Interior

Mandioca sustenta 26 mil famílias no Agreste alagoano

Câmara Setorial defende manutenção de casas de farinha após ação do MPT, desde que respeitadas as normas trabalhistas

Por Texto: Davi Salsa - Sucursal Arapiraca com Tribuna Independente 19/05/2018 11h05
Mandioca sustenta 26 mil famílias no Agreste alagoano
Reprodução - Foto: Assessoria
Responsável por 90% de toda a produção de mandioca de Alagoas, a região Agreste concentra a maior parte das 26 mil famílias de agricultores que sobrevivem com o plantio e comercialização da raiz. Estima-se que a região Agreste tem uma média de 35 mil hectares de área plantada, com o emprego de mão de obra e a geração de renda para milhares de famílias nos municípios produtores. Mas uma inspeção feita, no início deste mês de maio, pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), nas casas de farinha do Agreste, fechou vários estabelecimentos e 87 camponeses foram flagrados em situação precária de trabalho. A ação provocou muita insegurança entre os pequenos produtores familiares da região, uma vez que a maior parte do trabalho nas lavouras e nas casas de farinha ainda é feito de forma artesanal e que, em muitas vezes, acaba colocando em risco a saúde das pessoas. Mas uma reunião ocorrida na sexta-feira (18), na sala da Procuradoria do Trabalho de Arapiraca, o Ministério Público do Trabalho (MPT) autorizou a reabertura das casas de farinha do Agreste. Contudo, os produtores deverão obedecer alguns critérios para a regulamentação prevista nas normas trabalhistas. O presidente da Câmara Setorial da Mandioca de Alagoas, Eloísio Lopes Júnior, participou da reunião juntamente com advogados que representaram duas empresas locais, Secretaria de Estado da Agricultura, Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Alagoas (Fetag/AL), União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), Sebrae Alagoas e sindicatos de trabalhadores rurais. O procurador do MPT, Rodrigo Alencar, entendeu que as casas de farinha representam o único meio de sobrevivência de milhares de trabalhadores e produtores rurais em toda a região. No entanto, Alencar recomendou que os proprietários das casas de farinha cumpram as normas previstas na lei, a fim de que possam tirar o sustento de suas famílias com segurança e de forma mais digna. O procurador também determinou que os estabelecimentos sejam avaliados por técnicos das áreas de saúde e de segurança no trabalho. “Ficamos muito satisfeitos com o resultado da reunião, porque nosso propósito é que sejam adotadas medidas para fortalecer ainda mais as cadeias produtivas que geram emprego e renda a centenas de famílias que sobrevivem do plantio e comercialização da mandioca”, disse Eloísio Lopes Júnior, defendendo também o processo gradual de mecanização nas casas de farinha em Alagoas.