Alisson Barreto

POR QUE OS CRISTÃOS CONTEMPLAM OS MISTÉRIOS DO TERÇO?

Alisson Barreto 06 de julho de 2016
Por que os cristãos contemplam mistérios no terço?

Por Alisson Francisco

 

Os cristãos contemplam mistérios no terço porque o terço, como parte integrante do rosário, é um instrumento de meditar os mistérios da salvação dos homens.

O rosário é composto por quatro grupos de mistérios, nesta ordem: gozoso --> luminosos --> dolorosos --> gloriosos.

Cada grupo desse é chamado de terço.

O terço é assim chamado porque, na configuração original, o rosário era composto de três grupos de mistérios apenas, já que a contemplação dos mistérios luminosos só foram acrescentados, recentemente, pelo Papa João Paulo II (por meio da Encíclica Rosarium Virginis Mariae). Como eram três partes, cada parte era um terço do todo. Daí chamar-se terço (1/3), nome que, num intuitivo saudosismo popular, permaneceu ainda após a inserção dos mistérios luminosos.

A palavra contemplação remete a uma meditação cristã, a qual não é um esvaziar-se (como no mundo oriental), mas um preencher-se com o Todo. A contemplação é um ato de meditar e apreciar, degustar a beleza que se lhe apresenta ao coração. Deus Pai, em diálogo com Santa Catarina de Sena, disse: “observe São Tomás de Aquino: na verdade, ele aprendeu muito mais pela contemplação do que com os livros”. A contemplação é, portanto, um ensejo a nos aproximarmos do Belo, levando-nos a transcender pelo mergulho do coração no conhecimento dos mistérios mais elevados. Note: não é um esvaziar-se, é um aprofundar-se!

Diz-se mistérios porque, por mais que se conheça de uma realidade salvífica, sempre há algo mais; sempre há espaço para Deus revelar ao coração do homem uma nova realidade. Não importa quantas vezes você leu a Bíblia ou fez suas orações: sempre há espaço para Deus lhe ensinar mais! Só no Céu saberemos em plenitude. Mas a cada dia podemos dialogar e aprender mais com Deus, não para egocentrismo, mas para se moldar no processo de cristificação, inclusive nas ocasiões de silêncio de Deus e “Noite Escura”. Temas que podem ser tratados noutra ocasião.

Por que o rosário e seu componente terço são orações típicas de um cristão? Tais orações levam o cristão a um mergulho em meditações típicas dos cristãos, contemplando os mistérios de sua fé: do início ao professar sua fé, na oração do credo, ao fim, ao declarar a Mãe de Deus Filho como sua Mãe e Rainha, declarando-se participante do Corpo de Cristo e, assim, honrando-a.

Qual o momento mais enlevado do terço e do rosário? A oração do glória. Toda a oração do rosário é para a honra e glória de Deus, a Quem os cristãos se dirigem, dizendo: “glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Amém”.

Quer um resumo para rezar o terço? Pois bem, ei-lo!

Dias

Segundas e sábados

Quintas

Terças e sextas

Domingo e quartas

Mistérios

GOZOSOS

LUMINOSOS

DOLOROSOS

GLORIOSOS

1

Anunciação do Anjo e encarnação da Palavra

(o Verbo Se fez Carne)

Batismo de Jesus, no rio Jordão

Agonia de Jesus, no Horto das Oliveiras

Ressurreição

2

Visitação a Santa Isabel

Bodas de Caná

Flagelação

Ascenção (Jesus)

3

Natal (Nascimento do Menino Jesus)

Anunciação do Reino

Coroação de espinhos

(Mistério “Eis o homem!”)

Pentecostes

(vinda do Espírito Santo e início da Igreja)

4

Apresentação do Menino Jesus

Transfiguração, no monte Tabor

Carregamento da Cruz

Assunção (Maria)

5

Perda e encontro do Menino Jesus

Instituição da Eucaristia

(o Verbo Se faz Pão)

Crucificação e morte

Coroação de Maria

 

Lembrando que, se você estiver rezando o rosário inteiro, após o 5º mistério gozoso, contempla-se o 1º mistério luminoso, depois o seguinte e assim, sucessivamente, até que se chegue ao 5º mistério glorioso.

