Dr. Wanderley Neto

EDUCAÇÃO: A ÚNICA SAÍDA

Dr. Wanderley Neto 21 de fevereiro de 2022

De todos os problemas crônicos que impedem o desenvolvimento do país o mais crucial a ser vencido é sem dúvida o da educação. Não há nação desenvolvida sem um projeto educacional arrojado e universalizado que dê acesso, abrigo e qualidade de ensino a todos os beneficiados. Lamentavelmente não vencemos ainda sequer a primeira etapa, a do acesso. Muitas crianças e jovens continuam fora da sala de aula e as que frequentam são desmotivadas por um ensino que deixa muito a desejar desencadeando a evasão. O problema não é novo.
Há aproximadamente noventa anos, a genialidade de Rui Barbosa sentenciava (em sua obra “Reforma do Ensino Primário”): “todas as leis protetoras são ineficazes para gerar a grandeza econômica do país; todos os melhoramentos materiais são incapazes de determinar a riqueza, se não partirem da educação popular, a mais criadora de todas as forças econômicas, a mais fecunda de todas as medidas financeiras.” As consequências do não acolhimento da sentença profética têm se revelado ao longo de anos, culminando no verdadeiro desastre que é a Educação no Brasil.
Na visão desferida há quase um século pelo ilustre político e escritor brasileiro, reside o que há de mais contemporâneo, moderno e urgente no conceito de Educação.
A evidência do veredicto de Rui Barbosa soa com maior eloquência quando se lança um olhar crítico sobre este direito constitucional tão imprescindível, e, apesar de nossos sinceros anseios, sabemos que a educação e o ensino em nosso país estão longe de se constituir numa base geradora de riqueza e grandeza econômica.
Precisamos nos perguntar: o quanto temos perdido? O quanto tem custado a falta de um ensino exemplar desde o ioodonfantil ao superior que marcam a linha da vida de todo cidadão?
A sugestão a seguir é do renomado jornalista Gilberto Dimenstein, que faleceu precocemente em 2020 aos 63 anos: “se você acha que educação custa caro, experimente a ignorância e veja quanto você vai pagar.”
É bem neste momento que devemos contabilizar os prejuízos causados ao desenvolvimento do país, resultantes da falta de investimento e consequente falta de estrutura no ensino, e da falta de uma política correta, coerente e compromissada com a educação de qualidade em todos os níveis.
A lógica de Dimenstein é cristalina: a ignorância custa muito mais que a educação. Os produtos da ignorância custam caro ao Brasil.
Pagamos caro o despreparo e desqualificação de nossa mão de obra. É neste ponto que nosso prejuízo assume proporções assustadoras diante da globalização e se reflete em altos índices de desemprego, uma parte considerável por falta de qualificação profissional.
Pagamos caro pelas as doenças, muitas das quais poderiam ser evitadas ou exterminadas com posturas de educação e prevenção.
Pagamos caro pela falta de ambição e inexistência de sonhos que a ignorância impõe sem segunda chance.
Pagamos caro pela condição nebulosa e de exclusão dos direitos da cidadania em que ainda vivem milhares de brasileiros marginalizados pela falta de instrução.
E finalmente pagamos caro pela violência, uma descendente cruel da ignorância. Mas continua existindo no mercado um antídoto contra a ignorância: seu nome é Educação.