Alisson Barreto

BREVE MANUAL SOBRE A ORAÇÃO - PARTE I

Alisson Barreto 25 de julho de 2016

BREVE MANUAL SOBRE A ORAÇÃO

 

NOTA DO AUTOR.

Prezados leitores,

Didaticamente, organizei o presente trabalho em quatro partes, de modo que espero que tal material seja um presente à Esposa de Cristo para ajudar aos demais membros do Corpo de Cristo na jornada da fé, com esperança e amor.

Um forte abraço a todos!

Do autor,

Maceió, 25 de julho de 2016.

Alisson Francisco Rodrigues Barreto

 

 

 

ÍNDICE GERAL

 

PARTE I - Da introdução aos tipos de oração

1.       Introdução

 

2.       O SILÊNCIO

2.1.    QUANDO NÃO SE CONSEGUE O SILÊNCIO

2.2.    O SILÊNCIO QUE ANTECEDE ORAÇÃO

2.3.    O SILÊNCIO POSTERIOR À ORAÇÃO

2.4.    O SILÊNCIO LITÚRGICO

 

3.       TIPOS DE ORAÇÃO

3.1.    Benção e adoração

3.2.    Petição de súplica e intercessão

3.3.    Ação de graças e louvor

 

PARTE II – Corpo, espírito e ato

4.       ATO DO CORPO E DO ESPÍRITO

 

5.       POSIÇÕES DE ORAÇÃO E ORAÇÕES COM O CORPO

5.1.    Sentado

5.2.    Em pé

5.3.    Deitado (caráter excepcionalíssimo)

5.4.    Em genuflexão

5.5.    De joelhos

5.6.    Prostração ajoelhada

5.7.    Prostração completa

5.8.    Em reverência de corpo

5.9.    Em reverência de cabeça

 

6.       ORAÇÃO E TRABALHO

6.1.    Retirar-se para orar

6.2.    Orar e trabalhar

6.3.    Trabalhar e orar

 

PARTE III - Da liberdade às expressões de oração

7.       LIBERDADE ORANTE E POSSIBILIDADES DE ORAÇÃO

7.1.    O que rezar

7.2.    O valor da humildade e da vida virtuosa

7.3.    A centralidade e o senhorio de Cristo

7.4.    A solidariedade da oração e a misericórdia (união e intercessão)

7.5.    A missionariedade e a chama da fé

 

8.       AS EXPRESSÕES DA ORAÇÃO

8.1.    Oração vocal

8.2.    Meditação

8.3.    Contemplação

 

PARTE IV – A cristificante realização eucarística

9.       A REALIZAÇÃO DA ORAÇÃO NA EUCARISTIA

 

10.   Considerações finais

 

 

1.       Introdução

Este texto não visa ao esgotamento do tema, mas a abordar diferentes aspectos da oração de forma sintética e o mais frutuosa possível. Espera-se que seja útil à vida espiritual dos prezados leitores, de modo a buscar apresentar subsídios que facilitem a cristificação dos fieis.

 

2.       O SILÊNCIO

O silêncio prepara o coração para ouvir e focar no que se pretende. Mais importante que o silêncio externo é o silêncio interior. Às vezes a pessoa se retira para um local silencioso, mas permanece com a cabeça e o coração em barulho interior. O silêncio prepara o coração para receber as sementes do amor de Deus, não apenas para falar a Deus como também para ouvir o Senhor. Falar sem ouvir não é diálogo, mas monólogo; não gera um caminho de ir e vir, mas um mero expressar-se individualizado. Não basta buscar a Deus, é primordial ouvir o que Ele tem a dizer ao coração.

2.1.    QUANDO NÃO SE CONSEGUE O SILÊNCIO

Nem sempre o silêncio exterior é o que atrapalha a oração. Às vezes, realmente, há um esforço interior para consegui-lo; mas que parece não ser alcançado. Há uma tentação a desistir por não enxergar os frutos que pode ser devido à falta de prática ou a um estado de aridez. Às vezes o coração está tão cheio do mundo que não consegue espaço para o que é do Céu. Uma coisa é necessária e outra é muito útil: perseverar, ainda que canse ou pareça não sair do lugar, e providenciar estratégias que corroborem com o silêncio interior, como colocar um canto gregoriano como som de fundo, ir ao encontro da natureza, aprender a apreciar a beleza de Deus na natureza das coisas criadas, por exemplo.

Um dos desafios ao silêncio é quando se reza por rezar, sem procurar conhecer e vivenciar cada uma das palavras proferidas na oração, mergulhar na profundidade do mistério contemplado no terço, imergir completamente na realidade orante, desligando-se do mundo e ligando-se ao Céu. Lembre-se de que o termo religião designa o que religa a Deus.

Há também os casos de aridez e da chamada noite escura, onde pode até haver silêncio, mas não se sentir os frutos. Nada mais é um desafio à perseverança para que a prática de oração configure o orante a uma que supera a dimensão sensorial, formando-o mais intrinsecamente numa realidade celestial.

2.2.    O SILÊNCIO QUE ANTECEDE ORAÇÃO

Antes de iniciar a oração, é importante buscar silenciar os anseios do coração para que o nosso coração possa ter espaço para ouvir Deus falar. Não se trata aqui meramente de ouvir diretamente a Deus, mas também em unir-se ao Cristo para que o Espírito Santo guie nossas palavras. De modo que é primordial traçar o sinal da cruz, antes de cada oração, e é muito salutar invocar o Espírito Santo para que Deus guie a oração. Alerte-se, porém, que a oração deve ser humilde, não é o orante que vai ser senhor da oração; o Senhor da oração deve ser Deus. O silêncio dos humildes deve preceder e guiar toda oração. Maria Santíssima é exemplo ímpar de silêncio. Há uma sabedoria antiga que diz que o ápice dos sons é o silêncio. O silêncio de nosso coração abre espaço para que o Verbo possa nos falar.

