Enio Lins

45 anos depois, luzes na ribalta

Enio Lins 11 de agosto de 2022

Em 11 de agosto de 1977, foi lida a Carta aos Brasileiros, pelo jurista Goffredo Telles Júnior, em ato público no Largo de São Francisco, na capital paulista, sede da histórica Faculdade de Direito. O texto exigia a restituição da Democracia ao Brasil. Causou enorme repercussão à época, pois se contrapunha abertamente ao regime ditatorial instalado do país desde o golpe de 1º de abril de 1964.

Goffredo Telles Júnior (
Goffredo Carlos da Silva Telles) nasceu em 1915 e morreu em 2009, aos 94 anos. Brilhante intelectual de direita (sim, existia isso), ativo militante integralista entre 1932 e 1937, deputado constituinte em 1946, professor respeitadíssimo da Faculdade de Direito da USP. Foi um dos principais redatores do documento e o signatário escolhido para ler o texto naquele momento histórico de rebelião contra o regime autoritário.

Neste 11 de agosto de 2022
, 45 anos depois, novo momento histórico se anuncia em idêntico sentido, com a leitura de uma versão contemporânea, desta vez exigindo a manutenção do Regime Democrático de Direito. Em verdade, hoje se anunciam duas cartas, pois além do repeteco da mobilização de juristas e profissionais do Direito, os empresários se dispuseram a se manifestar, no mesmo rumo, no mesmo dia.

Há 45 anos
, a sociedade brasileira não mais suportava a ditadura, hoje a sociedade brasileira não suporta a ameaça de retorno da ditadura. Ontem e hoje, manifestações amplíssimas, independentes dos segmentos partidários à esquerda ou à destra, reconstroem a coragem cidadã. Orgulho especial para quem viveu um e outro momento, orgulho para quem vive esta hora como primeira movimentação em larga escala pela liberdade. Orgulho para quem se preocupa e estuda a história. Vergonha para quem está do outro lado.

Vergonha nacional e internacional
tem passado o Brasil desde as eleições de 2018, quando pela via de uma facada inverossímil, um desqualificado foi conduzido à presidência da República, trazendo das fossas da história os miasmas do autoritarismo, da violência, da ignorância absoluta. Já passou da hora desse vexame acabar, mas quem está no poder acha que é momento de jair preparando um golpe para se manter na mamata e na impunidade dos 100 anos de sigilo sobre seus malfeitos.

A imbecilidade
reinante tem esperneado contra essas cartas democráticas e delas foge como o diabo da cruz, numa confissão de culpa. Os dejetos não querem voltar à fossa.

NOTAS


Depois de ter dito que o Palácio do Planalto “estava consagrado ao diabo” criticando o ex-presidente Collor por conta das notícias de 1992 sobre a realização de cultos afro-brasileiros, a primeira-dona mirou Lula com o mesmo preconceito.

Dona Micheque postou foto de Lula participando de cerimônia afro-brasileira na Assembleia Legislativa da Bahia e expressou seu mimimi: “isso pode, né? Eu falar de Deus não”. Pode, dona, toda manifestação religiosa pode e deve ser respeitada.

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  O Estado brasileiro é laico e todos, todas e todes devem respeitar quaisquer manifestações religiosas, devem respeitar todas as crenças e descrenças e todas as pessoas são livres para prestigiar os cultos que bem lhes aprouver. Simples assim, dona.

As atas das convenções já foram todas entregues à Justiça Eleitoral? Como as panelas seguem no fogo, pode ser que ingredientes novos sejam acrescidos às receitas e/ou retiradas e trocadas misturas entre as caçarolas. Aguardemos.

A Imprensa Oficial Graciliano Ramos confirma não só a participação com um estande próprio na XI FLIMAR, em Marechal Deodoro, como prepara o lançamento de sete a nove novos livros no evento, informa Maurício Bugarim, presidente da Cepal.

Pessoal, o Marco dos Corais está se saindo melhor que a encomenda. O espaço, já entendido como um novo símbolo de Maceió, trouxe vida nova para uma das áreas mais bonitas de Alagoas, substituindo as ruínas do antigo Alagoinhas.

HOJE NA HISTÓRIA

Faculdade de Direito, no Largo de São Francisco, São Paulo


11 DE AGOSTO DE 1927
– O Dia do Estudante é instituído no Brasil, marcando o centenário da criação do ensino superior civil, apesar da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, criada no Rio, em 1792, pela rainha portuguesa Maria I, a louca, ser considerada por alguns como escola superior. Mas, em 11 de agosto de 1827, cinco anos depois da independência e 327 anos após o descobrimento, o neto de Dona Maria, Pedro I, assinou a autorização para funcionamento de duas faculdades de Direito, uma em São Paulo, outra em Olinda. Data comemorada também como o Dia do Advogado. Antes, pelo menos oito universidades civis já haviam sido criadas nas Américas entre 1558 e 1740, inclusive uma tal de Havard, em 1636.