Economia

FMI deve elevar projeção de PIB ainda este ano, diz BC

Brasil foi um dos países cuja projeção mais se elevou em relação ao relatório anterior de janeiro

Por Agência Brasil 20/04/2018 19h14
FMI deve elevar projeção de PIB ainda este ano, diz BC
Reprodução - Foto: Assessoria
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse hoje (20) que acredita o Fundo Monetário Internacional (FMI) deve revisar sua projeção de crescimento neste ano para o Brasil. “Se as nossas projeções se mantiverem, acho que eles vão acabar subindo [a projeção]”, afirmou. Segundo Goldfajn, que participa dos Encontros de Primavera do FMI e do Banco Mundial em Washington, no último relatório Panorama da Economia Mundial, divulgado nesta terça, o Brasil foi um dos países cuja projeção mais se elevou em relação ao relatório anterior de janeiro. No relatório do FMI, a previsão é que o Brasil deve crescer 2,3% neste ano e 2,5% em 2019, puxado por consumo e investimento. As projeções do fundo são menores do que as do ministério da Fazenda, de 3% para este ano, e do que as do mercado, que ficam em torno de 2,8%. Sobre a gradualidade da retomada do crescimento brasileiro, o presidente do Banco Central afirmou que os números atuais são positivos, já que não se fala mais em recessão. “Qualquer projeção entre 2,5 e 3% está dentro da margem razoável de projeções para este ano”, ressaltou, e e disse que a aceleração prevista pelo FMI está relacionada à política monetária, que gerou renda e permitiu o consumo antes mesmo da retomada dos investimentos. “Estamos recuperando. A recuperação é gradual e uma parte do gradualismo são as incertezas”, disse o presidente, citando enrte elas as incertezas políticas. Quando questionado se continuaria no cargo em um eventual novo governo, o presidente do Banco Central afirmou que a contribuição de um presidente para o Banco Central é mais efetiva se ele se mantiver neutro com relação a questões partidárias. “O BC tem que trabalhar para qualquer cenário, para qualquer partido, ser um ator neutro para ter o seu papel de órgão de estado.” Alta dos juros Para Goldfajn, a normalização das políticas monetárias, ou seja, um aumento da taxa de juros, sobretudo nos Estados Unidos, não deve causar sobressaltos à economia brasileira, até porque o processo de normalização está relacionado à retomada do crescimento ao redor do mundo, o que é positivo. Ele lembrou a projeção do FMI de que o crescimento mundial será de 3,9% neste ano e no ano que vem, que, segundo ele, é um bom número: “a única coisa é que os números bons trazem nessa normalização”. Segundo Ilan, os países têm que se preparar para uma mudança no cenário internacional, que havia sido muito benigno nos últimos anos e “talvez deixe de ser tão benigno”. De acordo com ele, nesse período houve uma janela para que os países fizessem reformas, e o Brasil, assim como outras economias, aproveitou essa janela, ainda que a reforma da Previdência não tenha sido aprovada. “Ficou para mais adiante”, afirmou. Guerra comercial O presidente do Banco Central afirmou que o cenário internacional é benigno, mesmo que algumas flutuações tenham ocorrido no sistema financeiro no início do ano, sobretudo depois da intensificação das discussões sobre disputais comerciais entre Estados Unidos e China. “Nós estamos num mundo onde muita coisa começa muito ruidosa e não necessariamente acaba com o ruído que começou”, afirmou. “Não acredito que isso que estamos observando vá levar a uma guerra comercial, isso faz parte de estratégias de negociação”. Ilan disse que o Brasil está preparado para lidar com eventuais volatilidades, já que tem amortecedores, como um sistema financeiro robusto, balanço de pagamentos equilibrado, reservas altas, estoques de swaps baixos, conta-corrente favorável e fluxo normal dos investimentos estrangeiros diretos.