Enio Lins

O MEDO DO MITO

Enio Lins 03 de agosto de 2022

“Vão me prender!” teria dito o meliante que ocupa a presidência da República a vários interlocutores que, como ele previa, passaram adiante e, desde ontem, esse mimimi do Jair ocupa as mídias. Frases outras acompanham e compõem o chororô alternando ditos como “não vou aceitar”, “não sou ingênuo como meus antecessores”, “meus filhos serão presos”.
Arrepelação
que tem como objetivo sensibilizar seus apoiadores, testar a repercussão na opinião pública e, principalmente, compartilhar o risco de detenção para seus acumpliciados, lembrando algo como “se eu for preso vocês também serão”. Lamúria que também é nova sondagem à velha ideia dum golpe de estado salvador.
Justiça seja feita
: Jair tem se esforçado tremendamente para impedir quaisquer investigações sobre malfeitos em seu governo. Além da confissão prévia e pública de que não permitiria à Polícia Federal “fu*** com sua família”, feita na patética reunião ministerial de 22 de abril de 2020, uma intensa ofensiva tem sido desenvolvida desde sempre para garantir a impunidade para si e para os seus.
Arquivar as denúncias
da CPI da Pandemia é um dos sucessos mitológicos. Numa canetada só foram para o lixo evidências de crimes que poderiam ser classificados como contra a humanidade, como a política de massificação de medicamentos sabidamente ineficientes contra a Covid, ampliando a tragédia que matou mais de 678 mil pessoas no Brasil e garantindo a circulação de fortunas na aquisição desses produtos, além de outras denúncias de porte, como a tentativa de cobrança de US $1 (um dólar americano) por dose de vacina.
Sigilo de 100 anos
virou rotina e até o cartão de vacinação do mito é segredo. As despesas paquidérmicas no cartão corporativo também estarão sumidas por um século. Nesse item, apenas durante o primeiro ano de mandato a conta foi de R$ 1.708 por hora, correspondente a R$ 41 mil ao dia, ou R$ 14,9 milhões ao fim dos 12 meses de 2019. Não se sabe em que. Mas é sempre bom lembrar que, na gestão petista, a compra de uma tapioca (R$ 8,30) pelo então ministro Orlando Silva, em abril de 2008, virou um escândalo nacional.
Quem não chora não mam
a, diz a marchinha, e Jair esperneia para não perder a mamata. Mas ele está certo ao prever como destino seu retorno à prisão, onde passou curta temporada de 15 dias, em 1986, por delito militar, e para lá precisava ter sido reconduzido no mesmo ano e por muito mais tempo, por ameaça terrorista. Para o bem do Brasil é melhor essa profecia do mito jair acontecendo o quanto antes.

NOTAS

# Finda o prazo das convenções depois de amanhã. Ainda podem acontecer mudanças em algumas das chapas mais cotadas...
Tem rolado certo mal-estar entre os movimentos feministas organizados e o gabinete do governador Paulo Dantas. Ia rolar nota de protesto...
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 A competente Luiza Barreiros, secretária do Gabinete Civil, está atenta e trabalha para resolver esse desencontro, conseguindo sustar a nota.
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 Sandro Gama, arquiteto e ex-superintendente do IPHAN em Alagoas comemora a inauguração da Biblioteca de Marechal Deodoro na antiga Igreja do Amparo.
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 “Parceria é a chave de tudo na administração” – declara Sandro, que foi responsável pelo andamento da restauração do templo que hoje é biblioteca.
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 Dom Muniz Fernandes, Arcebispo Metropolitano, foi o parceiro decisivo para a realização do projeto de instalar a biblioteca municipal no local.
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 Marcelo Lima, prefeito de Quebrangulo e um dos administradores alagoanos que mais apostam na cultura está trabalhando o resgate da história do Beato Franciscano.
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 Fundador da Vila São Francisco, em território quebrangulense, o Beato Franciscano foi assassinado no dia 30 de julho de 1954.
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 Parcerias estão sendo buscadas pelo prefeito Marcelo Lima, que tem na gaveta um livro inédito do escritor Luiz B. Torres sobre a morte do Beato.
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 Nide Lins será homenageada pela Câmara Municipal de Maceió nesta sexta-feira, às nove horas. A iniciativa é do vereador Eduardo Canuto.

HOJE NA HISTÓRIA


3 DE AGOSTO DE 1645
– Travada a Batalha das Tabocas, referência da Insurreição Pernambucana, quando guerrilheiros organizados pelos senhores de engenho e demais devedores dos holandeses enfrentaram derrotaram a tropa da Companhia das Índias Ocidentais que permanecia no Brasil. O período de conflito com a Holanda havia terminado em 1640, com a devolução do trono português aos portugueses depois de 60 anos de domínio espanhol. A ocupação holandesa deixara de ter sentido, pois a Holanda era inimiga da Espanha e não de Portugal, e a invasão do território brasileiro, em 1630, fora uma retaliação aos espanhóis. Ao longo dos 15 anos de domínio flamengo no Nordeste brasileiro, a aristocracia pernambucana havia contraído dívidas pesadas com os holandeses e a paz seria momento de cobrança por conta do “fechamento das contas”; daí foram pra cima dos batavos com milícias formadas principalmente por índios e escravos dispensados das senzalas. Surpreendida, a Companhia das Índias Ocidentais procurou seus direitos junto ao governo holandês que foi pra cima do Reino de Portugal ameaçando reunir mais tropas, invadir novamente o Nordeste e ficar de vez. Ciente que não teria condições de enfrentar o grosso das forças holandesas, Lisboa aceitou o ultimato e, via o Tratado de Haia, pagou (com minério brasileiro) o equivalente a 53 toneladas de ouro e ainda cedeu territórios na África e Ásia. Pensem numa vitória cara!