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Presidente da China pode ficar no mandato por tempo indeterminado

Com a decisão, a cláusula que limita a dois mandatos o cargo de presidente foi derrubada. Xi Jinping estava prestes a começar o seu segundo e último mandato pela regra atual e agora poderá ficar para além do seu período, que terminaria em 2023

Por G1 11/03/2018 10h26
Presidente da China pode ficar no mandato por tempo indeterminado
Reprodução - Foto: Assessoria
O parlamento da China aprovou neste domingo (11) uma emenda constitucional que elimina os limites do mandato presidencial, permitindo que o presidente Xi Jinping permaneça no cargo por tempo indefinido. A medida já era esperada. Num contexto de autoridade, repressão e maioria no parlamento, ninguém tinha dúvida da aprovação. Com a possibilidade de um cargo vitalício, o presidente que já controla a mídia e a internet -- além de reprimir a sociedade civil e elaborar um culto à sua personalidade -- ganha o poder que considera necessário para transformar a China em uma poderosa e influente superpotência. Seu poder ilimitado também o deixará mais à vontade para a eliminação de funcionários corruptos e de opositores dentro do Partido Comunista Chinês, já que desde sua chegada ao poder em 2012, Xi concentrou os poderes e descartou seus principais rivais. O socialismo de Xi Jinping, no entanto, é "à chinesa". Apesar de ser um dos maiores líderes comunistas desde Mao Tse-tung, fundador do regime, ele está longe de acenar para iniciativas anticapitalistas. Tanto é que, na abertura do Congresso do Partido Comunista Chinês, em outubro de 2017, ele proclamou repetidamente uma nova era para a economia do país, com maior abertura e respeito aos interesses das empresas estrangeiras na China. A votação e mudanças constitucionais O anúncio da votação, testemunhado por repórteres no Grande Salão do Povo, passou com dois votos "não" e três abstenções entre quase 3 mil representantes. Com a decisão, a cláusula que limita a dois mandatos o cargo de presidente foi derrubada. Xi Jinping estava prestes a começar o seu segundo e último mandato pela regra atual e agora poderá ficar para além do seu período, que terminaria em 2023. Ao todo, o Congresso chinês aprovou em uma única votação um conjunto de 21 emendas constitucionais. A proposta de mexer na Constituição foi recebida com críticas nas redes sociais chinesas: alguns comparando o regime chinês com o da Coreia do Norte. As mensagens foram devidamente apagadas horas depois. 'Ninguém se atreveria a votar contra' Desde que assumiu a liderança do PCC no fim de 2012 e do Estado no início de 2013, Xi Jinping aumentou gradualmente a autoridade do regime, diz a France Presse. Uma lei reprime de modo severo a dissidência na internet e foram anunciadas condenações pesadas contra ativistas dos direitos humanos. O militante pró-democracia Liu Xiaobo, vencedor do Nobel da Paz em 2010, morreu quando estava preso, apesar dos apelos por clemência da comunidade internacional. Lam disse ainda que nenhum deputado deve votar contra Xi Jinping na eleição para o segundo mandato, que acontecerá dentro de poucos dias. Mas o especialista adverte que alguns deputados poderiam expressar a discordância de outro modo, antes do encerramento da sessão plenária anual da ANP, em 20 de março. Talvez votem como menos entusiasmo no candidato à vice-presidência, que deve ser Wang Qishan, o grande nome da luta contra a corrupção do primeiro mandato de Xi. "Se Wang Qishan receber menos de 80% dos votos, isto seria uma bofetada para Xi Jinping", afirma.