Política

'Mortes de população em situação de rua devem ter delegado específico'

Defensor público-geral quer saber como casos estão sendo tratados pela PC

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 19/01/2018 08h20
'Mortes de população em situação de rua devem ter delegado específico'
Reprodução - Foto: Assessoria
Após o assassinato de mais um morador de rua, o segundo neste início de ano, ainda não há respostas sobre o que o Estado tem feito para proteger quem vive em situações de vulnerabilidade social. Este é o entendimento do deputado federal Paulão (PT), que também é da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), na Câmara Federal. O caso também está sendo discutido pela Defensoria Pública do Estado (DPE). À Tribuna, o defensor público-geral do Estado Ricardo Melro disse que o órgão está empenhado em saber, inicialmente, se será designado um delegado especial para o caso. “O que iremos fazer em relação a isso é marcar uma reunião com o delegado responsável, se é que existe, não é? Se existe um só para esses casos. Porque eu quero saber se tem um delegado designado tão somente nesses casos ou se esses casos estão chegando lá e sendo tratados como qualquer outro. Isso a gente vai verificar depois que conversarmos com o pessoal da Polícia Civil”. O defensor ressaltou também que na reunião com o grupo de moradores, percebeu que há divergência entre eles. “Um dos representantes diz que isso é fruto de um grupo de extermínio. Já outro membro que mora na rua há muito tempo disse que não. Que isso é acerto de contas entre os próprios moradores de rua que se envolvem com drogas. E eu disse que eles precisavam ter responsabilidade para não está dizendo algo sem provas”. AUDIÊNCIA Em contato com a reportagem, Paulão disse ter marcado uma audiência com o governador Renan Filho (PMDB), para que ele receba os membros do Movimento Nacional de População de Rua, a fim de que se ache uma solução para esses crimes. O parlamentar explicou que até o momento não teve resposta do chefe do Executivo. Ele afirmou ainda ter oficiado a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) para saber como está o inquérito dos assassinatos, mas que da mesma forma que o governador, não obteve retorno.   Deputado volta a cobrar investigações   Em contato com a reportagem da Tribuna Independente, o promotor José Antônio Malta Marques, que atua nos casos envolvendo crimes contra moradores de rua, explicou que o Ministério Público vem atuando fortemente com o objetivo de “desvendar alguma coisa que possa melhorar ou diminuir essa matança”. [caption id="attachment_55039" align="alignright" width="290"] Paulão voltou a tecer críticas quanto à atuação do MP Estadual (Foto: Sandro Lima)[/caption] O promotor ressaltou ainda que terá uma reunião na próxima semana para tratar sobre esse tema, mas que não podia adiantar detalhes. Mesmo com as poucas explicações do MP Estadual, o deputado Paulão voltou a fazer críticas à instituição. O parlamentar lembrou que o Ministério Público Estadual (MPE) realizou recentemente uma audiência com o Movimento Nacional de População de Rua e que um fato ocorrido no encontro o deixou preocupado. “Depois que passa pela polícia o inquérito é encaminhado para o Ministério Público e até hoje não tem levantamento nenhum. O MPE cobrou da liderança do Movimento, que é o Rafael Machado, para que ele pudesse dar os nomes. Primeiro que não é papel do Rafael fazer isso porque a vida dele está em perigo. Achei por parte do MPE uma posição equivocada quando coloca a responsabilidade para o Rafael apontar, mas quem tem que fazer isso é a polícia e eles [MPE]. Então repito acho que está havendo morosidade por parte das autoridades tanto a nível de Secretaria de Segurança, mas principalmente do MP que  criou um grupo, mas para quê? Infelizmente a visão do MP de Alagoas é midiática e patrimonialista. Os inquéritos já existem, porque o MP não toma iniciativa de procurar o delegado, verifica os inquéritos  e cria um grupo especial. Responsabiliza as autoridades. Infelizmente a visão do MP de Alagoas é midiática e patrimonialista. Na realidade quando é defesa da vida, quando é defesa das pessoas mais carentes, o MP ainda não está priorizando. Acho que é muito discurso e pouca ação”. voltou a criticar o deputado federal.