A sequência básica do rosário é a seguinte:

1.       Parte introdutória:

1.1.    Profissão de fé (credo/creio)

1.2.    Pai-nosso

1.3.    Três ave-marias

1.4.    Glória (assim, encerra-se a introdução glorificando a Deus)

2.       Corpo da oração:

2.1.    Contemplação do mistério

2.2.    Pai-nosso

2.3.    Dez ave-marias

2.4.    Glória (encerra-se a contemplação glorificando a Deus)

2.5.    Repete os passos de 2.1 a 2.4 até que se conclua o último mistério a ser contemplado

3.       Orações final:

3.1.    Salve-rainha

Recorde-se de sempre traçar o sinal da cruz, antes e depois da oração: ocasião na qual seu corpo reza consigo e declara que todo aquele momento é realizado no nome do Senhor, dizendo: “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém”. O “amém” é como você estivesse assinando embaixo, ratificando o que acabou de dizer, é a confirmação do seu sim.

Em breves palavras, assim é orado o santo rosário.

Mas, caríssimo leitor, vamos falar só um pouquinho mais… É importante ter em mente que, quando se traça o sinal da cruz, faz-se de duas formas:

Persignando-se, o cristão (com a mão estendida e de dedos unidos, exceto o polegar) traça uma cruz com o polegar (1) na testa, outra (2) na boca e outra (3) no coração – consagrando e protegendo os pensamentos, as palavras e os sentimentos. Dizendo em cada um dos pontos: “(1) pelo sinal da santa Cruz, (2) livrai-nos Deus, Nosso Senhor, (3) dos nossos enimigos!”. Benzendo-se, o cristão (com a mão da mesma forma), traça uma cruz em si mesmo, tocando com o dedo médio (1) a testa, (2) o abdômen (entre o umbigo e o processo xifoide) e (3) os ombros esquerdo e direito (respectivamente), dizendo: “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém”.

O ato de traçar o sinal da Cruz benzendo-se é possível pela participação no Corpo de Cristo, que é o sacerdote que, por meio do nosso corpo, abençoa-nos. Ou seja, o cristão, é possível ao cristão benzer-se ao traçar o sinal da Cruz porque ele faz parte do Corpo de Cristo, Senhor Nosso e Nosso Sacerdote. É fazendo parte do Corpo de Cristo que é possível ao cristão abençoar um filho, um sobrinho um afilhado ou a si próprio.

Quando o cristão reza o credo, ele professa crer nos valores mais basilares do Cristianismo.

Ao rezar o pai-nosso, ele o faz por fazer parte do Corpo de Cristo, o Filho de Deus Pai. Rezar o pai-nosso é também um sinal de fidelidade a Jesus, Aquele que ensinou aos cristãos como dirigir suas orações a Deus.

A medida que o cristão reza as ave-marias, o cristão contempla mistérios da salvação da humanidade escolhida; ao mesmo tempo que aumenta sua aproximação com a Mãe de Deus Filho, tornando-se cada vez mais membro de Cristo e, por conseguinte, aumentando o próprio vínculo filial de si mesmo com a Virgem Mãe de Deus.

Na salve-rainha, o cristão reconhece que a Mãe de Cristo Rei é Rainha, honrando-a como sua Mãezinha querida e Amada Mãe do Senhor. É uma forma humilde e dignificante de honrar a Deus, saudando aquela que melhor O serviu!

A glória é a oração simples e humilde que coroa todo o momento de oração, a qual é toda destinada a glorificar Aquele que é Todo Glória. A oração do glória não acrescenta a Deus porque Ele é Totalmente Glorioso, mas é uma declaração do fiel, que crê e faz questão de declarar glórias a Deus!

Tão grandiosa é a oração do rosário (e portanto do terço) que Deus derrama frutos e dons do Espírito Santo sobre aquele que a reza. De modo que é perceptível que os que frequentemente rezam o rosário crescem em paz, autodomínio, mansidão, fidelidade, sabedoria, fé etc.. Assim, a oração do terço é muito indicada àqueles que não conseguem ter paz, que tem dificuldade para consigo próprio ou de relação interpessoal, aos que têm dificuldade com o silêncio. Note que o rosário prepara o coração para a docilidade à vontade de Deus, a vivência do amor e das demais virtudes. O rosário prepara o terreno do coração para sua intimidade com Deus.

Um forte abraço a todos, caríssimos!

Fiquem com Deus e com a Virgem Maria!

Paz e Bem!

Dado em Maceió, 06 de julho de 2016.

Alisson Francisco Rodrigues Barreto[1]

[1] Alisson Francisco Rodrigues Barreto é poeta, filósofo; bacharel em Direito, pós-graduado. Missionário católico leigo. Autor do “blogue-vlogue” A Palavra em palavras, desde de 2011.