Alisson Barreto

A religiosidade e o grito do estado laico

Alisson Barreto 02 de abril de 2019
A religiosidade e o grito do estado laico
Reprodução - Foto: Assessoria

A religiosidade e o grito do estado laico

  Num país com 11 mil suicídios, mais de 51 mil mortos por assassinato de nascidos e sabe-se lá quantos mortos por abortamento, é de se questionar o que está errado. Os índices são alarmantes e indicam um país onde a vida humana é desvalorada. Percentualmente, decresce o percentual de católicos ao passo que aumenta o número de vidas ceifadas. Até que ponto vale a pena o grito de estado laico? É importante que o estado seja laico para preservar a independência estatal ante as religiões e proteger as religiões de estadistas aproveitadores e dos políticos oportunistas. A história está repleta de governantes que prejudicaram pessoas usando o nome da Igreja. Autoridade não é usar o poder representativo para engrandecer-se, mas a honra de liderar para servir ao bem de todos. É preciso recordar o “dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,21). E, com isso, perguntar: será que é apenas essa independência que os defensores do grito pelo estado laico querem ou eles querem um estado ateísta, ou até mesmo anticristão? Afinal, estado laico significa estado não professional, e não um estado indiferente à religiosidade de seu povo. Se bem o Brasil soubesse, não apenas manteria como motivaria o ensino religioso nas escolas, públicas e particulares. Jovens envolvidos com atividades de fé envolvem-se menos com drogas, violência urbana e são menos suscetíveis ao suicídio. Além do quê, um jovem que trabalha sua mente para ficar longe de vícios tem mais autodomínio para estudar e atingir metas do que um que deixa levar por uso de substâncias psicotrópicas. Em muitas escolas, os alunos são assediados a consumirem drogas. Pergunta-se: vale a pena afastar o jovem do virtuoso caminho da fé e permitir que ele enverede pelos vícios? Não se trata de obrigar os jovens a alguma religião, mas dar-lhes a oportunidade de conhecer e poder identificar-se com realidades que o podem tornar melhor. O bom seria possibilitar aos jovens a formação de grupos de oração, em seus colégios; acompanhando-os para evitar extremismos e intolerâncias. Viabilizando, conforme o caso, que católicos tenham grupos de oração e protestantes, se assim o desejarem, também os terem, incentivando-os a lidar com as diferenças e ensinando-os a respeitar as diferenças pela liberdade religiosa. Não precisa realizar celebrações das diversas modalidades de fé, mas proporcionar um ambiente sadio. Naturalmente, para isso, requer-se professores honestos, justos e não doutrinados por ideologias, nem cegos por extremismos. Quanto aos símbolos religiosos, retirá-los de repartições públicas (inclusive escolas) é rasgar o valor histórico da construção de nosso povo e desdenhar das mensagens que tais símbolos passam para os que vivem a fé cristã. Dizer “estado laico”, segundo a Constituição, é respeitar seu preâmbulo, reconhecendo que não se tratam de palavras inúteis. E para honrar o preâmbulo Constitucional é preciso agradecer e reconhecer que a Constituição vigente foi promulgada sob as bênçãos de Deus. Triste é a nação que vira as costas para o Senhor. Fomentar a liberdade religiosa e a motivação à religiosidade é conceder ao ser humano o direito de realizar um caro anseio guardado em seu peito: buscar as coisas do Alto, buscar o Transcendente, abrir-se à realidade do Mistério, conhecer a Verdade que está acima de todas as verdades subjetivas. Quando a religiosidade é ceifada do peito de um jovem, ele passa a buscar um algo mais em ideologias, em radicalismos, egoísmos, hedonismo, riscos e drogas. O ser humano tem dentro de si um anseio por algo mais, mas onde que nossos jovens estão buscando suprir tal anseio? Voltando para os números, caro leitor, já parou para ver os índices de depressão, suicídio e mortes por conta da violência? Já parou para analisar o tanto de mortos antes de nascer? É hora de dar um basta, optar por uma reviravolta, pelo retorno aos valores, aos princípios e à fé. É preciso que nosso povo retire as interrogações após o “amém” e, finalmente, reaprenda a dizer, exclamativamente, “sim, eu creio”. O estado laico precisa repensar-se, precisa de um novo grito. Precisa-se de um "eu creio".   Com o carinho deste escritor laico, Desejo a todos os estimados leitores uma abençoada semana a todos nós! Paz e Bem!

Maceió, 02 de abril de 2019.

 

Alisson Francisco Rodrigues Barreto[1]

[1] Poeta, filósofo; bacharel em Direito, pós-graduado Fundador dos Amigos Marianos Missionários da Eucaristia – Amme. Autor do blog A Palavra em palavras, na Tribuna, desde 2011.