Eles são lindinhos, fofos e as crianças adoram. Ter um cachorro ou um gato em casa é uma realização para muitas famílias e, principalmente, para pessoas solitárias ou idosos. Acontece que toda essa fofura pode esconder um mercado cruel, truculento e nada bonito. Verdadeiras fábricas de produção em série de filhotes, que têm um nome em inglês, conhecidas como puppy mills. São criadouros clandestinos ou não fiscalizados em que os cachorros – sobretudo os adultos, criados não para ser vendidos, mas para reproduzir-se e dar lucro – vivem em condições insalubres e são forçados a procriar no limite de suas forças.
Muitas vezes você acha que seu cachorrinho foi criado com muito amor e, finalmente, teve em você um lar para viver feliz. Acontece que a mãe ou pai do seu cachorrinho pode ter morrido em condições deploráveis, vítimas da ganância e da necessidade do 'mercado' em colocar à venda o maior número de bolinhas de pelo fofas para o deleite dos clientes. Da mesma forma que você pode estar alimentando o mercado de roubos de celulares ao comprar um aparelho na rua ou na internet, sem as devidas procedências, você também estará alimentando a rede de maus tratos aos animais ao comprar um pet que não tenham procedência do criador.
O fenômeno das puppy mills chegou ao Brasil no rastro da expansão do mercado pet, que cresceu três vezes mais que a economia na última década. O pequinês e o dálmata, as raças favoritas de anos atrás, foram ultrapassados pelo buldogue-francês e pelo spitz-alemão-anão, os xodós do momento.
Os altos preços das pet shops mais sofisticadas – onde um filhote pode custar mais de R$ 10 mil – empurraram parte da clientela para a internet, em busca de barganhas.
Num único site de classificados é possível achar milhares de ofertas de pets. O problema é que, quando a compra é feita dessa maneira, torna-se mais difícil saber a procedência do animal e a qualidade do criadouro de origem.
A diferença de cuidados reflete-se no preço. Enquanto um buldogue-francês de um canil que obedece aos procedimentos obrigatórios pode custar R$ 8 mil, um filhote da mesma raça e idade é anunciado em média por 2 800 reais na internet. Da mesma forma, o spitz-alemão-anão, que chega a R$ 15 mil num canil especializado, nos classificados on-line é oferecido por R$ 3 mil. A venda por sites não é sinônimo de problemas, mas diferenças brutais de preço podem ser um indicativo da falta de qualidade dos criadouros.
No Brasil, a lei exige que todo criadouro comercial tenha uma licença e um veterinário responsável. Na prática, porém, a maioria trabalha sem uma coisa nem outra. Órgãos oficiais especializados no combate aos maus-tratos em animais costumam lidar com casos isolados – como o do vizinho que denuncia o outro por tratar seu animal com crueldade, por exemplo.
Portanto, antes de sair por aí comprando animais procure ter certeza de que eles são oriundos de criadores com certificação. Não basta a loja ou o site dizerem que o animal tem procedência. Exija a certificação.
Com informações da veja.abril.com.br