Alisson Barreto

Os 12 preceitos para a paz interior, no uso de redes sociais

Alisson Barreto 20 de abril de 2020
Os 12 preceitos para a paz interior, no uso de redes sociais
Reprodução - Foto: Assessoria

Os 12 preceitos para a paz interior, no uso de redes sociais

Eis que Adão e Eva são lançados nas redes sociais, navegam, comem diversos frutos e eis que, de repente, descobrem que estavam nus. O que essa frase tem a ver com as discussões em redes sociais e quais os pontos a serem observados por quem quer usá-las sem vícios, sem tempestades e sem perder a paz interior? No convívio presencial, as pessoas estão frente a frente com as outras e aprenderam a vestirem-se não apenas com suas roupas, mas com elementos de convívio social. É onde entram palavras de cortesia como “Bom dia! Obrigado. Como você está?”. Acontece que, quando as pessoas acessam a internet, a primeira sensação é de que estão diante de um celular ou computador, em suas privacidades. Daí, seus olhares são transportados para um ambiente mundial chamado internet. Nesse “teletransporte”, muitos não se dão conta da mudança e acabam revelando quês de si que não revelariam num diálogo frente a frente. A falsa proteção dos aparelhos eletrônicos desnudam não apenas corpos; mas almas, que se revelam com suas tendências, sejam elas sexuais, econômicas ou políticas. Paixões afloram nas redes sociais a todo instante. E seria ilusão uma pessoa pensar que só existem paixões sexuais. Em muitos casos, são paixões ideológicas ou políticas que levam muitos a distratarem desconhecidos e desconhecerem seus amigos e familiares. Ou seja, os olhos na realidade virtual desnudam segredos das almas que não apareciam no contato presencial. Como Adão e Eva, qualquer internauta pode dizer “eu estava nu e não sabia”. Outro aspecto é a questão dos limites no trato com o outro. Atualmente, as pessoas vivem em sociedades onde se aprende a vestir-se, desde a tenra infância. Porém, muitas vezes a pessoa aprende a vestir o corpo, mas não aprende a vestir a alma. Há muitas pessoas que até têm pudor no vestir-se, mas não o tem no falar. E isso não é só questão de pornofonia, mas no ter freios em relação aos assuntos a puxar, comentar ou alimentar. Assim como, andando na rua, uma pessoa não tem direito a tirar a roupa de outrem para ver o que há debaixo, tem que saber respeitar os limites da abordagem que o outro quer fazer, até em relação à produção de conhecimento no foco que alguém ensejou abordar. Da mesma forma, como andando na rua e ao ver uma pessoa com uma frase na camisa não lhe dá o direito de escrever frase abaixo, na internet e nos diálogos verbais, ocorre algo similar. Ou seja, nos diálogos, a discordância gera direito a opinião ou crítica à pessoa. Uma coisa é uma pessoa discordar de uma opinião ou da interpretação de um fato, outra é tomar a discordância como suposto direito a ataque à pessoa de quem se discorda. Já parou para pensar como é impróprio atacar uma pessoa por discordar de um posicionamento dela? Para quem critica, a pessoa é o que ela manifesta e se manifestou algo, ela faz parte do pacote do qual esse algo pertenceria. Acontece que essa perspectiva subjetiva não corresponde, necessariamente, à realidade objetiva. Por exemplo: se a esquerda defender algo relacionado ao bem-estar social e uma pessoa concorda com a pauta, alguns da direita tenderão a criticar a pessoa, chamando-a de esquerdista. Ora, como se percebem, uma pauta pode participar de um pacote da direita e da esquerda sob óticas distintas, como é o caso do bem-estar social. Portanto, uma pessoa pode ser enquadrada como participante de um contexto direitista ou esquerdista por defender uma pauta que não seja propriedade de esquerda ou direita. Outrossim, um indivíduo que defende uma linha de pensamento pode defendê-la em função de o quanto ele conhece tal linha e, apresentando um pouco mais de conhecimento, ele possa até mesmo mudar de ideia. É uma hipótese em que julgá-lo pode causar uma injusta ação por atentar contra seu foro íntimo. Ademais, só Deus sabe as cargas gravadas no subjetivo de cada um. Dentre outros exemplos: só quem teve forte crise asmática sabe o que é puxar o ar e o oxigênio não chegar, só quem teve fome não programada (diferente do jejum) sabe o que é passar fome, só quem sofreu em um regime autocrático sabe o preço da perda da liberdade, só uma pessoa violentada sabe a dor de uma violência sofrida, só quem se livrou das drogas sabe o peso do vício. Eis, pois, um porquê do não julgueis para não serdes julgados. Uma coisa é julgar pessoas, outra coisa é discutir fatos e ideias. O julgamento de cada pessoa ocorrerá no dia do Juízo, não temos competência para isso. Nem mesmo os tribunais julgam pessoas em seus foros íntimos, pois eles julgam conexões entre fatos típicos jurídicos e pessoas, analisando a culpabilidade de uma pessoa a cada caso específico, não colocando tudo em um pacote e julgando a pessoa sem analisar crime por crime, fato por fato. Eis, então, que - considerando a significativa diferença entre discutir ideias e discutir pessoas - torna-se viável elencar doze pontos-chave a serem observados por quem quer manter a paz interior, no uso da internet. Os 12 preceitos para a paz interior nas redes sociais Ninguém é obrigado a seguir ninguém. Pessoas seguidas não são perfeitas. Cada um de nós pode seguir ou deixar de seguir pessoas públicas. Ser amigo de alguém não significa concordar em tudo. Discordar não gera direito de distratar. Discordarem de um pensamento nosso não nos retira o valor que somos. O mural do outro é do outro e é preciso respeitar isso. Muitas das pessoas que discutem em redes sociais querem se sentir importantes. Elas querem atenção e podem querer usar sua rede de amizades para isso. Por isso, tais pessoas são incapazes de tratar no privado assuntos que lhes dariam audiência. É possível deixar de acompanhar perfis que lhe causam mal. É possível selecionar temas de notícias a ver com maior frequência. Assim, se você percebe que está recebendo muita postagem sobre um tema, é possível ignorar ou deixar de seguir as pessoas que postam sobre aquele tema. Sensações de prazer ou ódio viciam.Por isso cuidado se seu tempo na internete estiver muito ocupado com prazer ou ódio. A vida tem janelas que não estão na internet. Em suma, acredito que as sugestões acima elencadas podem ajudar a manter a paz, no uso das redes sociais. Obviamente, quando os denomino de preceitos, referi-me a preceitos de boa conduta social.

