu antigo aliado Pinheiro Machado no dia em que assumiria o mandato, 8 de setembro de 1915.