Política

'Voto impresso não traria mais segurança a urnas eleitorais'

Integrantes da seara eleitoral comentam sobre suspensão do voto impresso

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 08/06/2018 09h08
'Voto impresso não traria mais segurança a urnas eleitorais'
Reprodução - Foto: Assessoria
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu suspender o uso do voto impresso nas urnas eletrônicas nas eleições de outubro deste ano. Por oito votos a dois, os ministros resolveram acatar a ação da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a impressão, sob a alegação de violação do sigilo do voto. A reportagem da Tribuna Independente repercutiu o assunto com representantes da justiça eleitoral do estado. O presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador José Carlos Malta Marques entendeu que a “simples” impressão de voto não acrescentaria muita coisa ao processo eleitoral. “Além de ter um custo altíssimo em época de escassos recursos. Até que se prove o contrário, a urna eletrônica é eficiente, segura e confiável”, defendeu o presidente do TRE. Para o ex-desembargador eleitoral, Luciano Guimarães, a decisão do Supremo foi acertada. Da mesma forma que o presidente do TRE, ele acredita na segurança da urna eletrônica. “Isso não impede que nesse momento e sempre a justiça eleitoral continue buscando meios de aprimorar os mecanismos de segurança da urna. Acho que colocar o voto impresso na urna é como ter que colocar suco de melancia no tanque de combustível de um carro, mistura tudo. É muito complicado em termos de engenharia e arquitetura da urna ter uma bobina dentro para imprimir votos. Se a bobina travar, a urna para, a eleição para por causa de uma bobina. Já aconteceu isso em eleições passadas quando se tinha o voto impresso só para urnas de batimento”, argumenta Guimarães. Atualmente advogando na seara eleitoral, Luciano defende que novos mecanismos sejam criados para garantir ainda mais segurança para o processo eleitoral. “Checar melhor. A urna eletrônica tem esse nome grande e bonito, mas ela é o computador mais burro que existe no mundo. Ela não é ligada a internet. O processo de votação das urnas é muito seguro porque todas as fases de cargas delas com software são fiscalizadas não só pelo Ministério Público Eleitoral. Quando existe a fraude o problema não é a máquina e sim integrantes da mesa, é a mão humana”. Já o advogado eleitoral Marcelo Brabo ressalta que a decisão do Supremo preservou o direito de sigilo do voto. “Realmente preservou o sigilo do voto, mas continua mantendo outra dificuldade do processo eleitoral, que é a aquela outra discussão, principalmente dos candidatos que perdem e dizem que a urna pode ser manipulada, fraudada. E isso é ruim. A minha preocupação hoje no momento de processo eleitoral é que a gente observando essa eleição agora de Tocantins. A abstenção foi enorme e temos que tentar motivar a população a votar até para que tenhamos um processo democrático a participar. Porque do contrário vai se chegar as urnas poucos votos e esses votos talvez não consigam demonstrar ou transformar em representatividade”, argumenta. VOTO IMPRESSO O voto impresso foi criado em 2015, dentro da minirreforma eleitoral, com objetivo de garantir meios para embasar auditorias nas urnas eletrônicas. Mesmo com a garantia da Justiça Eleitoral de que o sistema de votação é seguro, questionamentos de alguns eleitores levaram o Congresso Nacional a criar o voto impresso. Apesar de ser chamado de voto impresso, o mecanismo serve somente para auditoria das urnas eletrônicas, e o eleitor não fica com o comprovante da votação. (Com informações do Congresso em Foco)