Cidades

Caminhoneiros fecham rodovia em Messias

Protesto contra constantes aumentos de combustível ocorre em todo país e, em Alagoas, contou com cerca de 200 caminhões

Por Lucas França com Tribuna Independente 23/05/2018 08h15
Caminhoneiros fecham rodovia em Messias
Reprodução - Foto: Assessoria
Caminhoneiros voltaram a protestar em rodovias federais e estaduais. Na segunda (21), foram registrados atos em ao menos 21 estados e no Distrito Federal. Em Alagoas não houve registros na segunda-feira, mas nesta terça-feira (22), a categoria resolveu participar da manifestação e bloqueou o km 73 da BR-101 em Messias, Zona da Mata do estado. O número de manifestantes segundo os próprios caminhoneiros era de mais 200 caminhões. Cones e pneus foram usados para o bloqueio. A ação contou com o apoio do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens no Estado de Alagoas (Sindicam-AL). Eles protestavam pedindo a redução do valor do óleo diesel, que tem tido altas consecutivas nas refinarias. Ontem, o preço subiu 0,97%. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, do Gás Natural e dos Biocombustíveis (ANP), o preço médio do diesel nas bombas já acumula alta de 8% no ano. O valor está acima da inflação acumulada no ano, de 0,92%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do reajuste para mais, a Petrobras já anunciou que a partir de hoje (23), o valor cairá 1,54%. A escalada dos preços aconteceu em meio à disparada dos valores internacionais do petróleo. BR-101 De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o bloqueio começou por volta das 10h15. Ainda segundo a PRF, durante o bloqueio, os manifestantes estavam liberando a passagem apenas de veículos pequenos. Com 15 minutos após o início do protesto, mais ou menos às 10h30, a manifestação já resultava em quatro quilômetros de congestionamento. Agentes da PRF foram encaminhados para o local para tentar controlar o tráfego na região. O protesto é uma revolta dos condutores contra a política de reajuste adotada pela Petrobras. Apesar dos últimos reajustes, a empresa diz que as revisões podem ou não refletir para o consumidor final. E isso depende dos postos. SINDICOMBUSTÍVEIS O Sindicato do Comércio Varejista e Derivados do Petróleo no Estado de Alagoas (Sindicombustíveis/AL), disse não possuir ingerência sobre os preços praticados pelos postos de combustíveis. Os preços são livres em todas as etapas da cadeia e cabe a cada agente determinar seus preços com base em suas estruturas de custo. “Aumento não beneficia todos os postos do estado”   Para o economista Alisson Nascimento, o aumento não beneficia a todos os postos de combustíveis do estado. “Dado que, pela primeira vez, os postos estão praticando preços diferenciados. Isso acaba fazendo com que aqueles que tenham margem para reduzir custos pratiquem preços mais baixos. Não devemos esquecer que este aumento também é acompanhado por um crescimento dos custos dos postos”, explica o economista. Os especialistas e as próprias empresas afirmam que os consumidores não pagam pela a gasolina ou combustíveis que consomem. E sim pelos os custos de impostos. O Sindicombustíveis divulgou banner de campanha contra os aumentos repetitivos com os dizeres: “o problema não está nos postos, e sim nos impostos! E a campanha ressalta que os postos de Alagoas estão com os consumidores e, também, não aguentam mais o combustível tão caro. O consumo diminui, a margem dos postos diminui e o consumidor fica cada vez mais apertado! São dizeres da campanha. Os economistas explicam ainda que no país se paga em média 50% de impostos (ICMS + PIS/Cofins + CIDE) por litro de combustível. Federação se pronuncia contra preços abusivos   A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) também se pronunciou contra os abusivos aumentos e expôs sua insatisfação em relação à política de preços da Petrobras, desde que passou a ter reajustes diários dos custos dos combustíveis, que têm afetado sobremaneira a população brasileira. “A política de preços de combustíveis adotada pela Petrobras em suas refinarias está trazendo prejuízo para famílias e empresas brasileiras que dependem de um bem prioritário. Não temos o intuito de defender o retorno ao passado, quando os preços eram controlados pelo governo. No entanto, a política de preços da estatal, que tem por base acompanhar o mercado internacional do petróleo, tem ocasionado oscilações desconexas em relação à realidade brasileira”, diz a Fecombustíveis. A federação destaca que a população ainda sofre os percalços da crise econômica, refletida na perda de poder aquisitivo, aumento da taxa de desemprego em 13,1% no primeiro trimestre, com 13,689 milhões de desempregados. “Os trabalhadores recebem em real, e não em dólar. A gasolina acumula alta de 42,25%, de 1º de julho de 2017 a 15 de maio de 2018, e os impostos representam quase 50% dos custos da gasolina. Nós, da revenda, estamos também sofrendo os efeitos desta política perversa. Muitos postos estão perdendo fôlego financeiro e não conseguem sobreviver em meio a este cenário”. A Fecombustíveis reforça ainda que a Petrobras foi considerada durante décadas um case de sucesso internacional e motivo de orgulho para os brasileiros, sem adotar a cotação do petróleo internacional como parâmetro diário de reajustes no mercado interno. “Atualmente, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, demonstra eficiência de gestão quando divulga os bons resultados da empresa ou migra as ações da empresa para o Nível dois da bolsa brasileira, patamar mais elevado de governança corporativa. Na semana passada, Parente comemorou o melhor lucro líquido trimestral desde 2013, de 6,9 bilhões no primeiro trimestre de 2018. Todos estes fatores demonstram, na visão do mercado, que a estatal está no caminho certo, atraindo investidores e recuperando sua imagem no mercado internacional. Mas a que preço? Os brasileiros estão pagando uma conta muito alta ao arcar com os custos pesados dos combustíveis. É injusto que o povo brasileiro, no meio de uma longa crise econômica, seja sacrificado para beneficiar uma única empresa que foi criada e se desenvolveu em cima do monopólio da indústria do petróleo”, expôs a federação.