Alisson Barreto

Desafios de um mundo de diversidades e dualismos

Alisson Barreto 17 de fevereiro de 2020
Desafios de um mundo de diversidades e dualismos
Reprodução - Foto: Assessoria
Desafios de um mundo de diversidades e dualismos Numa época em que muitos se intitulam de direita ou de esquerda e tendem a colocar um pacote o conteúdo desses lados, como lidar com esse universo de diversidades?

Num mundo polarizado,

Não ser do grupo do outro

É ser excluído, rejeitado...

Talvez, dado como louco.

PLURARISMO X DIVERSIDADE. Primeiramente, urge distinguir pluralismo de diversidade. Esta pode ser entendida como qualquer qualidade ou conjunto de qualidade que diferencia umas pessoas das outras; aquele é concernente à forma de pensar ou posicionar-se. Dessarte, tem-se que os posicionamentos políticos ou filosóficos entram no condão do pluralismo, ao passo que a diversidade tem abrangência maior e alcança searas além da esfera intelectiva. Nesse sentido, poder-se-ia dizer que o pluralismo é espécie do gênero pluralismo. Em outras palavras, o pluralismo está contido na diversidade e a diversidade contém o pluralismo. DIVERSIDADE X GÊNERO. Os termos são utilizados quase como sinônimos, mas ocultam uma diferença antagônica: diversidade é a multiplicidade que distingue pessoas, enquanto gênero é o englobamento genérico de características. Não se deve confundir gênero com sexo. Enquanto na biologia, o género é conjunto de espécies; na ideologia de gênero, há uma inversão de entendimento, um reducionismo com o intuito de reduzir o ser humano a indivíduo genérico, de sexualidade não biológica, mas mero conceito subjetivo. A diversidade, portanto, é conceito mais amplo que alcança não apenas os adeptos da ideologia de gênero, mas todos os povos, culturas, religiões e posicionamentos políticos. Seria, por conseguinte, a multiplicidade de ser em em meio a seres.

O homem dualista

Não vê você como ser.

Vê, antes, você como numa lista,

Não importa o que você tem a oferecer.

Uma vez que o homem é um ser social e “ubi homo ibi societas” (ou seja, onde está o homem está a sociedade), tem-se a seguinte sequência lógica. Seres humanos vão ao encontro uns dos outros e formam sociedades. Sendo compostas de seres humanos, sociedades vão ao encontro de outras sociedades. É um processo lógico, naturalmente, globalizante; que obviamente contrasta com os isolacionistas, pois sempre há pessoas que repulsam à interação com o outro. Quando um ser vai ao encontro do outro pode não gostar de como o outro é, com possibilidade até de ir de encontro ao outro. O comércio e a internet potencializaram as interações entre os povos, pondo frente a frente diversas formas de ser e pensar; inclusive, multiplicando de tal forma a quantidade de informações que muitas falsas informações passaram a ser compartilhadas como verdadeiras, seja no campo da ciência, da filosofia ou religião.

O dualista não vê o percurso.

Vê só a saída e a chegada

E ai de quem propuser outro curso.

Convém lembrar que a humanidade, de tempos em tempos, passa por fases dualistas. É uma forma de esclarecer à mente o que as coisas realmente são. O dualismo é a porta de entrada para o raciocínio lógico binário, o qual, retirando o terceiro excluído, viabiliza a qualificação das coisas como certas ou erradas. Não obstante sua valia, há situações em que as coisas não se tratam de certas ou erradas, mas apenas múltiplas. Por exemplo, uma pessoa pode dizer se algo é ou não uma fruta, é binário, mas perceberá que há uma multiplicidade de frutas e a existência de umas não desqualifica as outras. A dificuldade é que algumas pessoas se sentem menos qualificadas quando outras são qualificadas tão pessoas quanto elas. Inclusive as que provocam abortamento. A situação fica difícil, porém, quando se colocam falsas informações (intencionalmente ou não) a competir com as autênticas. Você pode inventar uma fruta de plástico e chamá-la de fruta. Pode convencer outras pessoas de que se trata de uma fruta, mas ainda assim, faltar-lhe-ão as propriedades que a caracterizariam como fruta como tratar-se de alimento orgânico, conter vitaminas e brotar, naturalmente, de uma árvore natural. Desenvolvendo a parábola das frutas, perceber-se-á que, assim como a humanidade teve suas eras de mitos (mitologia grega, nórdica etc.), poderá compreender que assistiu a muita história falseada e que muitos passaram anos em universidades aprendendo filosofias falaciosas e ideologias “instrumentalizadoras” de pessoas. Aliás, há fortes indícios para que as futuras gerações olhem para as atuais e digam: tratou-se da era do “neo-sofismo” (em suma, os sofistas eram filósofos que usavam sofismas não para defender a verdade, mas para apresentar como verdade o que lhes interessara. Tinham um falso amor pela sabedoria, pois achavam ser sabedoria a má arte do convencimento. Homens que ganhavam para iludir homens). Hoje, o homem olha para o horizonte e diz “onde está a verdade, que não encontro?” e não raro são os homens que dizem “colocarei as minhas verdades aos que encontre”. Resumindo: quando é grande o barulho de verdade subjetivas, a verdade objetiva fica ofuscada, oculta ou ignorada.

Mas o mundo é plural. A diversidade, social,

Antropológica. Que se busque, pois,

A verdade, neste mundo desigual.

Por fim, o que se tem é que ou a humanidade aprende o respeito humano a lidar com o diferente ou será questão de tempo para nos depararmos com situações bélicas sem precedentes. Se o amor não vencer, a humanidade perderá. Maceió, 16 de fevereiro de 2020.

Alisson Francisco Rodrigues Barreto*

(No link abaixo, o vídeo da poesia)

[embed]https://youtu.be/fwDZ_1pSM3s[/embed] *Alisson Francisco Rodrigues Barreto é poeta, filósofo; bacharel em Direito, pós-graduado; autor do livro “Pensando com Poesia”, da revista digital “Pio” e do blog “Alisson Barreto”. Este, em TribunaHoje.com, desde 2011. (Site pessoal do autor: https://sites.google.com/view/alissonbarreto)