Política

Governadores reagem contra chantagem de Marun

Chefes do Executivo esperam que Temer oriente a sua equipe para evitar práticas classificadas como criminosas

Por Editoria de Política com Tribuna Independente 28/12/2017 07h49
Governadores reagem contra chantagem de Marun
Reprodução - Foto: Assessoria
As declarações do novo ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, dadas na última terça-feira (26), não soaram bem aos ouvidos dos governadores do Nordeste. Marun, conhecido em Brasília por ter sido defensor intransigente de Eduardo Cunha (PMDB) e Michel Temer, à época das denúncias de corrupção, admitiu que o presidente da República usará a liberação de recursos como moeda de troca para aprovar a Reforma Previdência junto ao Congresso Nacional. Nesta quarta-feira (27), os chefes dos Executivos do Nordeste, incluindo o do Estado de Alagoas, Renan Filho (PMDB), assinaram uma carta em que repudiam as declarações de Carlos Marun. Os governadores foram taxativos ao esperar que Michel Temer oriente seus auxiliares com o objetivo de “coibir práticas inconstitucionais e criminosas”. “Os governadores do Nordeste vêm manifestar profunda estranheza com declarações atribuídas ao Sr. Carlos Marun, ministro de articulação política. Segundo ele, a prática de atos jurídicos por parte da União seria condicionada a posições políticas dos governadores. Protestamos publicamente contra essa declaração e contra essa possibilidade, e não hesitaremos em promover a responsabilidade política e jurídica dos agentes públicos envolvidos, caso a ameaça se confirme. Vivemos em uma Federação, cláusula pétrea da Constituição, não se admitindo atos arbitrários para extrair alinhamentos políticos, algo possível somente na vigência de ditaduras cruéis”, diz um trecho da carta dos governadores nordestinos. Em Alagoas, o governador Renan Filho tem se mostrado contrário à reforma previdenciária que tramita na Câmara dos Deputados e está prevista para ser votada em fevereiro após o recesso parlamentar. Para o governador, a reforma atinge, principalmente, aos trabalhadores pobres. Além de ser crítico da proposta de Michel Temer, o governador alagoano já deixou claro que o  Governo Federal não vem cumprindo com os seus compromissos na manutenção dos recursos para programas federais. “CHANTAGEM” O levante contra as palavras de Carlos Marun teve início quando o governador de Sergipe, Jackson Barreto (PMDB), afirmou que o governo Temer tem chantageando chefes de Executivo, usando como moeda de troca pela aprovação da reforma a liberação de financiamento da Caixa Econômica aos estados. “Financiamentos da Caixa Econômica Federal são ações de governo. Se não, o governador poderia tomar esse financiamento no Bradesco, poderia tomar não sei onde. Obviamente, se são na Caixa Econômica, no Banco do Brasil, no BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], são ações de governo. E, nesse sentido, entendemos que deve, sim, ser discutida com esses governantes alguma reciprocidade no sentido de que seja aprovada a reforma da Previdência, que é uma questão de vida ou morte para o Brasil”, disse Marun na terça-feira. Em seguida, o aliado de Michel Temer argumentou que ao aprovar a Reforma da Previdência, as bancadas de deputados que apoiam os governadores tendem a ganhar eleitoralmente no próximo ano. “Nós realmente estamos conversando com governadores – especialmente com os governadores que têm financiamentos para serem liberados – para que nos ajudem a aprovar esta reforma. Até porque aqueles parlamentares ligados a esses governadores, obviamente em razão das ações que serão resultado desses financiamentos, terão, digamos, aspectos eleitorais positivos. Queremos que os governadores nos auxiliem na aprovação da reforma. Não entendo que seja uma chantagem o governo atuar no sentido de que um aspecto tão importante para o Brasil se torne realidade, que é a modernização da Previdência”, acrescentou Marun.