Enio Lins

Melhor jair seguindo o fio

Enio Lins 02 de agosto de 2022

Alagoas, via a prefeitura de Rio Largo, tem sido destaque na mídia nacional por conta de uma operação da Polícia Federal. Na investigação o foco está no prefeito Gilberto Gonçalves e uma réstia dessa luz alumia o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira – ambos filados ao Progressistas. Mas o lume promete alcançar também, lá no fundo dessa ribalta, o cidadão que ocupa a presidência da República.

O caso rio-larguense apontaria para um desvio da ordem de R$ 18,4 milhões em recursos públicos que estariam sendo sacados do SUS/Fundo Nacional de Saúde, Fundo Municipal de Saúde, Fundeb (Fundo Nacional da Educação Básica). Os dados fazem parte de um relatório sigiloso vazado, vazamento este que tem sido interpretado como uma ação para minar o próprio trabalho da PF e prejudicar o andamento do processo na Justiça.

Tem lógica, afinal o trabalho investigativo da Polícia Federal foi identificado pelo atual presidente da República como uma ameaça a si próprio e à sua turma, conforme gravação (oficial) realizada durante reunião ministerial no dia 22 de abril de 2020. Para azar do mito, seu temor vai se tornando realidade.

Reportagem da revista Piauí lembra que Gilberto Gonçalves e Arthur Lira são também companheiros na Operação Taturana, iniciada em 2007, na condição de deputados estaduais acusados de desvio de recursos públicos. Mas a dupla de 15 anos atrás hoje é um trio e o principal vértice desse triângulo veste uma faixa verde-amarela. Jair Messias não está citado nas investigações sobre a prefeitura de Rio Largo, óbvio, mas as responsabilidades gerais pelo ato específico municipal têm tudo a ver com a aliança do presidente da República e o presidente da Câmara Federal no quesito “Orçamento Secreto”.

A licenciosidade com as verbas públicas, coisa antiga no Brasil, foi turbinada a partir do final de 2020, com a invenção do “Orçamento Secreto” numa inciativa do Palácio do Planalto para trazer o Centrão ao cercadinho. Esse badalado caso rio-larguense é parte desse processo nacional e é-se indispensável jair acrescentando politicamente o terceiro ângulo ao trilátero cujos dois lados expostos até agora são o prefeito e o presidente da Câmara Federal. Prefeito, por sinal, que tem se esforçado até então em demonstrar, através de declarações públicas e campanhas (outdoors, mídias sociais...), sua estreita ligação com os dois presidentes.

NOTAS

# Nesta terça-feira, 19 horas, o prefeito Cacau, de Marechal Deodoro, inaugura juntamente com a Arquidiocese de Maceió, obra pioneira: a biblioteca municipal.
#
O pioneirismo – graças a uma parceria com a Arquidiocese e o IPHAN – está no local da biblioteca: uma antiga igreja, há muitos anos interditada.
# Parabéns, em especial, a Dom Muniz Fernandes, Arcebispo Metropolitano, pela generosidade de estabelecer essa parceria inovadora em benefício da Cultura.
#
Parabéns a Cacau e ao IPHAN pelo investimento nessa grande ideia, cujas obras de restauração arquitetônica e construção do acervo serão entregues hoje.
#
Carla Dantas anuncia o lançamento de sua pré-candidatura para o dia 7, às 9 horas, no Clube Scrin, em Igreja Nova – uma de suas bases.
#
Com forte DNA polítco, Carla é prima do governador Paulo, filha da prefeita de Igreja Nova, Dona Verônica, e do empresário Neiwton Silva, que também já foi prefeito da cidade e quando jovem se destacou como líder estudantil.
#
Ruidosa inauguração de comitê bolsonarista na Avenida João Davino, em Maceió, teve como decoração um veículo com aparência militar em exibição durante todo domingo.
#
Exibir algo com aparência militar num espaço político/eleitoral quando se especula sobre um golpe militar sempre quer dizer alguma coisa...

HOJE NA HISTÓRIA


2 DE AGOSTO DE 1989
– Luiz Gonzaga morre, aos 76 anos, depois de consagrar e espalhar por todo Brasil a música nordestina, cravando o nome forró para ritmos como o baião, xaxado, xote, coco, toadas. Luiz “Lua” Gonzaga nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, em Exu, no Sertão pernambucano, de lá arribou mais ou menos como descrito por ele mesmo na famosa Asa Branca. Ao sair de sua região natal, sentou praça no Exército em 1930, e após dar baixa em 1939, se estabeleceu no Rio de Janeiro como sanfoneiro e cantor. O sucesso começou a lhe sorrir com gosto em 1947, com a narração do êxodo nordestino no baião Asa Branca. Graças a um tremendo esforço, grande capacidade de trabalho e de criação tornou-se uma das maiores referências da música brasileira. Humberto Teixeira (1915/1979) cearense, foi seu principal parceiro, mas Gonzagão gravou composições de muita gente e, entre centenas de sucessos, sua voz eternizou canções alagoanas como “[Saudades de] Maceió” (composição de Lourival Passos) e “Acordei às quatro” (composição de Marcondes Costa).