Educação

Somente 1,68% dos alunos de Alagoas têm domínio da escrita

Dados são da avaliação da alfabetização realizada em mais de 2 milhões de alunos do 3º ano do fundamental da rede pública no país

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 26/10/2017 07h45
Somente 1,68% dos alunos de Alagoas têm domínio da escrita
Reprodução - Foto: Assessoria

Menos de 2% dos alunos do 3º ano do ensino fundamental na rede pública de Alagoas têm domínio ideal da escrita. Esta afirmação foi dada pelo Ministério da Educação (MEC), por meio da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) divulgada ontem (25).

A taxa de eficiência na escrita dos estudantes alagoanos (1,68%) é a pior do país, seguida pelos estados do Pará (1,81%) e Sergipe (1,84%).

São 56,07% dos alunos num patamar considerado insuficiente, que é quando o aluno não consegue identificar o que escreveu, troca letras e tem dificuldade em produzir textos. A média nacional é de 34% de insuficiência.

Os dados consideram as respostas de mais de 2 milhões de alunos com idades iguais ou superiores a oito anos a questionários aplicados em 48 mil escolas de educação básica em todo o país. A avaliação leva em conta a aptidão das crianças nas áreas de leitura, escrita e matemática. 

O domínio ideal de escrita segundo o MEC é quando o aluno, em suma, consegue produzir textos estruturados, com ideia central, levando em conta pequenos erros de pontuação e grafia.

LEITURA

No estado, 76,24% dos alunos do 3º ano do ensino fundamental estão em níveis insatisfatórios de leitura, sendo 42,6% em nível elementar, quando o aluno consegue apenas ler palavras simples com base em imagens. Apenas 4,46% estão no nível considerado desejável, isto é, quando realiza associações de tempo e interpretações de sentidos das palavras.

Neste quesito, Alagoas é o quarto pior no desempenho desejável. À frente apenas dos estados do Pará (3,97%), Maranhão (3,8%), Amapá (3,19%) e (Sergipe 3,02%).

MATEMÁTICA

Os resultados da avaliação também chamam a atenção quando o assunto são cálculos. Estudantes alagoanos do 3º ano do ensino fundamental apresentaram dificuldades no tema. Em 75,93% dos casos o desempenho foi considerado insuficiente. As dificuldades vão desde reconhecer figuras geométricas até identificar números escritos por extenso.

Apenas 24,06% das crianças de oito anos ou mais no estado conseguem resolver problemas que envolvem as quatro operações básicas, unidades monetárias e associação de medidas de tempo.

ARGUMENTOS

Em resposta ao que chamou de ‘índices estagnados’, o Ministério da Educação (MEC) anunciou o Programa Mais Alfabetização, que segundo o órgão visa atender 4,6 milhões de alunos entre os 1º e o 2º anos do ensino fundamental, a partir do ano que vem. A inserção de professores auxiliares na rede pública também foi outra proposta anunciada pelo governo.

Nos próximos dias o Ministério irá divulgar dados por municípios e o ranking das escolas onde as provas foram aplicadas.

Procurada pela reportagem da Tribuna Independente, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) se limitou a dizer que recebeu as informações na tarde de ontem (25) e que está “analisando os dados”.

Para a coordenadora de Educação Básica da Secretaria Municipal de Educação de Maceió (Semed), Rita Vasconcelos, os dados da pesquisa mostram que as políticas públicas precisam ser fortalecidas.

“Essa pesquisa mostra um resultado muito significativo: que crianças não tiveram o aprendizado que deveriam ter. Nosso ponto de vista é que agora tudo depende de um trabalho específico, diferenciado, para que possam diagnosticar quais os níveis que elas estão na sala, como esses alunos se encontram para que daí seja ponto de partida. Para que a gente possa fortalecer cada vez mais e dê chance a essa criança”, diz.

Apesar de considerar que os números foram expostos de maneira generalizada pelo MEC, Rita afirma que essas crianças tendem a enfrentar dificuldades em sala de aula no acompanhamento dos conteúdos.

“Mostra para nós educadores que essas crianças não consolidaram a base alfabética, que não são letradas ainda. Isso aponta também que a escola e a coordenação pedagógica precisam ter planejamento diferenciado que se adequem a necessidade de cada um. Não adianta a gente dizer que temos no nosso país e no nosso estado uma turma homogênea, porque não temos”, destaca.