No vídeo desta semana, a poesia "Preceitos".

[embed]https://youtu.be/tRzrI4foY0g[/embed] Maceió, 20 de abril de 2020.

Alisson Francisco Rodrigues Barreto

Sobre o autor: Alisson Francisco Rodrigues Barreto é poeta, filósofo (Seminário Arquidiocesano de Maceió), bacharel em Direito (Universidade Federal de Alagoas), pós-graduado em Direito Processual (Escola Superior de Magistratura de Alagoas), tendo também cursado, parcialmente, os cursos de Engenharia Civil (Universidade Federal de Alagoas) e Teologia (Seminário Arquidiocesano de Maceió). Autor do livro “Pensando com Poesia” e escritor do blog “Alisson Barreto” (outrora chamado de “A Palavra em palavras”), desde 2011, e da Revista Pio. Alisson Barreto na internet:   Site pessoal: Alisson Barreto, acesso em https://sites.google.com/view/alissonbarreto Revista pessoal do autor: Revista Pio, acesso em https://alissonbarreto14.wixsite.com/revistadigital-pio "Blog" do autor: Alisson Barreto, acesso em http://tribunahoje.com/blog/a-palavra-em-palavras/   Twitter: @alissonbarreto1 (acesso em https://twitter.com/alissonbarreto1) LinkedIn: @alissonbarreto1 (acesso em https://www.linkedin.com/in/alissonbarreto1/)