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Líder destituído da Catalunha diz estar pronto para disputar eleição antecipada

Carles Puigdemont deixou a Espanha para a Bélgica depois que seu governo regional foi destituído

Por Fonte: Reuters e G1 03/11/2017 15h29
Líder destituído da Catalunha diz estar pronto para disputar eleição antecipada
Reprodução - Foto: Assessoria

O ex-presidente da Catalunha Carles Puigdemont, que deixou a Espanha para a Bélgica depois que seu governo regional foi destituído, disse nesta sexta-feira, 3, que está "pronto" para disputar as eleições regionais antecipadas para 21 de dezembro.

"Estou pronto para ser candidato... é possível executar uma campanha de qualquer lugar", disse Puigdemont à TV estatal belga RTBF.

"Nós nos consideramos um governo legítimo. Deve haver uma continuidade para dizer ao mundo o que está acontecendo na Espanha... Não é com um governo na prisão que as eleições serão neutras, independentes, normais", disse ele.

Mandado de prisão

Na quinta-feira, 2, a procuradoria da Espanha solicitou um mandado de prisão internacional para Puigdemont por ele não ter comparecido a uma audiência em uma corte espanhola. O pedido também foi feito para quatro de seus conselheiros, que também estão na Bélgica e não comparecerem à audiência. O pedido foi feito à juíza nacional Carmen Lamela.

Puigdemont deveria comparecer à audiência para responder a acusações de rebelião, conspiração e uso indevido de fundos públicos relacionados à iniciativa separatista da Catalunha, informou a Reuters.

"Quando alguém não comparece depois de ser intimado por um juiz para testemunhar, na Espanha ou em qualquer outro país da UE, normalmente se emite um mandado de prisão", disse o presidente da Suprema Corte da Espanha, Carlos Lesmes.

Segundo a Reuters, o advogado de Puigdemont na Bélgica, para onde ele e conselheiros destituídos viajaram após o governo ser destituído, disse que seu cliente vai se manter longe da Espanha enquanto o clima "não estiver bom". Ele deve, no entanto, cooperar com os tribunais. "Se eles pedirem, ele cooperará com as Justiças espanhola e belga", disse Paul Bekaert à Reuters.

Um mandado de prisão, segundo a Reuters, tornaria impossível para Puigdemont concorrer na eleição antecipada convocada pelo governo espanhol para a região em 21 de dezembro.

Nove ex-membros do governo foram depor

Ao contrário de Puigdemont e os quatro ex-conselheiros, outros nove membros do governo destituído compareceram na quinta à justiça espanhola em Madri.

Entre os políticos presentes estavam o número dois do governo catalão destituído, Oriol Junqueras, o secretário de Relações Exteriores, Raúl Romeva, e o porta-voz Jordi Turull, o primeiro a falar.

A juíza Carmen Lamela, da Audiência Nacional, decidiu mandar para a prisão oito dos nove membros do Executivo suspenso, entre eles Junqueras.

No entanto, deixou em liberdade provisória sob fiança de 50.000 euros o nono, Santi Vila, que pediu demissão antes da proclamação da independência, em 27 de outubro.

A juíza alegou que existe risco de fuga, de reincidência e destruição de provas para justificar a prisão provisória, à espera de julgamento.

Declaração de independência da Catalunha deflagra crise

No começo de outubro, em referendo com 90% dos votos, a Catalunha declarou independência em relação à Espanha. Na ocasião, o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, não reconhece o resultado e diz que 'não houve referendo'.

O conflito entre o governo separatista da Catalunha e o executivo central de Mariano Rajoy alcançou seu ponto alto na sexta-feira, 27 de outubro: o movimento de independência proclamou uma república, enquanto Madri respondeu destituindo o governo regional e assumindo o controle de sua administração.

Com isso, Carles Puigdemont foi destituído e suas funções foram assumidas pela vice-presidente espanhola Soraya Sáenz de Santamaría. O Parlamento regional também foi dissolvido.

Logo após dissolver o parlamento regional e derrubar o governo regional, no entanto, o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, disse que novas eleições regionais seriam realizadas na Catalunha, em 21 de dezembro e que Puigdemont poderia concorrer.

"Tenho certeza que, se Puigdemont participar dessas eleições, ele pode exercer essa oposição democrática", disse à Reuters.