Dr. Wanderley Neto

SOMOS O QUE FAZEMOS

Dr. Wanderley Neto 21 de março de 2022

A vida é um caminho sem volta e é conveniente lembrar que dela ninguém escapa, embora muitos esqueçam e achem que podem contrariar este elementar conceito biológico. É o caso, nem sempre, mas em geral, de pessoas de poder e posição financeira que se julgam acima dos outros e quebram as regras e princípios sociais, tornando a vida um meio exclusivo de acumular bens materiais. Certamente não foram alertados que terão que ir desta para outra e não poderão levar nada daqui. Por isto nunca é demais estar falando de valores humanos, o que conta realmente. Hoje tão fora de moda num mundo que confunde civilização com tecnologia e modernidade com tudo que é novo.
Sem dúvida o grande farol que pode nos orientar, organizar e dar sentido a existência humana, se é que tem, é a ética. Tão propalada e tão pouco exercida é confundida muitas vezes com etiqueta e, invariavelmente, é cobrada aos outros como se fosse um exercício alheio sem nenhuma reciprocidade. A classe médica por exemplo é cobrada uma abnegação e compromisso irreais num tempo em que todos os envolvidos com a medicina lucram, e objetivam exclusivamente o lucro, cada vez mais deixando o médico sem o poder de ser senhor das decisões. Isto já acontece na chamada medicina privada, cada vez concentrada na mão de conglomerados financeiros, cada vez mais restringem a atividade do médico, impondo condutas e restrições sem nenhum respaldo científico ou ético. Acabam impondo riscos para o paciente e evidente desvirtuamento da medicina sem nenhuma regulação por parte dos órgãos de controle.
Entendido como um compromisso com o ser humano, a ética, não é uma atividade formal e fechada em cada atividade, mas um exercício diário de cidadania. A preocupação com as questões sociais e mudanças, que possam tornar o acesso aos bens de consumo e a melhoria da qualidade de vida das pessoas, devem sempre estar presente na mente daqueles que não objetivam passar pela vida somente como uma unidade biológica. É bom sempre lembrar àqueles que se imortalizaram pelo que pensavam e exerciam, e não pelo que acumularam de riquezas, como assim disse o Padre Antonio Vieira: ”nós somos o que fazemos. O que não se faz não existe. Portanto, só existimos nos dias em que fazemos. Nos dias em que não fazemos apenas duramos”.
Que tal brincar de existir? Descubra o que fazer e chega de apenas durar.