O pequeno estado de Alagoas tem em sua história uma projeção na vida nacional e colonial do Brasil que há tempo merece um estudo mais aprofundado por historiadores e pesquisadores para, quem sabe, ganhar projeção no circuito cultural da humanidade. O pouco que se sabe, a partir de 22 de abril de 1500 é que o descobrimento do Brasil se deu em território alagoano e no município de Coruripe, fato ainda com versão bastante tímida. Anos depois surgiu o Quilombo dos Palmares, esse registrado na história, porém com controvérsias nos livros didáticos. Uma das primeiras revoluções sociais para a liberdade do país teve como palco a cidade de Porto Calvo e Domingos Calabar ,o homem resistente, até hoje não se sabe se é herói ou vilão. Andando ainda mais para frente, há o caso da separação de Alagoas de Pernambuco, movimento que completou neste sábado (6) 204 anos, o mesmo tempo de nosso estado. Foi um movimento liberal, conhecido como a Revolução dos Padres no estado vizinho que tinha como foco a independência da província pernambucana e contra o Império de D. João VI e a dominação portuguesa. O lado alagoano se manteve fiel ao imperador e ainda contribuiu para dizimar os opositores. Surgiu uma a província alagoana como um grande presente do Regente. Na República se formou uma sequência de militares alagoanos contra a monarquia que deu origem a três presidentes alagoanos (Deodoro, Floriano e Hermes), porém são poucos os alagoanos que sabem como esses irmãos, no caso Deodoro e Hermes, foram tão longe.
Todo esse preâmbulo teve o objetivo de incluir mais uma contribuição alagoana para mudança no quadro político-social co país que foi o movimento feminista no país e, mais precisamente o surgimento da imprensa feminista em Alagoas.
O jornal “A Palavra”, dedicado à instrução e o recreio da mulher e que circulou em Pão de Açúcar, no sertão alagoano entre 1889 a 1898, parece ter sido o primeiro período destinado ao público feminino no estado de Alagoas. Encontramos algumas edições dele em pesquisa realizada em arquivos online e, para conhecer Acesse:
O Alvorada e a Flor são registrados como os dois primeiros boletins jornalísticos do século 20 dedicados à mulher em Alagoas. Ambos surgiram no município de Penedo em 1909 e 1910 no esteio de um movimento que começou no Rio de Janeiro com o Jornal das Senhoras. Fundado pela feminista argentina Juana Manso, O Jornal das Senhoras tinha como objetivo tratar de temas como belas-artes, literatura, moda, além de tentar despertar a consciência feminina para que estas reivindicassem melhores condições educacionais e acesso ao mercado de trabalho.
O periódico carioca foi um passo para o surgimento de outros pelo país e, principalmente no Sul, como o Sexo Feminino e Recife. Com a imprensa feminina tão perto de Alagoas, esse episódio se tornou um pulo para que a imprensa fosse explorada pelo sexo feminino. Um desses jornais criado no Rio de Janeiro chamava-se Bello Sexo e foi com este slogan que surgiu o A Flor (clique) no município de Penedo que se apresentava como dedicado ao Bello Sexo. O jornal surgiu em 11 de agosto de 1909, período em que Alagoas já possuía centenas de jornais, mas todos controlados por homens e com pouca participação da mulher como escritora. A Flor ainda tinha na direção o sexo masculino, mas informou na primeira página que seu programa “era pugnar pelo adiantamento (avanço) de nossas gentis patrícias a quem o oferecemos. Cumprimentando nossos valorosos colegas de imprensa à espera de um carinhoso acolhimento”.
Alice Brandão, Marta Diniz, Palmira Silva foram as primeiras mulheres a escrever sobre o papel feminino na sociedade no jornal penedense. Entre os homens que reforçaram estavam Adalberto Cavalcante e Affonso Lira.
O Alvorada (clique) surgiu em 15 de agosto de 1910 e teve como diretor Aguiar Brandão. O informativo denuncia na primeira página que havia naquela ocasião, um grande abismo de preconceitos contra a mulher e apontou como causa o receio dos homens pela concorrência feminina.
Esses períodicos se transformaram em um passo para a conquista feminina no Estado e uma grande contribuição para o movimento feminista no Brasil cuja reivindicação principal era o direito de a mulher votar e ser votada. Essa história contei no dia 29 de novembro do ano passado, dia de eleição em seu segundo turno para escolha de prefeitos e de vereadores. Mostrei a foto de Esther Caldas tirada pelo fotógrafo alagoano Theotônio Barbosa e nela, a mulher é citada como sendo a primeira alagoana a votar. Citei também Emília Freitas Motta, como uma das primeiras eleitoras de Maceió e Lily Lages, a primeira parlamentar do Estado. O título foi: A PARTICIPAÇÃO ALAGOANA NO DIREITO AO VOTO FEMININO (clique para acessar).
Gerônimo Vicente
Sobre
O trecho padrão original de Lorem Ipsum, usado desde o século XVI, está reproduzido abaixo para os interessados. Seções 1.10.32 e 1.10.33 de "de Finibus Bonorum et Malorum" de Cicero também foram reproduzidas abaixo em sua forma exata original, acompanhada das versões para o inglês da tradução feita por H. Rackham em 1914.