Enio Lins

UM SILÊNCIO ENSURDECEDOR

Enio Lins 12 de agosto de 2022

Algo de perverso acontece na economia brasileira e nem parece que existe algo de danoso. Itens essenciais para o “de comer” de cada dia até têm sido mapeados por economistas e pela mídia, assim como a explosiva escalada dos preços dos combustíveis, mas a reação da população é pífia, absolutamente irrelevante em relação ao tamanho da tragédia vivida.
Um certo alheamento
permeia especialmente a chamada classe média, antes sempre atenta quando os preços alçavam voos para além de sua capacidade de dar pulos. Não se fala mais também, nos direitos dos consumidores, antes coisa badaladíssima a ponto da legislação obrigar a cada boteco ter, bem visível, ao lado do caixa, um exemplar do Código do Consumidor – como se fosse aquele exemplar do Novo Testamento colocado no criado mudo dos hotéis: fica à vista, mas ninguém fixa os olhos nele.
Tão absurdos
foram os aumentos dos preços dos combustíveis, que a recente redução (às custas dos tesouros estaduais) não causou impacto significativo nos orçamentos domésticos. A apatia dos consumidores mantém sepulcral silêncio nas ruas e nos postos, seja nas estonteantes subidas seja na insignificante descida. É como se as labaredas do custo de vida não estivessem comendo tudo sem pena.
Aspectos importantes
para a dita pequena burguesia, como passagens aéreas, se tornaram proibitivos e, além dos preços supersônicos, as regras são mais apropriadas à aviação de caça. Para se modificar trechos de um bilhete aéreo é cobrado 90% do preço original, ou seja, é-se exigido da vítima voadora o dobro do valor do serviço adquirido para se mexer na rota. Resumindo: uma passagem de ida e volta comprada por R$ 2 mil sai por R$ 4 mil se você precisar alterar apenas a volta, por exemplo.
E o gás de cozinha
? Se a reação é pequena ao fogaréu nos valores cobrados em todos os tipos de combustíveis, imagine dar um pio pelo peso do botijão! O percentual desse item em relação ao salário-mínimo, segundo a ANP, havia atingido seu menor nível em junho de 2015, consumindo 6,04% do SM. Em junho de 2021 havia pulado para 7,95%, e em junho de 2022 (se não errei nas contas aqui e torço para ter errado) esse índice saltou para 10,01%.
E nem escrevi aq
ui sobre preços dos alimentos (e a carne??). Cá foram listadas umas ocorrências, nem tão soltas assim, apenas para chamar à atenção e para bulir com a letargia que grassa entre o público consumidor, que daqui a pouco pode ser capaz de festejar alguma “deflação” na economia nacional. Haja passividade!

NOTAS


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Ontem, dia da leitura da Carta aos Brasileiros, pelo menos até o meio-dia, o que os candidatos ao governo de Alagoas estavam postando em suas redes sociais?
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Rodrigo Cunha, no insta, falou sobre ser advogado e sobre os estudantes, pelo menos antenado com a data; e tuitou sobre o programa “saúde da gente”, puxando a brasa para a sardinha do prefeito JHC.
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Rui Palmeira manteve no Twitter a postagem sobre a confirmação da presença de Arthur Albuquerque como candidato a vice em sua chapa, e no Instagram reforçou a unidade com o PSD para a campanha 2022.
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Fernando Collor, no Twitter, manteve a mensagem do dono da Havan sobre a presença do senador como seu primeiro cliente em Maceió. No Instagram, falou dos comitês de campanha na capital e em Arapiraca.
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Paulo Dantas postou fala do prefeito de Feira Grande, Paulo do Chico, no insta e tuitou sobre sua visita às obras de duplicação da rodovia em Arapiraca, além da conversa com estudantes do IFAL de Palmeira dos Índios.
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Pessoal, Democracia é questão vital para quem queira conduzir um governo estadual, pois todo processo autoritário no Brasil reduziu a autonomia dos entes federados.
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A chamada Revolução de 30 chegou a queimar as bandeiras dos Estados para deixar claro a proeminência do poder no governo central.
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Durante o regime militar imposto pelo golpe de 1º de abril de 1964, as eleições diretas para os governos estaduais foram extintas.
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Neste exercício autoritário do mito, os Estados foram depenados no ICMS para justificar as irresponsabilidades federais nos preços dos combustíveis...

HOJE NA HISTÓRIA

12 DE AGOSTO DO AN0 30 A.C. – Morte de Cleópatra, rainha do Egito, extraordinária referência do poder feminino em todos os tempos. Teria 39 anos quando se suicidou pela via de uma serpente, como forma de evitar prováveis prisão e humilhação por se meter e perder a guerra entre as facções romanas. Sobraria para ela a conta da derrota de seu então companheiro, Marco Antônio, na disputa pelo comando do Império Romano depois do assassinato, em 44 a.C., de Júlio Cesar (este outrora também seu parceiro e pai de seu filho, Cesarião). Lendas e verdades serpenteiam nos relatos sobre a sagacidade, cultura, sensualidade e poder político de Cleópatra há 2.052 anos, sempre se renovando em livros, filmes, pesquisas, romances, peças de teatro e tudo mais.