Dr. Wanderley Neto

CIÊNCIA E RELIGIÃO

Dr. Wanderley Neto 28 de novembro de 2021
Já houve um tempo em que havia um conflito aberto entre ciência e religião. Um confronto entre razão e crença. Nesta contenda, eivada de paixão, ninguém se sobrepôs e muito menos se diminui uma a outra. Pelo contrário, ambas, ciência e religião, cresceram e neste caminho mostraram que são faces de uma mesma moeda. À ciência é atribuída a luz e o progresso, mas nada se sustenta sem a força do espírito, presente em todos nós e de modo marcante nos homens de ciência. Em geral, homens iluminados, guiados por uma inabalável fé no que se propõem a desvendar. E fé na própria ciência. Ciência e religião buscam enfim resolver e explicar o mistério humano. Cada um com sua metodologia e regras definidas. Fernando Pessoa, com muita propriedade, dizia que: “a fé não tem verdades”. As verdades científicas, por outro lado, são mutáveis. Como diz nosso Ricardo Mota, em um de seus poemas, “as verdades são muralhas que desabam”. Como se constata, apesar do rigor científico, é preciso também fé para validar a ciência. As grandes descobertas contaram, e muito, com o poder de observação dos cientistas e do acaso. Vejam por exemplo a descoberta da energia elétrica. A eletricidade eletrostática era um fenômeno conhecido desde 600 anos antes de Cristo, mas nunca passou de um fenômeno interessante e divertido. Galvani no século 17, tinha entre seus hábitos comer rãs. Ele observou que as pernas de rãs penduradas em um fio de cobre contraiam-se quando batiam em uma grade de ferro. Estava criado o conceito da energia elétrica, mas só vinte anos depois Alessandro Volta conseguiu, usando os conceitos de Galvani, desenvolver a primeira bateria e provar que a eletricidade podia ser gerada quimicamente e armazenada. Com o campo da eletroquímica, começava uma verdadeira revolução na história da humanidade . A humanidade é sempre receptiva em aceitar e incorporar os avanços técnicos. Já os conceitos e princípios são facilmente rejeitados. A teoria de Darwin ou mais recentemente o princípio de Lister, que ligava as bactérias à infecção cirúrgica, levou anos para ser aceito, ceifando muitas vidas. É que a ciência insiste em medições confiáveis, antes que um fenômeno ou um conceito seja aceito. Imaginem que, assim como a energia elétrica, há também a energia psíquica. Hoje não temos como medir e muito menos armazenar esta energia. Um conhecido cientista canadense, Dr. Wilfred Bigelow, cirurgião cardíaco, previu que esta mensuração irá ocorrer em breve e, quando isto for possível, iremos ter um impacto maior que o ocorrido com a descoberta e quantificação da energia elétrica. A Ciência e a Fé se olharão nos olhos. Quem sobreviver viver, verá.