Política

Em AL, mais de 250 mil eleitores são analfabetos

Dados do TSE geram preocupação, principalmente em ano pré-eleitoral

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 16/12/2017 11h13
Em AL, mais de 250 mil eleitores são analfabetos
Reprodução - Foto: Assessoria

O número de eleitores analfabetos em Alagoas é maior quando comparado a aqueles que têm ensino superior. Segundo as estatísticas do eleitorado, divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), referentes ao último mês de novembro, dos mais de dois milhões de eleitores do Estado, 254.115 mil (11,9%) são analfabetos, enquanto 132.329 (5,7%) tem ensino superior completo.

Ainda de acordo com o TSE, além dos analfabetos, outros 307.163 (14,4%) apenas sabem ler e escrever. Os dados mostram também que 584.664 eleitores alagoanos não têm o ensino fundamental, que equivale a 27,4%. As estatísticas do TSE apontam ainda que 373.777 mil votantes (17,5%) completaram o ensino médio, enquanto 302.076 mil (14,1%) ainda não concluíram essa etapa.

A reportagem da Tribuna Independente debateu, junto aos desembargadores eleitorais, acerca deste dado que gera reflexões. Também foram ouvidos um advogado eleitoral e um cientista político sobre o assunto.

De acordo com o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador José Carlos Malta Marques, esta situação preocupa porque reflete o grau de deficiência que o Brasil impõe aos seus habitantes.

“A Justiça Eleitoral nada pode fazer porque se trata de política de alfabetização em massa e que foge de nossas atribuições legais”.

Já o desembargador Gustavo de Mendonça Gomes, também se preocupa com o índice e diz que o eleitor analfabeto não é pior que o eleitor com curso superior. “É um reflexo da nossa carência na educação infantil, no ensino fundamental e médio. Não é o analfabetismo que vai fazer o eleitor votar melhor ou pior necessariamente. É claro que um eleitor alfabetizado, mais esclarecido, terá meios melhores para escolher melhor, mas não quer dizer que ele vá escolher o melhor”, avalia o magistrado.

  “Modelo democrático é quem sai derrotado”  

O advogado Marcelo Brabo Magalhães, que atua na seara eleitoral, também comenta sobre o número de analfabetos votantes. Ele avalia que não se pode pensar em mudar a realidade política, com repercussões nas gestões administrativas dos políticos eleitos, sem mudar a realidade educacional do Brasil e de Alagoas. “Acho preocupante demais esta situação. Precisamos de leis novas e abrangentes, mas também de responsabilidade e consciência social e política, só adquiridas com a educação. Voto não tem preço, tem consequência”, argumenta.

[caption id="attachment_24370" align="aligncenter" width="418"] Marcelo Brabo sugere leis mais abrangentes; Ranulfo Paranhos avalia comportamento do eleitorado. (Foto: Sandro Lima)[/caption]

DIFICULDADES

Os prejuízos de uma população analfabeta votante foram repercutidos com o cientista político Ranulfo Paranhos. Diante dos dados do TSE, ele supõe que, tanto para os analfabetos quanto àqueles que só sabem ler e escrever, as dificuldades aumentam pelos limites impostos à informação e, consequentemente, à formação de uma opinião melhor qualificada sobre os candidatos, partidos, coligações e propostas de campanha. “Nós temos um dos números mais elevados de analfabetos. No limite, a gente costuma entender ou correlacionar a taxa de alfabetização ou de analfabetismo à chamada concentração polí- tica ideológica ou quanto os indivíduos são conscientes à coisa pública. Por exemplo, o papel dos partidos, dos parlamentares. Quanto mais elevado essa taxa, pior para o modelo democrático, porque os indivíduos tem menos conhecimento acerca do que é a coisa pública de uma maneira geral”.

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