Sérgio Toledo

Ossos do ofício.

Sérgio Toledo 12 de outubro de 2021
Expressão popular. Quer insinuar uma atividade desagradável devido a uma profissão. Ao falar em osso quer se referir a algo indesejável. Ou seja, algo sem carne, só osso. Na profissão de ortopedista e traumatologista, trabalhamos muito com ossos. Tortos, quebrados, fora do lugar, com pouco cálcio, com formação tumoral. Tratamos de todos e procuramos ao máximo conservar. No dia a dia a expressão está mostrando algo deveras desagradável. A população carente do Brasil está recorrendo aos ossos para não passar fome. E pasmem: os “donos dos ossos” estão vendendo ao invés de doar, como faziam anteriormente! O ser humano é cruel! E os governantes estão, parece, nem aí para o fato. Procuram sempre colocar a culpa no outro ou em outras razões. Temos populações carentes cozinhando os ossos com lenha, álcool, porque o preço do gás de cozinha está pela hora da morte. A custar um preço excessivo. E tem mais. Como a energia está cara algumas pessoas estão usando velas! Antigamente chamadas de espermacete pois vinham dos espermas das baleias ou cachalotes. Acontece que hoje são feitas de subproduto do petróleo e a Petrobrás tem diminuído sua produção e o preço, lógico, tem aumentado. Se correr o bicho pega. Se ficar o bicho come!