Política

Se decidir concorrer ao governo de AL, Rodrigo Cunha quer montar palanque

Uma das condições para aceitar desafio é ter liberdade de indicar aliados

Por Texto: Carlos Amaral com Tribuna Independente 21/04/2018 08h34
Se decidir concorrer ao governo de AL, Rodrigo Cunha quer montar palanque
Reprodução - Foto: Assessoria
O deputado estadual Rodrigo Cunha (PSDB) é o personagem da política alagoana que mais tem gerado ansiedade nos últimos meses. Desde o anúncio de Rui Palmeira, também tucano, de que não iria disputar o Governo do Estado, o parlamentar se tornou o principal nome para substituí-lo na tarefa de impedir a reeleição do governador Renan Filho (MDB), mas ele não aceitou o desafio de bate-pronto. Contudo, nesta entrevista Rodrigo Cunha disse estar aberto à possibilidade, desde que algumas condições sejam aceitas, como ele próprio montar o palanque. Sua decisão final, segundo ele, será exposta em breve.   Tribuna Independente – No começo deste mês o senhor disse que em 15 dias revelaria seu futuro político, se sairia candidato a deputado federal ou a governador. Já tomou essa decisão? Rodrigo Cunha – Posso dizer que após estes quatro anos eu tenho uma história para contar e conheço o estado de Alagoas porque o percorri todo, e sem intermediários. E surgiu agora, pela primeira vez, o momento da próxima eleição. Eu já vinha me preparando para dar um passo maior, que era ser deputado federal. Para mim é muito simbólico, porque em 20 anos fechar um ciclo, recuperar a cadeira de deputado federal para contribuir com Alagoas, assim como minha mãe fez [Ceci Cunha, assassinada em 1998]. Por onde ando eu vejo obras delas neste estado. Mas o destino foi mostrando outras possibilidades. A primeira foi a de ser candidato ao Senado, a convite do ex-governador Teotonio Vilela Filho [PSDB], e vislumbro ter grande aceitação porque as pessoas falam muito isso comigo. Os que estão hoje aí já ocupam esses espaços há 20 ou 30 anos. E, recentemente, Rui Palmeira [PSDB], cotado para ser o candidato ao Governo do Estado, informou que seguiria na Prefeitura. Algo que achei coerente porque ele foi eleito para isso. Logo em seguida, se levantou a possibilidade de substituição e meu nome foi pensado. Foram movimentos de fora para dentro e fiquei observando até que fui chamado para discutir essa questão. É algo extremamente recente para mim. Sei que a próxima eleição vai representar muito o futuro do estado e que é sempre bom ter opções. Tribuna Independente – Mas pelo o que dá para entender de sua fala, o senhor ainda não se decidiu, mas está aberto à possibilidade? Rodrigo Cunha – Ainda não me decidi, mas estou analisando. O que acontece? Fui em busca de informações. Não vou entrar numa campanha para beneficiar políticos. Não posso deixar criar um cenário favorável a isso. Sempre lutei por independência e não é agora que vou depender de alguém politicamente. Não quis fechar a porta de imediato porque essa discussão deixou de ser de um partido e passou a ser de um bloco. Fui em busca da sensação da rua, que é a que me interessa. Se as pessoas querem mudanças e se as pessoas estão dispostas a isso. Além de pesquisas, tem a minha análise pessoal, se é o meu momento de vida para isso. Penso na minha família, na minha qualidade de vida e, é claro, também se ‘no der certo’. É claro que eu penso. Só entro em qualquer uma se for possível vencer e não para fazer número. Tribuna Independente – Um dos problemas de uma chapa para disputar o Governo é o arco de aliança e em março deste ano, o senhor disse em entrevista à Tribuna que não coligaria com quem não leva para almoçar em sua casa. Até que ponto isso pesa na sua decisão? Rodrigo Cunha – Rodrigo Cunha não nasceu há quatro anos, nasceu há 36. Eu sei o que passei nessa vida, sei o que os maus políticos fizeram a minha família e o que eles fazem a muitas famílias. Não estou disposto a tudo por um cargo. Se alguém me disser que tenho de me aliar com alguns tipos de forças para ser eleito, prefiro ficar em casa. Não aceito qualquer acordo. Tem pessoas que fazem mal a esse estado. Tribuna Independente – Então, se o senhor aceitar concorrer ao Governo, há a possibilidade de veto para a coligação? Rodrigo Cunha – Para dar um passo à frente, tenho de ter o controle total daquilo ao qual serei ligado. Então, terei de ter total liberdade para montar um palanque, competitivo, mas que me sinta à vontade. Tribuna Independente – Como o PSDB recebeu essas condições? Rodrigo Cunha – Olha, isso foi deixado claro desde o início e várias conversas foram feitas sobre o que quer o Rodrigo dentro desse projeto. Confesso a você, não vou esquecer meus 36 anos de vida. O político tem quatro anos, o cidadão não. E o cidadão rejeita vários tipos de política, principalmente a do coronelismo. Pode ter certeza, prefiro estar num cargo menor, não arriscar. Isso é melhor para mim do que o vale-tudo. Tribuna Independente – A quem o senhor tem veto para uma aliança política? Rodrigo Cunha – Não é nominar pessoas, mas a gente sabe que tem várias figuras que estão na política devido a ações que não são republicanas, e até de violência. Todo mundo sabe quem é quem em Alagoas. Aquela pessoa que eu não possa defendê-la, não estarei ao seu lado. Para mim, não vale tudo pelo voto. Eu sei o que foi que a busca cega pelo poder me fez. Eu não esqueci de jeito nenhum, está tatuado na minha alma. Tribuna Independente – O senhor pretende tornar pública a sua decisão sobre candidatura quando, mais perto das convenções ou nas próximas semanas? Rodrigo Cunha – Busco sempre falar sem intermediários. Até hoje eu sempre falo com as pessoas pelas redes sociais e elas vão ficar sabendo da minha decisão. Para mim, quanto maior for o cargo, com mais antecedência possível o anúncio deve ocorrer. Isso para mim é algo necessário porque é preciso engajamento e o meu terá, seja para qual cargo for. Não quero demorar muito. Neste mês de abril vou fazer algumas consultas a pessoas próximas que sei que me querem bem.