2.3.    O SILÊNCIO POSTERIOR À ORAÇÃO

A alma que ora, nutrida pela oração, tem a oportunidade de vivenciar sua nutrição, a partir de uma introspecção do que se rezou. Se a oração foi realizada em unidade com o Corpo de Cristo, percebem-se os dons e frutos do espírito santo, de modo particular a paz. Note que a pessoa que reza com frequência o rosário exala paz. Isso porque se aproxima da Mãe Celeste e, (1) com ela, aprende o silêncio e, (2) por ela, recebe as bênçãos de Deus.

2.4.    O SILÊNCIO LITÚRGICO

Como se percebe, é muito importante o silêncio e, portanto, tem função muito importante na liturgia. De modo que, na Santa Missa e na Celebração da Palavra, quando toca o sino para a entrada do celebrante, devem cessar as conversas paralelas para que desse silêncio gere terreno fértil para as sementes de Deus. É por isso também que, após a última pessoa comungar, devem cessar os cânticos para que se dê início ao silêncio eucarístico, onde se dá aos fieis a oportunidade de mergulhar no mistério eucarístico, unindo-se de forma singular a Jesus Eucaristia. Ao receber a Eucaristia, o cristão entra no mistério eucarístico para ser configurado no Cristo, pelo Cristo e para o Cristo. O silêncio prepara o coração.

 

3.       TIPOS DE ORAÇÃO

3.1.    Benção e adoração

Deus primeiro nos ama e nós respondemos ao Seu amor. Nessa relação de amor, há dois aspectos da bênção: o homem bendiz a Deus e Deus abençoa o homem, enchendo-o com seus dons.

Na adoração, o homem reconhece a Deus como Deus e lhe presta culto de adoração.

Diferentemente da veneração, a adoração é um culto e oração destinados exclusivamente a Deus. De modo que se pode prestar culto de dulia (aos santos) e hiperdulia (a Nossa Senhora), mas o culto de latria (adoração) só pode ser prestado a Deus. Fazer culto de latria a outra pessoa ou a uma coisa é cometer o terrível pecado da idolatria (latria a um ídolo). Note, portanto, que Jesus não é ídolo, pois Jesus Cristo é Deus, é a segunda pessoa da Santíssima Trindade: o Filho. Alías, somos filhos de Deus por participação no Corpo do Filho e por participação em Cristo somos também filhos de Maria, a Santíssima Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo.

3.2.    Petição de súplica e intercessão

A oração de súplica é a oração humilde de quem reconhece a pequenez para peticionar a Deus. Ela acontece diante das tribulações, pessoais ou de um povo; diante da contrição, na missa ou antes da Confissão e, por conseguinte, no pedido de perdão. Portanto, aproximar-se de Deus não deve ser um ato de orgulho e presunção, mas de reconhecimento da própria pequenez diante d’Ele e súplica à misericórdia de Deus.

A intercessão é um ato de solidariedade entre os membros do Corpo de Cristo tanto reciprocamente quanto em relação ao Cristo Cabeça. Ou seja, tanto é um ato da Esposa (a Igreja) que busca com seus filhos alegrar o Esposo (Jesus Cristo) como um ato do Esposo que cuida de Sua Esposa e de Seus filhos. Jesus é o único intercessor junto do Pai, o que não impede que os membros celestes intercedam junto ao Filho. Assim, Abraão e Moisés intercedem pelo povo de Deus; Maria, nas Bodas de Caná, intercede pelos nubentes; o samaritano intercede pelo sofredor que encontrara no caminho; um pai e uma mãe intercedem por seus filhos, nas orações; um sacerdote intercede por suas ovelhas. Todos rogamos a Deus uns pelos outros para que o Filho interceda junto ao Pai e nos conceda as preciosas graças de que precisamos.

3.3.    Ação de graças e louvor

São Paulo nos ensina de modo brilhante: "Por tudo dai graças, pois é a vontade de Deus a vosso respeito, em Cristo Jesus" (1 Ts 5,18). "Perseverai na oração, vigilantes, com ação de graças" (CI 4,2). A ação de graças é ato em que o cristão dá graças pela libertação que Cristo lhe promove e pela oportunidade de cristificação em cada situação. É ato pelo qual o fiel recebe as graças e dá graças a Deus pelos atos de amor de Deus para com Seu povo.

No louvor, o cristão reconhece que Deus é Deus e lhe dá glória. Quando se diz que o cristão dá glória a Deus não significa que Deus receba alguma graça que lhe falta, pois Deus é Todo Glorioso. Significa que o fiel testemunha e declara reconhecer a glória de Deus para que outros também possam reconhecer, honrar e louvar. Como preceitua o Catecismo e leciona São Paulo: “Recitai uns com os outros ‘salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando o Senhor em vosso coração’ (Ef 5,19; Cl 3,16).” (CIC 2641)

Acerca de todos de oração, convém sempre ter ciência do que declara o Catecismo da Igreja Católica – CIC 2643:

2643 A Eucaristia contém e exprime todas as todas as formas de oração. É “a oferenda pura" de todo o Corpo de Cristo "para a glória de seu Nome; segundo as tradições do Oriente e do Ocidente, "o sacrifício de louvor".

(sem grifo no original)