Cavaleiros bundões
Nascidos e criados no sertão alagoano, os irmãos Obdálio e Obdúlio eram muito unidos, desde os tempos de rapazotes, na região de Santana do Ipanema, Dois Riachos e Cacimbinhas. Morreram com mais de 80 anos, primeiro o Obdázio e, depois, o Obdúlio.
Na época em que eles tinham 20 e 25 anos de idade, respectivamente, e, portanto, solteiros, não perdiam um forró, naquelas paragens. Um dia, ouviram falar de um furdunço esperto pelas bandas de Palmeira dos Indios e resolveram baixar por lá. Mas, havia um problema: só podiam dispor de um cavalo para se deslocarem até o pagode. Foi de Obdálio a ideia:
– A gente vâmo montado no cavalo véio do pai!
– Mas será qui ele guenta?
– Guenta! Ele guenta!
De tardezinha, montaram no animal e foram à tal festa. Chegaram lá, prenderam o cavalo numa área específica e entraram no ambiente festivo, onde rolava muita cachaça e muito tira-gosto de costela de bode. O mulherio era danado de bom.
Os manos comeram e beberam e lá pelas tantas, já estavam bastante embriagados. De modo que resolveram voltar pra casa.
Obdálio e Obdúlio voltaram ao estacionamento dos animais e se depararam com um monte de cavalos, todos iguais.
– E agora, Bidúlio? – indagou Obdálio.
– Possa dexá cumigo! – respondeu o outro.
Obdúlio aproximou-se de um cavalo, levantou o rabo e disse:
– Esse num é!
E seguiu fazendo isso com vários cavalos, até que Obdálio, intrigado, perguntou:
– Mas qui peste é isso qui tu tá fazendo, Bidúlio? Cuma é qui tu vai discubrí o nosso cavalo levantando o rabo dos bicho?
E o irmão:
– É fáci! Quando a gente tava chegando, o portêro do estacionamento falô pro sujeito qui tava do lado: “Danô-se! Tá chegando ôtro cavalo cum dois bundão!”
Honestamente doente
Embarcadiço da Marinha Mercante, Massaoka, um japonesinho safadinho, baixou na antiga zona do meretrício do Jaraguá entrou num dos bordéis e dirigiu-se à cafetinha-chefe:
– Tem murezinha doente aí?
– Sai pra lá, japonês! Aqui só tem mulher com saúde!
Massaoka dirigiu-se a outro bordel:
– Tem murezinha doente aí?
Mais uma vez encorraçaram o nipônico.
E ele insistindo:
– Zapon quer sabe se tem murezinha doente, né?
Até que depois de muitas voltas no meretrício, Massaoka entrou no famigerado “Duque de Caxias”, escorou-se na porta de um lupanar meio derrubado, onde havia uma puta com dois peitões, dando sopa. Aí, indagou dela:
– Quero muré doente, tem aí?
Malandrona, a prostituta respondeu que tinha, sim, e apresentou-se com a tal.
– Inton, vamo? – alegrou-se o japa.
Foram pra cama. Terminado o trabalho, a mulher começou a rir. Aí, o japonês ficou curioso:
– Do que muré tá rindo?
Ela respondeu:
– É que eu disse pra você que tava doente, e não estou!
E o japonês:
– Mas, zapon tá!
O olho é o culpado!
Sem ter coisa melhor para fazer, o Praseodélio Patrício passava a vista num jornal e aí viu um anúncio de emprego, pelo qual se interessou. Anotou o endereço, jogou o jornal de lado e se mandou para o local indicado no anúncio.
Portador de um tique nervoso estranho, Praseodélio apresentou-se ao encarregado das entrevistas. Piscando um olho (esse era o seu tique nervoso), ele manifestou que estava precisando muito trabalhar e que a vaga que estavam ofertando, caía bem na sua pretensão. O funcionário manjou no seu tique e perguntou:
– Mas como é que o senhor quer que o contratemos assim?
Praseodélio esclareceu:
– Mas é só eu tomar uma aspirina, que passa. Por sinal, eu tenho uma aqui no bolso!
Ocorre que, ao esvaziar os bolsos, Praseodélio começou a tirar pacotinhos e mais pacotinhos de camisinhas.
– Parece que o senhor vive na farra com mulheres, hein?
– Que nada, meu amigo. Não consigo pegar nenhuma!
– E porque tanta camisinha nos bolsos?
– Alguma vez o senhor já experimentou entrar numa farmácia e pedir uma caixinha de aspirinas piscando um olho?
Ou paga, ou…
Depois de 25 anos morando no Brasil, o português Joaquim Prata ganhou 100 mil reais na loteria. Ele havia adquirido o bilhete premiado por apenas 1 real. Dia seguinte ao da extração, ele estava perturbando na Caixa Econômica:
– Quero o meu dinheiro!
Joaquim Prata não gostou quando o funcionário da Caixa explicou que, de conformidade com o regulamento do concurso, ele só teria a retirada imediata de 10 mil. O restante, ele receberia em nove suave prestações mensais.
– Não sinhoire! Eu quero os 100 mil agora!
– Mas não pode, meu amigo!
– Pode! Eu quero meu dinheiro!
– Regulamento é regulamento! Não temos autoridade para mudá-lo!
Aí, o português invocou-se de vez:
– Ou vocês me pagam os 100 mil, ou me dão o meu 1 real de volta!
Sem queixa alguma!
Tarde de sábado, a birosca intitulada “Bar do Siri”, encontrava-se abarrotada de pinguços, cada um mais biritado que o outro. E chegando mais. Num canto, um tal de Capilé reclamava da demora do atendimento:
– Ô garçom da bobônica, esse meu pedido vem hoje, ou só vai chegar na próxima semana?
A galera caiu na gaitada com a piada do Capilé e um outro freguês, conhecido como Venta de Burro, entendeu de fazer o seguinte comentário:
– Coitado do garçom! Todo mundo tira onda com a cara do infeliz! Diabo era quem queria ser garçom, não eu! Eita empreguinho difícil!
Aí, entrou em cena um terceiro, chamado Borogodó:
– O amigo tem razão. Bom é o meu trabalho. Até hoje ninguém se queixou dele…
E Venta de Burro, curioso:
– E qual é a profissão do amigo?
– Coveiro!