Alisson Barreto

Egolatria X Liberdade

Alisson Barreto 26 de janeiro de 2016

Egolatria X Liberdade

O perigo de se fazer de deus de si próprio

 

O FRUTO DA ÁRVORE PROIBIDA

 

Ficando em cima do muro, há quem pense encontrar a liberdade.

Que viverão sem escolher o caminho, fazendo-se caminhos de si próprios.

Querem realizar-se sozinhos, não sabem o opróbrio que buscam:

Suas expectativas se findam com a morte no tempo.

 

Homens que se alimentam do fruto da árvore proibida,

que se enveredam pelas sombras dos decaídos

e não enxergam seus sentidos de morte.

 

É vida de cegueira em que cravam suas esperanças:

Falsas, não virtuosas, não teologais;

Perquirem só enxergar o que não lhes permite envolver-se

Ou envolverem-se apenas com os limites de si mesmos.

Mas a liberdade é diferente: está no escolher amar,

No amar a Verdade

E a Ela se entregar!

 

Maceió, 25 de janeiro de 2016.

Alisson Francisco Rodrigues Barreto.

 

LIBERTAS VERA EST CHRISTO SERVIRE.

Há pessoas que buscam a liberdade e, por conseguinte, a felicidade em si próprias e há pessoas que as buscam em outrem. Em qual das duas situações você diria estar a verdade?

A liberdade e a felicidade em outrem é um abrir mão da liberdade de escolha, concedendo a outra pessoa tal poder. A liberdade e a felicidade em si próprio é buscar a si mesmo como última consequência, limitando o próprio desenvolvimento no eu, escravizando-se nos limites da egolatria. Ora, se não é em si nem em outrem, em que se daria a liberdade?

A verdadeira liberdade se dá a partir de si para o Excelso, em resposta ao amor de Deus. Deus é alteridade e Se faz conosco para nos conduzir à felicidade. A felicidade se dá, no uso do livre arbítrio, em escolher a liberdade, a qual se realiza na escolha que permite quebrar os grilhões das limitações em si mesmo para alcançar a transcendência n'Aquele que É, o Ato Puro, o Verbum, o Logos.

O Ato Puro é em três pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo) e, para alcançar o já distante coração humano (distante, no sentido de não buscar a Deus, não responder ao Seu chamado de amor) faz-Se homem para, estando com o homem conduzi-lo, se ele aceitar, à Morada Celeste. Assim, Deus Se dispõe a servir para, servindo, mostrar ao homem o caminho da liberdade. De modo que Deus Filho, por servir exemplarmente, é o caminho que nos leva ao Pai. Diante de tal constatação, Santo Agostinho dispara: LIBERTAS VERA EST CHRISTO SERVIRE, ou seja, a liberdade verdadeira consiste em servir a Cristo.

A humildade de Jesus Cristo em servir ao homem para servir ao Pai, nos conclama à humildade, caminho pelo qual o homem encontra a si mesmo para que, conhecendo-se, possa superar-se.

Enquanto o caminho da humildade leva o homem ao encontro consigo próprio para, conhecendo-se, encontrar o Cristo e Cristo é o caminho que educa o homem nesse conhecimento para, a partir de então, aumentar sua união com Cristo e, nela, ir a uma união cada vez maior com Aquele que é, o caminho da tentação é o inverso: o orgulho para que o homem tente projetar a imagem que tem de si e se apegue a si, sem transcender de si até que a morte o alcance e o destine.

O caminho do orgulho leva à humilhação da derrota e condenação perpétuas. Já o caminho da humildade leva à gloriosa vitória da ressurreição sobre a morte e à eterna glória da salvação.

A humildade, portanto, não é um depreciar-se, mas um recolher-se nas próprias essências mais básicas para se desapegar do que é acidental e ficar com o essencial, para encontrar o Cristo, o único necessário e suficiente à felicidade.

A humildade exacerbada é humilhante, mas a humildade que se desapega de todo o enfeite para encontrar o mais básico de si, pode até dar a sensação de humilhação, de depreciação, mas é um encontro consigo mesmo. Assim, um indivíduo que entra para uma vida religiosa mendicante não se humilha na exacerbação, mas priva a si próprio de tudo o que não lhe é essencial para que Cristo seja tudo nele.

A egolatria (culto ao eu, tratar-se como deus) passa pela ignorância de cultuar a quem não sabe todas as coisas e limita a própria adoração a um ser cujo conhecimento está limitado às próprias experiências, ou seja, não é alteridade, não transcende, é falho, é pecador, é deviente, é ignorante. Um homem é um ignorante necessário, tendo em vista que é incapaz de conhecer das batidas do próprio coração às relações das bactérias de seu intestino ou pé, desconhece as profundezas dos átomos em suas relações subatômicas e interpartículas, bem como o que se passa nas estrelas das constelações mais distantes. É ignorante o homem que se acha conhecedor e estúpido o que idolatra a si próprio.

O ególatra sofre a ignorância de não saber ou desdenhar de sua incapacidade de, por si só, ir ao Céu. Muitas vezes acredita que a realidade é criada por ele próprio, ignorando que antes que ele vivesse, havia uma realidade que lhe era anterior. Em outras ocasiões, o ególatra crê que a realidade faz dele um deus que se reencarna e retorna até que atinja a perfeição, não sabendo que seu sonho de reencarnação é uma ilusão e é incapaz de encontrar a perfeição fora do Perfeito: Nosso Senhor o Verbo Encarnado, ou seja, Jesus Cristo, Ele que condena a reencarnação e convida todos à ressurreição n'Ele.

O ególatra é limitado no tempo e no espaço, é uma criatura que desapercebe e/ou desdenha do Criador! O ególatra lança na própria alma a semente da condenação.

Eis, pois, em resumo, uma reflexão sobre não fazer para que possamos melhor sermos e realizarmo-nos n'Aquele que É: o Altíssimo Senhor!

A liberdade verdadeira está na livre adesão ao Cristo e a Ele servir, um exercício constante de humildade e amor que leva o indivíduo a se realizar no Cristo, cabeça ou corpo, conforme a vocação sacerdotal ou não, respectivamente.

Ademais, a liberdade de servir a Cristo consiste em também servi-Lo, mas esse é um tema que fica para outra ocasião.

Um forte abraço a todos!

Paz e Bem!

Maceió, 26 de janeiro de 2016

Alisson Francisco Rodrigues Barreto.i

iAlisson Francisco Rodrigues Barreto é poeta, filósofo, bacharel em Direito. Ex-seminarista do Seminário Nossa Senhora da Assunção, missionário católico leigo e membro dos Amigos Marianos Missionários da Eucaristia – Amme. Blogueiro na Tribuna desde 2011, em (TribunaHoje.com) A Palavra em palavras.