Alisson Barreto

CÉLULAS-TRONCO MÍSTICAS

Alisson Barreto 06 de janeiro de 2017

CELULAS-TRONCO MÍSTICAS

Quando Deus nos cria, Ele nos faz com células que podem se transformar em quaisquer células, as chamadas células-tronco. Uma peculiaridade das células é que cada uma traz todo o código biológico do ser vivo completo, ainda que cada uma goze de uma especificidade que as faz únicas na unidade global chamada corpo. E como nós somos configurados no Corpo místico de Cristo é uma pergunta que vem a calhar!

Em sentido amplo, o Corpo Místico de Cristo é composto basicamente de Cabeça e Corpo em sentido estrito. O Corpo stricto sensu é a Igreja, a Esposa do Cordeiro, ou seja, a Esposa de Cristo. A Cabeça é o próprio Cordeiro, ou seja, o próprio Cristo. Resumindo: o Corpo de Cristo lato sensu é composto do Corpo stricto sensu e da Cabeça. A Igreja é, portanto, composta dos que agem em nome do Cristo Cabeça e dos que fazem parte do Cristo Corpo (em sentido estrito). Os clérigos agem em nome do Cristo Cabeça, daí os sacerdotes serem chamados de padres, considerando que a palavra padre significa pai e os pais são os pastores do lar, defendendo a família, orientando-a e providenciando a nutrição.

Assim, os padres, agindo em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, dão o Corpo de Cristo (Eucaristia) para alimentar o Corpo que é a Igreja, tanto em sentido amplo como estrito. Pois a Igreja vive da Eucaristia e é pela Eucaristia que Jesus atua na Igreja: do agir do leigo (integrante do Corpo) no mundo secular ao ato de orientar o rebanho, agindo no Cristo Cabeça.

O chamado vocacional de cada integrante da Igreja é como um sopro de vida a acender uma lâmpada no ato do Batismo, a qual já estava presente desde a fecundação. Traduzindo, é possível dizer que há uma célula-tronco mística na alma do vivente, que é tocada pelo cristão no ato de seu batismo. Ou seja, ao receber o sacramento do Batismo, o cristão recebe também um chamado amplo à vida em santidade e um chamado específico para uma vocação muito particular, onde Deus o chama pelo nome para compor o Corpo de Cristo. Na Igreja, Deus o faz igreja.

O desenvolvimento dessa célula mística se dá com sua configuração no Corpo de Cristo, quanto mais caminha na vida de Igreja, mais se é moldado e, por conseguinte, mais se toma forma em alguma parte e função da Igreja. O Sangue de Cristo leva os integrantes do Corpo de Cristo às suas funções no Corpo. Deus não lhes impõe, mas o convida à vida no Amor. É o Amor que educa, guia, direciona cada membro ao exercício de sua função: algumas funções, como dito, são desempenhadas como Corpo; outras, como Cabeça. Em outras palavras, é assim que há vocações leigas e há vocações sacerdotais.

Os filhos nascem e crescem para se tornarem pais ou mães, conforme a natureza. Os filhos espirituais, ou seja, os membros do Filho também assim o são: nascem no Batismo, crescem na vida eclesial e depois se dão em casamento: sendo configurados como Corpo ou Cabeça.

Deus nos cria como células-tronco místicas, chama-nos para determinadas funções no Corpo ou na Cabeça. Em Seu imenso Amor, nada nos força, em tudo nos ama!

Assim, no Corpo, Ele chama uns à vida consagrada religiosa ou laica; a outros, para a apresentação de novas famílias. Como Cabeça, a alguns, Ele chama para agir em Seu Nome como cabeça, a guiar o rebanho: como pastores sucessores dos apóstolos, os bispos (terceiro grau); como seus auxiliares dos bispos, os padres (segundo grau) e, como servidores, os diáconos (primeiro grau do sacramento da Ordem).

Como dito, a vocação não é uma imposição, mas um chamado. Assim, as células-tronco vão sendo formadas pelo Corpo de Cristo e as vocações vão brotando.

Que nossos corações se abram a essa realidade e sejamos perfeitamente configurados no Cristo!

Maceió, 05 de janeiro de 2017.

 

Paz e Bem!

Com votos de um santo e feliz ano novo,

Alisson Francisco Rodrigues Barreto[1]

 

[1] Poeta, filósofo; bacharel em Direito, pós-graduado; um pequeno e mui amado lápis que se oferece a Deus.