Dr. Wanderley Neto

A CLASSE MÉDICA VAI PARA O PARAÍSO

Dr. Wanderley Neto 11 de dezembro de 2021
  A medicina é uma arte milenar, talvez a mais antiga das profissões. O médico sempre existiu. Mesmo nas sociedades mais primitivas sempre houve a figura responsável por zelar pela saúde e bem-estar das pessoas. Xamãs, pajés, curandeiros, barbeiros cirurgiões, benzedores, feiticeiros, rezadores, ainda, nos dias de hoje, existem e convivem com o médico tradicional. Costuma-se dizer que o médico já nasce médico e a faculdade apenas organiza seus pensamentos. Também dizem que nem todos que concluem um curso de medicina chegam a ser médico. Porque a medicina é acima de tudo uma arte e tem que ser virtuoso pra compreender e cuidar do ser humano. E neste contexto, só conhecimento técnico que é centrado na doença não basta. O conhecimento do homem é que faz com que o aparato técnico tenha utilidade. A essência da medicina calcada no bem-fazer, na ética e no respeito pelo ser humano permanece ao longo dos séculos. O que mudou radicalmente foi o exercício da medicina. Novos espaços urbanos, o desenvolvimento tecnológico, o aumento da expectativa de vida das pessoas foram alguns dos fatores que fizeram com que o médico, que era o senhor de todos os seus atos, dependesse de aparelhos e de outros atores (governos, administradores e empresários) para melhor exercer a medicina. Todos estes novos ingredientes, ao tempo que ajudaram a compreender e tratar as doenças, também concorreram para trazer problemas ao exercício profissional. Os problemas decorrentes da desorganização do sistema de saúde, privado ou público, acabam sendo atribuídos aos médicos. Hoje, para se exercer a medicina, tem que se fazer um exercício diário de paciência, humildade e compromisso com o ser humano, principalmente quando se trata das pessoas mais pobres. Isto não tem arrefecido ou diminuído a importância da medicina e dos médicos. A pandemia comprova esta afirmação com provas e registros em rede nacional, onde a dedicação e o comprometimento dos médicos e dos profissionais de saúde evidenciam o reconhecimento e o apoio popular. Sempre nas pesquisas primárias ou secundárias, realizadas para averiguar a credibilidade profissional e institucional, a classe médica sempre se apresenta com bons índices de confiabilidade. “É curioso que os médicos diante de uma situação crônica de desfinanciamento do SUS mereçam tamanha confiança”, exclamou um dia o presidente do Conselho Federal de Medicina, subestimando a capacidade de entendimento e de opinião dos públicos. É por isso este apoio silencioso da população é um alento e dá sentido a nosso trabalho cotidiano. E mais do que isto, nos dá energia para prosseguir nossa luta e mostra porque nossa profissão ainda hoje gera tanto fascínio.