Cidades

Motoristas fecham Porto de Maceió contra alta no preço dos combustíveis

Segundo motorista, há cerca de 60 veículos bloqueando a entrada do Porto

Por Texto: Rívison Batista 24/05/2018 20h58
Motoristas fecham Porto de Maceió contra alta no preço dos combustíveis
Reprodução - Foto: Assessoria
O Porto de Maceió, no bairro de Jaraguá, foi bloqueado, no final da tarde desta quinta-feira (24), por trabalhadores que dependem de combustível para exercer suas funções. Entre os manifestantes, encontram-se, no local, motoristas de aplicativos como Citydrive, 99 e Uber. A manifestação acontece por causa da alta no preço dos combustíveis e acompanha os protestos dos caminhoneiros pelo Brasil, que segue desde segunda-feira (21) com bloqueios em várias vias do país. O motorista de aplicativos Christiano Cavalcante é um dos profissionais que participam do bloqueio no Porto de Maceió. “Chegamos ao Porto de Maceió por volta das 16h30. Já fechamos a entrada. Esse aumento de combustível é um roubo. Está só atrapalhando a vida da gente. Para se ter noção, a menor corrida de um motorista de aplicativos é R$ 5. Nós ainda temos que passar 20% para as empresas. No final, essa corrida fica em torno de R$ 4 com esse repasse. O litro da gasolina está R$ 4,59. Como é que o motorista vai trabalhar? Não tem ganho nenhum”, declara Christiano. Christiano Cavalcante afirma que o motorista de aplicativos ‘não tem bandeira’, ou seja, roda por todos os aplicativos, e, juntamente com os motoristas, há também mototaxistas e populares bloqueando a entrada do Porto. “Nesta noite, consigo contar de 60 a 80 veículos aqui no Porto. Vamos dormir por aqui mesmo”, afirma o motorista. Ele também diz que a luta contra o aumento no preço dos combustíveis é de toda sociedade. “Nós percebemos isso durante o protesto que fizemos no bairro do Farol [nesta quinta-feira], pois as pessoas que passavam nos aplaudiam e buzinavam em sinal de apoio. Isso foi um incentivo”, conta. Trabalhando com o estoque O vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Alagoas (Sindicombustíveis), Adriano Bandeira, afirma que determinados combustíveis, como o diesel menos poluente, o biodiesel e o etanol dos dois tipos, hidratado e anidro, chegam ao Porto de Maceió por via terrestre. “Estes abastecem a base, no Porto, por via terrestre. A gasolina e o diesel S 500, mais conhecido como diesel comum, chegam de navio. Com essa paralisação e o bloqueio das rodovias, esses que chegam por via terrestre tiveram interrupção no fornecimento para a base por esses dias”, afirma o vice-presidente. Por causa disso, Adriano Bandeira diz que, quanto à gasolina e ao diesel comum, a base do Porto de Maceió está trabalhando com um estoque. O vice-presidente afirma que entrou em contato com a base do Porto nesta quinta-feira e disseram que ‘estão trabalhando tranquilamente com a gasolina do local’, porém, se a situação dos bloqueios continuar, pode ter interrupção no fornecimento em Maceió, mesmo que chegue por via marítima. “Tanto a gasolina como também os dois tipos de diesel têm a adição de complementos. No caso do diesel, há o biodiesel, e, no caso da gasolina, há a adição de etanol. Se não tiver essas adições, os caminhões não carregam e não entregam ao posto. Em uma situação crítica, só a Agência Nacional do Petróleo [ANP] tem a competência para autorizar o uso da gasolina e do diesel sem a adição dos produtos”, diz Bandeira. Segundo o vice-presidente, nesta sexta-feira (25), está saindo no Diário Oficial uma resolução da ANP sobre a liberação da adição desses combustíveis, pois, de acordo com o sindicalista, algumas bases já estão com dificuldade de ter biocombustível e etanol. “Todos ganham com um preço mais justo” Adriano Bandeira afirma que, muitas vezes, para a população, a culpa do aumento dos combustíveis é dos postos, porém ele diz que isso não faz parte da realidade do comerciante de combustíveis. “A culpa não é do posto, a culpa é do imposto. Para a revenda, não é interessante, em hipótese alguma, ter o preço caro na bomba, porque o poder aquisitivo do brasileiro, de uma maneira geral, não é alto. E aí, aquela família que costumava no final de semana visitar seus parentes no interior, por exemplo, não vai mais. Acabam só usando o veículo para as necessidades. Se tivéssemos preços mais justos condizentes com o poder aquisitivo da população, ganharia todo mundo”, afirma Bandeira.