Alisson Barreto

As questões sociais e vivência virtuosa - Parte 2 (final)

Alisson Barreto 09 de fevereiro de 2018
(Continuação) [embed]https://youtu.be/HojkUwDxjaI[/embed] Conhecendo as virtudes. As virtudes, como dito, em outras palavras: são práticas, efetivamente, boas e reiteradas. As virtudes podem ser divididas em dois grupos básicos: teologais e humanas. (1) As virtudes teologais são infusas, por Deus, no coração humano. São elas: fé, esperança e amor (caridade). (2) As virtudes humanas são práticas humanas norteadas por quatro virtudes humanas cardeais: prudência, justiça, fortaleza e temperança (moderação). O amor (caridade) é a fonte e o nutriente de todas e cada uma das virtudes. Sem amor não se cumprem os preceitos divinos, sem amor não se cumprem as virtudes e suas práticas perdem o porquê que as dignifica. Das virtudes humanas cardeais brotam as demais virtudes humanas e, como se pode perceber, as virtudes entrelaçam-se. Ou seja, uma pessoa imoderada não cumpre a virtude da temperança, logo, ela não consegue justa em suas medidas e, por conseguinte, deixa a desejar na justiça, não sendo suficientemente forte na prática das virtudes. Uma pessoa que cumpre a virtude da humildade é empenhada em ser justa (justiça) para consigo, não buscando aparentar ser mais do que é nem ter mais do que tem; bem como busca ser forte (fortaleza) com o que tem, ser moderada (temperança) no agir e fazer bom uso da consciência, de acordo com a ciência do que se tem e do que se é; busca, portanto, agir conforme a verdade, que é uma realização do que se faz coadunado com o que se pensa, com o que se crê e o que se tem ciência. E a verdade, como se sabe liberta, porque configura no Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida. Assim, aquele que busca uma vida virtuosa pode até não saber ou discordar, mas busca uma vida em Cristo, a qual só pode ser plenamente realizada no Espírito Santo da Verdade. As questões sociais e históricas, diante das virtudes. Como se percebe, quando as pessoas começam a considerar irrelevantes os valores cristãos, acabam se esquecendo das contribuições à humanidade que o cristianismo proporcionou. Esquecendo tais contribuições, passam a ignorar valores históricos que dignificaram a sociedades humana. Para tanto, normalmente, passam a tomar a verdade como um valor relativo e subjetivo que, nos conflitos de interesses humanos, acaba se tornando um instrumento incógnito de manipulação, enganação e condução social. A Sagrada Escritura – que é a Palavra de Deus a ser ouvida, o Cristo a ser escutado – passa a ser (1) um vital compêndio de palavras pelas quais os homens direcionam homens conforme o que lhes apetece ou (2) apenas mais um instrumento de manipulação social por meio da fé. Assim, as divisões causadas pelo relativismo hermenêutico, implantado pelo protestantismo, acabou levando alguns à manipulação interpretativa (inclusive com o enriquecimento de alguns) e outros ao ateísmo prático. Não obstante, um indivíduo pode provir do protestantismo e, atento à razão, ouvir o que Deus tem a falar no cotidiano, na razão e nas realidades que o protestantismo não ensinou. Da mesma forma, uma pessoa que vive o ateísmo prático pode um dia questionar o medíocre destino para onde se destina e voltar os olhos para as sabedorias das origens, que deixara de observar. A verdade sempre pode libertar! Às vezes a desesperança (pecado de deixar de esperar em Deus) ou o desconhecimento da misericórdia divina acabam afastando o indivíduo do caminho de retorno a Deus. E também assim a vida virtuosa fica dificultada, pois sem Deus não se vive o amor na perfeição que só o Amor pode configurar. O cristão é, portanto, vocacionado à vida virtuosa, a testemunhar o Amor de Deus por meio de sua prática virtuosa. A prática virtuosa faz pensar sobre não levar vantagem em prejuízo alheio, em trabalhar pelo bem do próximo e da coletividade, a não se corromper com a venda do voto, nem recebimento de propina, nem oferecimento de proposta a corromper o outro. A prática virtuosa conduz ao respeito às normas de convivência social, respeito nas filas, no trânsito, respeito humano em todas as situações da vida. As virtudes levam a respeitar o ser humano, independentemente de sua situação: seja ele peão ou bispo, embrião ou presidente de uma nação. O respeito humano que advém da prática das virtudes faz com que uma pessoa se negue a receber uma vantagem ilícita, num poder público; negue-se compactuar com o desvio de verbas e superfaturamento de obras. O respeito humano aproxima da humildade e, por conseguinte, afasta da bajulação (que é pecado contra a verdade) e de quaisquer práticas de levar vantagem imoral ou ilícita. A prática das virtudes realiza a moralidade e se não há moralidade sem prática virtuosa. Um governo pode até fazer uma lei que atente contra a moral, mas aquele que prática as virtudes não cumprirá a lei que o afaste da verdade. Não basta uma lei dizer que uma categoria de seres humanos não é pessoa ou não é gente para que um homem deixe de respeitar tais seres humanos. Isso vale para judeus, negros e nascituros. Como se vê, a virtude leva o ser humano a ser conduzido pelo amor, a ir ao encontro do outro. Em outras palavras, a vivência virtuosa, indubitavelmente, favorece o bem social, soluciona as questões sociais. O amor tudo vence, tudo supera. Só o Amor salva. Dado em Maceió, 06 de fevereiro de 2018.

Alisson Francisco Rodrigues Barreto[1]

[1] Alisson Francisco Rodrigues Barreto é poeta, filósofo, bacharel em Direito e pós-graduado em Direito Processual. Atualmente, é seminarista do Seminário Maior Arquidiocese de Maceió, onde cursa Teologia. Fundador dos Amigos Marianos Missionários da Eucaristia – Amme, é autor blogueiro de “A Palavra em palavras”, desde 2011, em TribunaHoje.com.