Alisson Barreto

As verdades subliminares do acima de tudo ou todos

Alisson Barreto 20 de janeiro de 2021
https://youtu.be/2hz7aVymW_A

As verdades subliminares do acima de tudo ou todos

Quando se coloca um país acima de tudo e Deus acima de todos incorre-se em um erro de alcance: todos refere-se apenas a pessoas humanas e tudo engloba humanos e e as demais realidades. Ora, se o termo todos faz parte do tudo, ao colocar país acima de tudo está também acima de todos. Por outro lado, tal assertiva se nega a dizer que Deus está acima também das realidades fora das pessoas. Ao contrário do jargão em tese, inexiste realidade mais universal, ímpar, onipotente e excelsa do que Deus. Motivo pelo qual a frase em tela peca por idolatria ao país, ou seja, tratá-lo com tratamento que se deve unicamente a Deus. Nisso, o que não se observa é que, de fato, há uma contradição entre a promulgação da Constituição sob as bênçãos de Deus - no preâmbulo da Constituição -e a idolatria patriótica -no hino nacional. Seria essa a causa dos males pelos quais o gigante permanece adormecido, ainda que em berço esplêndido? Como a Pátria Amada será considerada, realmente, mãe gentil se não for zelosa por seus filhos? Gentil a quem? E que valor estará ensinando aos seus filhos se desonra Aquele que os abençoa? E como Ele abençoará aqueles que deixam de honrá-lo em suas coisas? Só pela misericórdia. Aliás, é de misericórdia que se precisa quando se reduzem pessoas a números e a números com importância subordinada ao quantum econômico que possa produzir. É de se perguntar, inclusive, se situações de desdém em relação a mortos na pandemia não seria uma tentativa de seleção genética à moda de Nietzsche. O valor de um ser humano não pode ser reduzido ao seu poder econômico nem o valor de um povo ao de manter ou colocar no poder um político, partido ou ideologia. É observável que um país que coloca o poder econômico acima de seu povo, além de colocar a caixa registradora acima dos filhos, dá a César o que é de Deus e a Deus oferece o adeus. Subliminarmente, o jargão “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos” até coloca Deus acima do povo, mas não O coloca acima de tudo; pois reserva tal lugar ao país. É insustentável querer ser de Deus e doar-se para o poder econômico alienígena, seja ele estadunidense, chinês ou russo. Não se pode servir a dois senhores. No fim das contas, se o gigante não acordar para a grandeza de Deus, verá que suas riquezas foram ocupadas pelo estrangeiro e seus filhos estão a se tornar meros escravos do poder que os governa. Maceió, 19 de janeiro de 2021.

Alisson Francisco Rodrigues Barreto