Política

Deputados da Alerj evitam críticas a colegas com operação, mas pedem investigação

Efeitos da Operação Cadeia Velha repercutiram na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro

Por Texto: Vladimir Platonow com Agência Brasil 15/11/2017 09h14
Deputados da Alerj evitam críticas a colegas com operação, mas pedem investigação
Reprodução - Foto: Assessoria
Os efeitos da Operação Cadeia Velha, deflagrada na terça-feira (14) pela Polícia Federal (PF), repercutiram na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), mas os parlamentares evitaram críticas diretas aos colegas investigados. Um dos alvos da operação foi o presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani (PMDB), levado coercitivamente para depor na PF e que teve um de seus filhos, Felipe Picciani, preso temporariamente. Com a ausência de Picciani e de mais dois deputados do PMDB levados coercitivamente pela PF para depor, Paulo Melo e Edson Albertassi, que pertencem à cúpula da base governista na Alerj, aliados do governador Luiz Fernando Pezão evitaram o plenário da assembleia na tarde desta terça-feira. Apenas deputados de oposição fizeram discursando e, mesmo entre eles, o tom das falas foi de deixar para a Justiça as investigações, sem propor ações do próprio Legislativo contra os três deputados investigados. “Mais uma vez é uma questão relacionada aos transportes. Nós temos brigado para reduzir o poder da Fetranspor [Federação das Empresas de Transporte do Rio de Janeiro]. Mas acho que nenhum de nós está acima da lei. As denúncias têm que ser apuradas e, se for o caso, é a Justiça quem vai julgar. Eu não adoto nenhuma postura de pré-julgar ninguém”, disse o deputado Gilberto Palmares (PT). Para o deputado Carlos Minc (sem partido), a denúncia é gravíssima e deve ser apurada. “Temos que aguardar para saber quais são os elementos do processo e de que forma a gente vai ter que se pronunciar. Não se pode fechar os olhos para isso. A gravidade é suprema”, disse. O líder do PSOL, deputado Marcelo Freixo, uma das principais vozes da oposição, considerou de grande gravidade a operação, mas evitou criticar diretamente os deputados envolvidos. “É muito grave a Casa ser palco da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Faz muitos anos que esse modus operandi do PMDB mistura polícia e política. O Executivo, o Legislativo e o Tribunal de Contas são todos sócios de um mesmo negócio envolvendo alguns empresários e tem a ver com a crise moral que estamos vendo aqui. Não dá para fingir que não tem nada acontecendo”, disse Freixo. Um dos discursos mais fortes foi o do deputado Dr. Julianelli (Rede), que pediu esclarecimentos urgentes dos deputados envolvidos. “Com certeza isso traz mais descrédito para a Casa. A condução do presidente, do líder do governo e de outro deputado demonstra que esta Casa está falhando na sua missão de proteger, fiscalizar e ir de encontro aos interesses da população. É necessário – e não quero fazer nenhum juízo precipitado – que o presidente e os demais deputados envolvidos, nesta tribuna aqui, expliquem claramente o caso”, disse Julianelli. O líder do PSDB, deputado Luiz Paulo, considerou que a Alerj foi atingida pela operação. “A Casa se sente atingida, afinal estão sendo investigados três parlamentares proeminentes. Por isso não é possível fingir que nada está acontecendo. Mas ao mesmo tempo, ninguém está acima da lei. O Ministério Público deve investigar e dar a cada um o direito de defesa. Se inocente, ótimo. Se culpado, cada um é responsável pelos atos praticados”. Os investigados, com prisão preventiva decretada, são donos de empresas de ônibus: Lélis Teixeira, Jacob Barata Filho, dono de 28 empresas de ônibus no Rio, e José Carlos Lavouras, foragido, investigados na Operação Ponto Final, além de Jorge Luiz Ribeiro, Carlos Cesar da Costa Pereira e Andreia Cardoso do Nascimento. Já Felipe Picciani, Ana Claudia Jaccoub, Marcia Rocha Schalcher de Almeida e Fabio Cardoso do Nascimento tiveram a prisão temporária decretada. Defesa Mais cedo, em nota, a Alerj disse repudiar as acusações de procuradores do Ministério Público Federal de que a Casa teria beneficiado empresários do setor de transportes. “O Parlamento fluminense não atua em função de interesses espúrios de quem quer que seja, até porque somos uma Casa plural, submetida à permanente vigilância e escrutínio públicos”, afirma o comunicado.