Bahia Boiadeiro, filha do vereador de Batalha Neguinho Boiadeiro, voltou acusar o presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, Luiz Dantas, seu filho Paulo Dantas e a prefeita de Batalha, Marina Dantas pela morte do pai, executado por pistoleiros com um tiro no pescoço na porta da Câmara Municipal no início da tarde do último dia 9 de novembro
Em companhia de familiares e amigos, Bahia Boiadeiro participou no sábado, 2, de uma manifestação realizada no interior de sua residência, em Batalha, exigindo justiça para o crime que abalou o Estado de Alagoas e provocou um clima de insegurança e medo no Sertão alagoano.
“Não teria coragem”
Ela deixou bem claro que a família Dantas não teria coragem para cometer um crime dessa natureza se não tivesse apoio de certas autoridades. “Tivemos uma reunião nas dependências da Secretaria de Segurança Pública, com a presença de importantes autoridades e membros da família Dantas. Votamos pela paz em Batalha e saímos do local com a consciência tranquila de que fizemos o certo, mas com o assassinato do meu pai hoje temos convicção de que fomos enganados”, afirmou Bahia que estava acompanhada da mãe Mércia Cavalcante, do irmão Anselmo Cavalcante - Preto Boiadeiro, de tios, primos e sobrinhos.
Pacto com Renan
Revolta com o assassinato do pai, Bahia Boiadeiro fez duras críticas ao senador Renan Calheiros. Ela que os homens da família Boiadeiro, liderados por Neguinho, fizeram uma pacto de paz na casa do senador Renan Calheiros que prometeu que depois do crime de Emanuel Boiadeiro, morto pela polícia há um pouco mais de um ano na cidade de Belo Monte, não haveria mais morte.
Foi traído
“Meu pai ficou tranquilo e confiante na palavra do senador andava tranquilamente pelas ruas de Batalha. Foi covardemente morto na porta do seu local de trabalho a mando da família Dantas. Meu pai foi traído por quem jamais esperava e, agora, exigimos a prisão e punição dos mandantes e autores
materiais desse crime covarde”, desabafou Bahia Boiadeiro que ainda revelou o envolvimento do policial civil Eudson Matos no crime. “Ele matou Emanuel e agora o meu pai”, disse.
Quem é Eudson?
O policial civil Eudson matos é filho do sargento reformado da Polícia Militar Edvaldo Joaquim de Matos, que foi assassinado no Centro de Batalha em 2006. Na oportunidade, Emanuel Boiadeiro confessou que matou o sargento e Samuel Theomar Bezerra Cavalcante, irmão da prefeita de Batalha, Mariana Dantas, que na época era a primeira dama do município. Ela é casada com Paulo Dantas, filho do presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, Luiz Dantas.
Livre, leve e solto
Já sabe que o ex-prefeito de Marechal Deodoro, Cristiano Matheus, desviou milhões dos cofres públicos da Prefeitura daquele cidade e que com o dinheiro que roubou comprou apartamentos e sabe lá Deus e a polícia o que mais. Daí vem uma pergunta lógica: Por que esse senhor continua livre, leve e solto andando pelas ruas, praças e avenidas como se nada tivesse acontecido? O certo seria colocar esse rapaz no sistema prisional alagoano e jogar às chaves fora.
Rede de “laranjas”
Assim como tanta outras, mais uma vez esse corrupto volta a ser manchete na imprensa alagoana por suas façanhas criminosas. Na entrevista coletiva, realizada na terça-feira, 5, o superintendente da Polícia Federal (PF) em Alagoas, Bernardo Gonçalves, revelou que Cristiano “montou uma rede complexa de laranjas para ocultar o patrimônio, fruto de desvios de recursos oriundos de programas federais.
Tentou obstruir
Durante a entrevista, que teve como finalidade informar a população sobre as ações da Operação Kali, que seria a segunda fase da Astaroth, deflagrada em julho deste ano, a Polícia Federal afirmou que durante as investigações o ex-gestor também tentou obstruir a ação policial.
Até o motorista
Para se ter ideia do tamanho da periculosidade desse cidadão, que ocupou a Prefeitura de Marechal Deodoro por oito anos consecutivos, “até seu motorista particular foi usado no esquema montado por ele, que é bastante complexo. O motorista era proprietário de uma sala comercial no Centro de
Maceió, mas, segundo seu depoimento, ele não sabia que tinha isso em seu nome”.
Sala e apartamento
De acordo com a PF, a sala foi adquirida em 2012. Depois foi trocada por outra sala no mesmo prédio. “E essa nova sala foi colocada em nome de outra ‘laranja’ que depois repassou para o motorista. Então, o motorista passou a sala para um amigo do ex-prefeito, proprietário atual da sala e do apartamento em que o ex-prefeito morava, aquele da polêmica nas redes sociais”, disse Bernardo Gonçalves.
... Ainda de acordo com o superintendente da PF, esse motorista, que não teve o nome revelado, possui um cargo em comissão na Secretaria de Estado da Cultura (Secult), comandada por Melina Freitas, ex-esposa de Cristiano Matheus.
... “Eles nos disse em depoimento que nunca deu um dia de serviço no estado e que trabalhava apenas como motorista do ex-prefeito”, completa Bernardo Gonçalves.
... A PF, juntamente com o ministério Público Federal (MPF), pediu as prisões do ex-prefeito de Marechal Deodoro e mais 13 pessoas ligadas a ele. Dessas, cinco foram preventivas e nove temporárias. Contudo, o juízo da 2ª Vara Federal de Alagoas entendeu não haver a necessidade de prisão.
Roberto Baia
Sobre
Formado em Jornalismo pela UFAL em 1987, também é radialista. Trabalhou nos extintos Jornal de Alagoas e Tribuna de Alagoas. É editor do Jornal de Arapiraca e colunista da Tribuna Independente e semanário Extra.