Alisson Barreto

A PAIXÃO DA SEXTA-FEIRA E A RESSURREIÇÃO DE NOSSO SENHOR

Alisson Barreto 05 de abril de 2015

A PAIXÃO DA SEXTA-FEIRA E A RESSURREIÇÃO DE NOSSO SENHOR

Por Alisson Francisco Rodrigues Barreto[1]

Onde está o amor de Jesus que nos permite dizer que Ele teve uma Paixão? Por que paixão? Pode Jesus apaixonar-Se? Por quem Ele se apaixonou?

No dualismo tão comum em que as pessoas colocam o amor versus a paixão, tomando-se ares de exclusão recíproca, na qual onde houvesse um inexistiria a outra, resta pouco espaço para o debate. Então, alguém perguntaria: Jesus sentiu amor ou paixão?

Primeiro, é rigoroso observar que é de uma pobreza ontológica significativa reduzir o amor a um mero sentimento. O amor realiza o ser, transcende o ente deviente, retirando-o das limitações temporais e configurando-o ao Eterno. Se fosse um mero sentir, seria limitado às capacidades sensoriais. Deus é amor e é ilimitado, pois é onipotente. Portanto, o amor não cabe em órgãos sensoriais, o amor realiza o indivíduo a uma dignidade maior: fá-lo realizar-se como Ser por participação no Eu Sou. O amor é o mandamento de Cristo porque Cristo nos convoca a nos realizarmos em participarmos do Seu Corpo. Ou seja, Jesus nos convoca a sermos participantes no Corpo do Amor.

A essa altura, você deve fazer mais uma vez a pergunta: e onde entra a paixão nessa história?

Já ouviu falar em “amar apaixonadamente”? Amar apaixonadamente é amar com coração inflamado, ardente de querer bem, motivado à dedicação. Amar apaixonadamente é o amor de Jesus por Sua Esposa: a Igreja. Por amor à Igreja, Jesus encontra forças para ficar de pé, após a flagelação, e para carregar a Cruz e ser crucificado. Ele mesmo enfatiza que não há maior amor do que dar a vida por quem ama. Jesus é o Apaixonado que dá a vida por Sua Esposa e por Seus descendentes: a Igreja e os filhos da Igreja, nós.

A Paixão de Cristo, portanto, se traduz numa palavra chamada martírio, a qual significa testemunho. O maior testemunho de amor nos é dado por Aquele que nos convida a amarmo-nos uns aos outros como Ele nos amou.

Jesus Cristo nos convida a amar e nos mostra como. Mostra-nos, amando e Se nos dando como Amor e, literalmente, como Alimento. Ele é o Pão Vivo descido do Céu!

O Verbo de Deus Se fez Homem e, fazendo-Se Homem de Carne e Sangue, fez-Se Pão e Vinho. De modo que a Paixão de Cristo é não apenas testemunho como também o é sacrifício e banquete eucarístico, realizando-Se na Palavra que Se faz Alimento e no Senhor que lava os pés dos discípulos. O Criador Se dá à criatura; o Bom Pastor Se dá, como ovelha, às ovelhas; o Senhor Se faz servo; o Sustentador Se dá como sustento. A Ele o poder, a honra e a glória pelos séculos dos séculos! Amém.

Eis, pois, como a Paixão da Sexta-Feira Santa abre caminho para o novo Dia. Ao morrer na Cruz, Jesus rompe o véu do tempo e desloca o dia do Senhor para o dia da nova Páscoa, a Páscoa que já não é mais um mero fugir do Egito, mas que passa a ser a passagem da morte para a Vida em Jesus Cristo, o amor que venceu a morte e nos dá a Vida, a Qual é Ele mesmo!

Então, todas as semanas comemoramos as núpcias do Cordeiro, comemoramos o casamento de Jesus com Sua Esposa: a Santa Igreja. Comemoramos a páscoa semanal o Domingo, o dia do Senhor, o dia em que a Vida venceu a morte, dia em que comemoramos a ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Feliz Páscoa!

Maceió, 05 de abril de 2015.

Alisson Francisco Rodrigues Barreto

[1] Poeta, filósofo, bacharel em Direito, pós-graduado. Missionário católico leigo.