Economia

Estudo aponta que Alagoas é segundo estado do Brasil com pior IDGE

Especialistas alagoanos comentam que índices negativos não são novidade

20/09/2017 18h48
Estudo aponta que Alagoas é segundo estado do Brasil com pior IDGE
Reprodução - Foto: Assessoria

Um estudo realizado pela consultoria Macroplan, e divulgado pelo site Exame.com nessa terça-feira (19) mostra que Alagoas é o segundo estado do país no ranking com a pior qualidade de vida. O Índice dos Desafios da Gestão Estadual (IDGE) avalia a situação de todas as unidades da federação em 28 indicadores agrupados em nove áreas. O ranking vai de 0 a 1, quanto mais próximo de zero, pior é a condição de vida no local.

A socióloga Danúbia Barbosa disse que Alagoas sempre esteve entre os piores índices do país, e que isso é fruto da falta de políticas públicas, reflexo de anos de abandono, má distribuição de renda e falta de estudos para o desenvolvimento social.

“Essa falta de organização político-social faz reflexo na educação, saúde e na segurança pública, exemplo das matérias em rede nacional sobre o maior hospital geral do Estado, faltando material básico para seu funcionamento. É preciso se começar um estudo profundo sobre as mazelas já tão conhecidas da população alagoana e propor politicas públicas que venham melhoras esses índices negativos. Políticas de incentivo a educação, esporte, prevenção à saúde, segurança pública, entre outros”, ressalta a socióloga.

ECONOMISTAS

Os economistas alagoanos também se manifestaram sobre o levantamento da Macroplan e pra eles o índice não é novidade.

“Alagoas é um estado que carrega consigo um dos piores indicadores sociais da Federação, e isso não é novidade. O índice oficial que mede o desenvolvimento humano dos municípios é o IDH-M, que tal qual o IDH leva em consideração expectativa de vida ao nascer, anos médios de estudo e anos esperados de escolaridade e padrão de vida com base no PIB per capita. Em 1991, Alagoas tinha 101 municípios com o IDH-M (índice de desenvolvimento dos municípios) considerado muito baixo e apenas um com nível considerado baixo. Em 2010, último dado disponível pelo censo do IBGE, temos um município (Maceió) com nível alto, 13 com IDH considerado médio, 88 com IDH baixo e apenas dois com muito baixo. Já o IDGE – índice de desafios da gestão estadual, divulgado pela Macroplan, como o próprio nome diz, abrange algumas variáveis voltadas para a gestão estadual como, por exemplo, situação fiscal”, comenta o economista Rômulo Sales.

Ele explica que o estado é novo e tem uma cultura “desenvolvimentista” e que ainda vive no passado. “Completamos recentemente 200 anos de emancipação política, somos um estado relativamente novo, temos ainda uma cultura ‘desenvolvimentista’ com resquícios do passado. Mesmo assim, ao que me parece, os dois indicadores, tanto o IDH como o IDGE caminham na mesma direção, colocando Alagoas nas últimas posições dos seus respectivos rankings. Ambos os indicadores revelam, a meu ver evoluções lentas e pequenas e sem dúvida nenhuma para avançarmos mais e mais rápida vontade política é crucial. Contudo, o cenário para futuro é pouco confortável, principalmente para Alagoas que é extremamente dependente de transferências federais”, esclarece Rômulo.

Para o economista Emannuel Lucas, o desenvolvimento econômico está ligado diretamente com a discussão do que é feito com excedente econômico.

“Temos que nos preocupar com quem fica e o quê fazem com os lucros. Como no sistema capitalista a elite (proprietária dos meios de produção) é quem detém os lucros, consequentemente, o interesse das elites é determinante para entender a que patamar de desenvolvimento irá ser alcançado”, comentou Lucas.

Ele esclarece ainda que para entender o porquê Alagoas sempre permeia as últimas posições dos rankings de índices de desenvolvimento econômico, se faz necessário entender como pensam as elites do nosso estado, ‘na qual podemos descrevê-la como uma elite agrária e atrasada, que está mais interessada em trocar de carro a cada ano, adquirir uma nova fazenda e fazer uma viagem internacional com família, e cada vez menos com a qualidade da água que bebe, se existe saneamento básico nas ruas, ou se as pessoas que lhe servem são analfabetas”.

De acordo com o economista, os rumos que estado de Alagoas precisa tomar para que se desenvolva economicamente não são simples e não cabem em uma única página. Porém, algumas ações e compromissos sociais devem ser levados em consideração, como exemplo, a reforma agrária e urbana, e a erradicação do analfabetismo. Do ponto de vista produtivo, o incentivo a formação de novas indústrias é de fundamental importância para a criação de emprego e renda.