Cidades

Aumenta procura por escolinhas de futebol

Crescimento na demanda de matrículas chega a 30%

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 09/06/2018 09h13
Aumenta procura por escolinhas de futebol
Reprodução - Foto: Assessoria
A proximidade do início da Copa do Mundo Rússia 2018 tem incentivado o desejo de muitas crianças a ter aulas em escolinhas de futebol. Em um centro de treinamento, localizado no bairro Santos Dumont, parte alta de Maceió, a direção contabiliza crescimento de 30% nas matrículas. Aficionadas por futebol, muitas das crianças chegam com um propósito específico: alcançar uma vaga em grandes clubes nacionais e internacionais. A repercussão é tanta que a direção da escolinha resolveu criar a própria “Copa” que acontece no próximo fim de semana. É o que a explica a coordenadora de marketing do estabelecimento, Alice Oliveira. “Fazemos matrículas todos os dias e nesse período percebemos que houve sim um aumento na procura. Em torno de 30 a 40% de crescimento nas matrículas. Vimos essa força também quando fizemos um evento de troca de figurinhas do álbum da Copa. A procura é muito pelo sonho, elas têm muito a influência da televisão, do futebol em si e aqui conseguimos reunir as ferramentas necessárias”, comenta. Segundo Alice o evento foi pensado para que elas pudessem vivenciar o sentimento de forma mais marcante. “Criamos um evento pensando na Copa do Mundo, pensando em envolver eles nisso, trazer a realidade do futebol para eles. A gente aguçou isso e eles tinham que fazer a escolha de uma seleção para competir e a escolha vai justamente pelo jogador que eles preferem, que eles se espelham. Cristiano Ronaldo, Messi, Neymar... Eles escolheram mais pelo atleta que eles têm inspiração. Os pais também participam, apoiam estão sempre presentes” O centro de treinamento reúne mais de 300 crianças com o mesmo objetivo. Um deles é Igor da Silva, de 14 anos, que começou a treinar há três meses e conta que jogar futebol profissionalmente é seu maior sonho. Ele diz também que se inspira no francês Paul Pogba, que defende o clube Manchester United, da Inglaterra. “Eu já tinha jogado em outras escolinhas. Sempre joguei no ataque. Meu sonho é ser jogador. Eu gosto muito de jogar. Meu jogador preferido é o Pogba, mas no campeonato daqui eu vou jogar na seleção da Alemanha, meus colegas estão jogando comigo”, explica o menino. O professor Lino, ex-jogador do CSA, atua com turminhas do sub 11 e sub 15. “A gente faz um trabalho para que as crianças possam desenvolver o potencial delas. Como está chegando a Copa, esse mês do futebol mundial, contagia eles. É uma motivação maior para treinar, melhorar a performance para que eles atinjam o sonho. É da criança que faz o homem. Né? Eles têm o sonho, têm o jogador preferido e se inspiram, tentam copiar as jogadas, a postura”, destaca o treinador. E como o técnico e o adágio popular já dizem “de pequeno que se faz o grande”. É o caso do menino Sérgio da Silva Filho, de 10 anos, que apesar da idade tem opinião bem definida quando o assunto é futebol. “Ah, eu já jogo há muito tempo... [risos] Sempre quis fazer isso, jogar como atacante, jogar como o Messi”, diz. “Crianças se inspiram em jogadores profissionais” Junto com o sonho de se tornar um jogador famoso, os pequenos jogadores acabam tendo ainda mais incentivo nos períodos de competição como a Copa. É o que afirma Alessandro Anselmo, professor de educação física e sócio de uma escolinha de futebol no bairro do Jacintinho, também em Maceió. Ele destaca que as competições são uma espécie de motivação extra. “Durante as competições desse nível, a procura é enorme. Os garotinhos já vêm dizendo que se inspiram no Neymar, em outros jogadores. E por conta disso nós também criamos expectativas e incentivamos eles. Eles ficam bastante motivados, cada um tem a visão de um atleta, querem ser igual a eles e ficam muito entusiasmados”, conta. Com experiência de 20 anos, Anselmo diz que desde muito cedo é possível iniciar aulas de futebol. Ele trabalha com turmas de crianças a partir dos 5 anos. “Um dia nós trabalhamos o treininho e no outro para praticar o futebol propriamente dito. Temos turminhas a partir dos 5 anos até os 13. Cada um em sua faixa etária. Hoje nós temos em média 90 crianças juntando todas as categorias”, diz Anselmo. O professor explica que as crianças procuram as escolinhas com o objetivo de se tornar “craques”, almejando a carreira de jogadores famosos, mas é preciso respeitar o tempo delas, sem avançar etapas, principalmente em relação ao aprendizado. “A grande maioria já chega com o sonho, se espelhando no Neymar. Todos eles querem ser o Neymar, querem fazer gols. Mas a gente tenta mostrar a eles o fator educacional, que é muito mais importante nesse momento. O futebol entra como ferramenta para sociabilizar, integrar os coleguinhas. Tem garotos lá de vários níveis sociais, culturas diferentes, somos da periferia, temos muito garotos daqui das grotas, como também de outros bairros. Então, são várias culturas e tentamos integrar todos”, destaca Anselmo. Segundo o treinador as atividades lúdicas são indispensáveis durante toda a infância, mesmo em se tratando de futebol. “A nossa prioridade aqui é educar através da ferramenta futebol. Nossa prioridade é o estudo, desde o início. A gente explica para o pai quando vem fazer a matrícula, e quando é muito novinho a gente diz que ele vai ‘brincar de bola’. Nossas intervenções são enfatizadas em cima do lúdico. A gente brinca muito com eles, o tempo todo. Só com 12,13 anos é que vamos explicar o que é futebol de verdade”, acrescenta. Os aspirantes ao futebol participam de competições e torneios, que segundo o técnico, auxiliam na preparação. Anselmo explica que eles vivenciam situações que estimulam a competitividade e a parceria entre os jogadores das mesmas faixas etárias. Principalmente a partir do sub-13, quando começam a colocar em prática os conceitos passados nas “aulas lúdicas”. A exemplo da foto, quando participaram de uma espécie de “copinha” no campo de treinamento do Centro Sportivo Alagoano (CSA), no bairro do Mutange, em Maceió.