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'The Post', com Meryl Streep e Tom Hanks, é destaque da semana

Filme é uma crônica substancial dos dilemas dos anos 1970, quando os EUA viviam a interminável Guerra do Vietnã

Por Reuters 24/01/2018 18h58
'The Post', com Meryl Streep e Tom Hanks, é destaque da semana
Reprodução - Foto: Assessoria
Veja um resumo dos principais filmes que estreiam no país nesta quinta-feira: “THE POST: A GUERRA SECRETA” - Meryl Streep e Tom Hanks nunca haviam dividido a tela antes do drama jornalístico “The Post: A Guerra Secreta”, de Steven Spielberg, que acaba de conquistar duas indicações ao Oscar: melhor filme e melhor atriz para Meryl Streep. O filme é uma crônica substancial dos dilemas dos anos 1970, quando os EUA viviam a interminável Guerra do Vietnã. Um analista militar, Daniel Ellsberg (Matthew Rhys), depois de uma visita ao Vietnã, decide vazar para a imprensa aqueles que ficaram conhecidos como os Papéis do Pentágono – cerca de 7.000 páginas de documentos ultrassecretos que mostravam que diversos presidentes norte-americanos, incluindo John Kennedy, Lyndon Johnson e o próprio Richard Nixon, vinham mentindo há anos ao seu povo sobre aquela guerra. Em 1971, o jornal “The Washington Post” vivia dias cruciais. A dona do jornal, Katharine Graham (Meryl Streep), tomava a decisão de abrir o capital do jornal, lançando ações na Bolsa. Era uma forma de capitalizar a empresa que, apesar de importante, era uma publicação regional, ao contrário do “The New York Times”, cuja influência atingia os quatro cantos do país. Por isso, não foi surpresa que parte dos Papéis do Pentágono chegasse primeiro ao “NY Times”, que publicou o furo – indignando o editor-chefe do “Post”, Ben Bradlee (Tom Hanks), que estava de olho nisso. Quando Nixon entra na justiça para impedir o “NY Times” de divulgar o resto dos documentos, repórteres do “Post” entram na jogada. O filme retrata de maneira eletrizante esta batalha pela liberdade de expressão que mudou para sempre o status do “Post” – que, poucos anos depois, estaria à frente do caso Watergate, que derrubou Nixon. “VISAGES, VILLAGES” - Vencedor do prêmio Olho de Ouro como melhor documentário no Festival de Cannes 2017 e concorrente ao Oscar de melhor documentário 2018, o novo filme da veterana Agnès Varda, uma parceria com o jovem fotógrafo JR, chama a atenção por seu frescor e originalidade. Ela com 89 anos, ele com 33, juntos embarcam numa viagem por pequenas cidades do interior da França em busca de rostos e lugares, como indica o título do filme. Os dois interagem com os moradores dessas localidades interioranas, resgatando personagens únicos, como a senhora que é a última moradora de uma vila de mineiros e se recusa a abandonar um conjunto residencial, hoje vazio; o homem que cultiva sozinho cerca de 800 hectares; dois pastores de cabras com visões muito diferentes sobre o manejo dos animais; e as esposas de portuários do enorme porto de Le Havre. O filme é feito das conversas com essas pessoas, que vão se tornando objeto das fotos de JR. Depois, o artista as transforma em painéis que são ampliados e colocados nos exteriores de casas, galpões, fábricas, caixas d’água, vagões de trem, alterando a paisagem com uma intervenção artística que reforça a identidade destes inúmeros rostos anônimos que fazem a vida cotidiana acontecer. “SEM FÔLEGO” - Diretor de filmes elegantes, densos e de temas adultos – caso de “Carol” e “Longe do Paraíso”-, o cineasta norte-americano Todd Haynes aproxima-se de um universo infanto-juvenil em seu novo drama “Sem Fôlego”. O roteiro de Brian Selznick (autor do livro “A Invenção de Hugo Cabret”) adapta seu próprio livro homônimo aqui. Duas narrativas paralelas conduzem a trama. A primeira, em cores, em 1977, acompanha o drama de um menino de 12 anos, Ben (Oakes Fegley), que, depois da morte súbita da mãe (Michelle Williams), decide fugir de sua casa, em Minnesota, para Nova York, em busca do pai desconhecido. Suas únicas pistas são um livro e um marcador de páginas da Livraria Kincaid. Na outra história, ambientada em 1927 e em preto-e-branco, outra menina, Rose (Millicent Simmonds), também fugiu de casa para Nova York em busca da atriz Lilian Mahew (Julianne Moore), um mito do cinema mudo. Os motivos da garota ficarão claros depois. Um detalhe em comum: tanto Ben quanto Rose são deficientes auditivos. Alternando as duas histórias, sugere-se que terão uma conexão em algum momento, já que ambas convergem para Nova York. Como sempre, a fotografia de Ed Lachman, parceiro habitual do diretor, é um primor, criando beleza nas menores cenas. A trilha de Carter Burnwell é outro suporte emocional poderoso, especialmente no segmento em P&B. “ARTISTA DO DESASTRE” - Há cerca de 15 anos, Tommy Wiseau dirigiu um filme chamado “The Room”, de tão ruim tornou-se um cult nos EUA. Em “Artista do Desastre”, o ator e diretor James Franco recria com resultados questionáveis as origens desse que se tornou, contra toda expectativa, um verdadeiro clássico da cultura popular. “Artista do Desastre” concorre ao Oscar na categoria roteiro adaptado. Além de dirigir e co-roteirizar, James Franco assume o papel de Wiseau, um doido egocêntrico de nacionalidade e passado misteriosos, com dinheiro aparentemente infinito e sem nenhum talento para atuação ou direção – o que não o impediu de escrever um roteiro, contratar uma equipe (que trocava a todo momento) e fazer um filme. Seu único amigo real é o ator Greg Sestero (Dave Franco) que também atua em “The Room”. Em seu 18o longa como diretor, Franco faz seu filme mais ambicioso e acessível, encontrando na figura excêntrica de Wiseau o pretexto perfeito para exibir seu próprio ego. Assim sendo, todos os defeitos de seu filme – a começar pela superficialidade – ele pode jogar nas costas do longa tosco que tem como tema. “MAZE RUNNER - A CURA MORTAL” - O terceiro e final capítulo da franquia “Maze Runner” é marcado por correrias e explosões que são a razão de ser do filme, cuja trama mínima acontece na meia-hora final. Os outros 110 minutos são gastos em gritarias e perseguições. O jovem herói Thomas (Dylan O’Brien) começa tentando salvar um amigo que foi capturado por ser imune, cujo sangue pode ajudar na cura da doença que destruiu a humanidade. Sem sucesso, o rapaz não desiste, o que acaba levando-o junto com sua trupe à Última Cidade, onde irá confrontar a corporação CRUEL. Dirigido por Wes Ball, o longa não gasta tempo recapitulando o que já aconteceu nos capítulos anteriores, injetando ação desde a primeira sequência. Sem qualquer profundidade dos personagens, porém, o triângulo amoroso que se esboça entre Thomas, a cientista Teresa (Kaya Scodelario) e a rebelde Brenda (Rosa Salazar) é mais frio do que os zumbis canibais.